Valorizada na pandemia, a fisioterapia conquistou Juliana Cruz ainda na infância

Importante na reabilitação pós-Covid, a especialidade é a paixão da coordenadora da equipe do Hospital Municipal Tide Setúbal

Com o avanço da pandemia de Covid- 19, a fisioterapia foi uma das especialidades que se destacou na atenção a pacientes pós-Covid. Essencial para o tratamento durante a evolução da doença e, sobretudo depois da alta, a fisioterapia faz parte da reabilitação dos infectados com o novo coronavírus. Aos 36 anos, Juliana Cruz Gomes Silva coordena a equipe de fisioterapia do Hospital Municipal Tide Setúbal e afirma que a profissão ganhou mais reconhecimento na pandemia. Aliás, essa valorização é uma bandeira adotada pela profissional desde 2014, quando passou a trabalhar no Sistema Único de Saúde (SUS).

Juliana diz que “sempre soube que esse seria o seu caminho”, pois acompanhou toda a trajetória do único irmão, Javan, que aos 3 anos de idade foi diagnosticado com uma doença degenerativa, a distrofia muscular de Duchenne. Por causa do distúrbio hereditário, que causa fraqueza e perda muscular, a família tinha a fisioterapia inserida no dia a dia da criança. “Quando a gente descobriu a doença do meu irmão, eu tinha 7 anos. Então, ele ficou dos 3 anos até o falecimento, em 2018, fazendo fisioterapia. Por isso eu digo que não fui eu que escolhi a fisioterapia, foi ela que me encontrou”, conta.

Foto de três pessoas. Três mulheres profissionais de saúde vestindo uniforme azul, touca de proteção branca nos cabelos e máscara de proteção branca. A que está no meio é a única que não usa óculos. Elas estão sentadas uma ao lado da outra.

Da esquerda para a direita, Renata, Vanessa e Juliana, parte da equipe de fisioterapia do Hospital Tide Setúbal (Foto: Arquivo Pessoal)

Nascida em São Paulo, Juliana formou- se em 2005, depois trabalhou em ambulatórios médicos, cuidando de pacientes em recuperação neurológica, até entrar no SUS, em 2014. No ano passado, o hospital se tornou referência em tratamento de Covid-19 e a equipe com 60 fisioterapeutas, sob a coordenação de Juliana, se destacou na nova rotina do Tide. Há sete anos no hospital, a profissional passou a trabalhar mais intensamente do que nunca e foi uma das homenageadas no Prêmio Cidade de São Paulo, promovido pela prefeitura, em abril deste ano. “É sempre muito bom ser reconhecida, não para estar acima de alguém, mas porque é importante perceber que o nosso trabalho é visto e que somos profissionais de qualidade. Quando eu entro para trabalhar, tento sempre dar o meu melhor.”

O contato com os pacientes é uma das coisas que Juliana mais valoriza. Por ser um hospital periférico, a equipe é muito próxima das pessoas e das famílias. Muitas vezes, os pacientes relatam que a ida ao hospital se torna muito mais leve e segura por isso. “Quando recebemos um comentário positivo de um paciente, agradecendo o cuidado dentro do hospital, para nós é a coisa mais importante. Ficar doente não é fácil, então quando alguém agradece o tempo que ficou aqui conosco é muito bom, esse é o maior reconhecimento que podemos receber”, afirma.

Foto de duas pessoas. À esquerda da imagem está um jovem de cabelos escuros, com os olhos levemente fechados e sorriso mostrando os dentes. Ao lado dele, está uma mulher de cabelos escuros cacheados nas pontas, na altura dos ombros, sorrindo.

Juliana com o irmão Javan, falecido em 2018 (Foto: Arquivo Pessoal)

Nos fins de semana, Juliana, que gosta muito da natureza, vai para o sítio da família e renova as energias para encarar o dia a dia nada fácil. A família é pequena, mas está sempre junta. Na pandemia, não pôde se encontrar como antes, mas essa continua sendo a atividade preferida da fisioterapeuta para relaxar.

Casada há nove anos com Julio Cesar, Juliana é mãe de Julio Cesar Filho, 7, e recebe apoio incondicional da família para o trabalho que faz. Ela diz com alegria que o SUS mudou a sua história e que tem orgulho de poder fazer parte de uma equipe que acolhe e cuida das pessoas na capital. “O SUS é um serviço de excelência. As pessoas têm gosto de vir trabalhar, todo mundo é muito motivado a continuar girando esse sistema que atende e beneficia tanta gente.”