Saúde alerta para aumento de “sentimentos ruins” e risco de suicídio

Estudos comprovam que a pandemia de Covid-19 agravou os quadros de saúde mental e aumentou a incidência de pensamentos suicidas

A saúde mental da população mundial não é mais a mesma desde a chegada da pandemia de Covid-19. A necessidade das medidas de segurança, como o isolamento social, iniciado em 2020 tem apresentado um grande impacto na saúde mental da população. Angústia, ansiedade e depressão são sentimentos recorrentes e fatores que podem levar ao suicídio.

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), houve um aumento dos níveis e casos de angústia, ansiedade e depressão neste período, especialmente entre os profissionais de saúde.

Relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o suicídio é a segunda principal causa de morte entre as pessoas de 15 a 29 anos. Dessa faixa etária, homens são a maioria, embora as mulheres apresentem um número maior de tentativas.

Juntamente com o sentimento de perda, dificuldades socioeconômicas, abuso de álcool e outras substâncias, essas questões que foram potencializadas pela ação do coronavírus no planeta tornam-se motivação para se acabar com o sofrimento, tirando a própria vida.

Acompanhamento na Capital

No Brasil, desde 2014, a campanha anual Setembro Amarelo levanta questões importantes acerca da prevenção ao suicídio. Em 2019, foi instituída a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, estratégia permanente do poder público para a prevenção desses eventos e para o tratamento dos condicionantes associados.

Mas antes mesmo deste decreto, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) acompanha e monitora os casos na capital paulista, onde, em 2018, foram registrados 555 óbitos por suicídio, com predominância de casos em homens com idade entre 20 e 49 anos. Entre as mulheres, os índices são menores, mas se concentram dos 20 aos 59 anos.

No período de 2019 e 2020, a cidade de São Paulo registrou 19.394 casos de violência autoprovocada, que contempla autoagressões e tentativas de suicídio, entre homens e mulheres.

Só as mulheres contabilizam mais de 13 mil casos, equivalente a 69,48% do total. Já os homens representam mais de 5 mil ocorrências, correspondendo a 30,52%.

Tabela com fundo amarelo e letras pretas descrevendo dados da distribuição dos casos notificados de violência autoprovocada que foram citados no texto acima.

Distribuição dos casos notificados de violência autoprovocada na capital, segundo sexo (Fonte: COVISA)

Na divisão por faixa etária, o grupo de 20 a 29 anos tem a maior incidência de casos notificados de violência autoprovocada. Foram 3.001 registrados em 2019 e 2.699 em 2020. A faixa etária de 15 a 19 anos vem logo em seguida, com 2.596 casos notificados em 2019 e 2.076 no ano seguinte.

Entre as pessoas de 30 a 39 anos, foram notificadas 1.858 ocorrências em 2019 e 1.559 em 2020.

Tabela com fundo amarelo e letras pretas descrevendo dados da distribuição dos casos notificados de violência autoprovocada que foram citados no texto acima.

Distribuição dos casos notificados de violência autoprovocada na capital, segundo faixa etária (Fonte: COVISA) 

A SMS ressalta que qualquer pessoa que esteja passando por um sofrimento emocional intenso pode procurar atendimento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou Centro de Atenção Psicossocial (Caps). Todos os endereços estão disponíveis na plataforma Busca Saúde.