Fique alerta para o aumento de alergias respiratórias durante o inverno

Manifestações alérgicas são mais comuns em dias frios; saiba como evitar rinite e asma

Reação do organismo, a alergia é uma condição que surge como mecanismo de defesa, da mesma forma que o sistema imunológico age para defender o corpo dos microrganismos nocivos. Mas, no caso das pessoas alérgicas, o organismo tem uma sensibilidade anormal, desencadeada por alguma substância inofensiva, como um alimento ou ingrediente e até mesmo poeira.

As alergias podem se manifestar de diferentes formas. Nos tipos respiratórios, as mais comuns são rinite, sinusite e asma. Elas podem ser desencadeadas por poeira, pelos de animais, cheiro de cigarro ou fumaça, mofo, mudança brusca do tempo, gripe ou resfriado, determinados medicamentos e poluição atmosférica.

Nesta quinta-feira, 8 de julho, é o Dia Mundial da Alergia, uma data definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conscientizar a população sobre a importância deste tema. Segundo a entidade, cerca de 30% da população brasileira tem algum tipo de alergia. As respiratórias são as principais; 25% destas pessoas sofrem com rinite alérgica e 20%, asma alérgica.

LEIA TAMBÉM: Controle da asma deve ser feito o ano todo de maneira individualizada

Os casos costumam ter uma incidência ainda maior no inverno, tendo em vista que as pessoas passam a ficar mais tempo em locais fechados, sem muita circulação do ar, o que contribui para o aumento de quadros virais, como a gripe.

"Existem quadros de asma e rinite que acabam piorando com essas infecções respiratórias. E elas aumentam também nessa época do ano por conta do frio, do tempo seco. As pessoas acabam ficando mais tempo em ambientes fechados, com pouca ventilação. Por conta do frio, usam mais cobertores, agasalhos, roupas que estavam guardadas em armários ao longo do ano e possuem uma quantidade maior de poeira, ácaros. E isso vai aumentando um pouco os quadros de alergia respiratória”, explica o médico Paulo Márcio Federico, alergologista no Hospital Dia Flávio Giannotti, no Ipiranga.

Para evitar as crises alérgicas respiratórias, o ideal é sempre deixar a casa limpa e arejada, com uma boa circulação de ar mesmo durante os dias frios. Manter a imunidade alta é outra recomendação importante.

Em cima de uma mesa marrom estão três cachecóis empilhados, um em cima do outro. O primeiro é em um tom de cinza escuro, o segundo, no meio da pilha, é verde, e o que está no topo é branco.

Roupas guardadas por muito tempo podem contribuir para reações alérgicas no inverno (Foto: Divulgação)

A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia também sugere evitar travesseiro e colchão de pena, usar capas impermeáveis aos ácaros ou material plástico para proteger travesseiro e colchão, evitar ter bichos de pelúcia, estantes de livros, revistas, caixas de papelão ou qualquer outro local onde possam ser formadas colônias de ácaros, além de prevenir banhos extremamente quentes e oscilação brusca da temperatura.

Em caso de sintomas fortes, a recomendação é buscar um atendimento médico em uma unidade de saúde para obter uma orientação adequada.

Todos os endereços dos equipamentos da rede de saúde municipal estão disponíveis no site da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

Atendimento de alergias respiratórias na rede municipal
Dados da Coordenação de Epidemiologia e Informação (Ceinfo) da SMS revelam que, no período de janeiro a abril de 2021, houve uma queda nos números de consultas médicas realizadas por alergistas e imunologistas da rede municipal.
No ano de 2019, foram 42.979 consultas realizadas nos quatro primeiros meses; em 2020, o número caiu para 21.793 e, em 2021, uma redução para 7.214 atendimentos.

Com relação às internações hospitalares, de janeiro a abril de 2019, foram 236 internações de casos de asma alérgica, outras 116 em 2020; e 38 internações, em 2021.

Essa redução nos índices também vem sendo observada na quantidade de pacientes atendidos por alergistas em casos específicos. Em 2019, de janeiro a junho, foram 494 diagnósticos de asma alérgica; no mesmo período em 2020, houve uma queda para 206 casos. Em 2021, o número baixou para 15. Em casos de rinite alérgica, houve uma queda de 1.251 pacientes em 2019 para 574 em 2020; em 2021, foram registrados 232 casos.

Para o médico, a pandemia de Covid-19 foi a grande responsável pela diminuição no número de consultas, já que o isolamento social fez com que as pessoas passassem a evitar idas às clínicas e hospitais, com medo de contrair o coronavírus.

"O uso de máscara também diminuiu o quadro de transmissão das infecções respiratórias que são comuns nessa época. Então, eu acredito que isso levou à diminuição dos casos de internações nesses dois últimos anos", complementa Paulo Federico.

No entanto, segundo ele, os quadros virais comuns no outono e inverno estão voltando a crescer um pouco mais neste ano, com o retorno de algumas crianças às escolas e pessoas voltando ao trabalho presencial. Portanto, o uso de máscara segue fundamental para evitar não somente a Covid-19, mas também as infecções respiratórias.

SAIBA MAIS: Saúde reforça importância da máscara mesmo após vacina e para quem já teve Covid-19

Outro efeito da pandemia em relação às reações alérgicas é que, agora, muitas pessoas com sintomas de rinite, por exemplo, se preocupam com a possibilidade de estarem com sintomas de Covid-19.

Contudo, o alergologista explica que existe uma diferença importante que deve ser observada. "Os sintomas da rinite geralmente são coceira no nariz, espirros, coriza, obstrução nasal. Já na Covid, o quadro é infeccioso. Além desses sintomas de coriza, obstrução nasal, você tem outros sintomas. Você pode ter febre, mal-estar, dor no corpo", comenta.

Em caso de dúvida, sempre vale buscar atendimento médico para investigar o quadro.