Fisioterapeuta e paratleta, Cintia Lessa fez das adversidades profissão

Empatia, humanização e afeto para conseguir a recuperação dos pacientes é a receita aplicada pela fisioterapeuta no trabalho diário numa UBS da capital paulista

Hoje fisioterapeuta na Unidade Básica de Saúde (UBS) Dr. Humberto Pascale, na Santa Cecília, Cintia Lessa Lima, 42 anos, se encantou pelo potencial da fisioterapia após sofrer um acidente que comprometeu sua mobilidade. Aos seis anos de idade, a menina pulou de um banco em casa e sofreu um traumatismo craniano. Após 11 dias em coma e um mês na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), ela sobreviveu, mas com sequelas. “Tenho Dupla hemiparesia, ou seja, acometimento dos quatro membros de maneira assimétrica, com comprometimento maior na mão direita e perna esquerda”, explica.

Começou, então, a jornada como paciente de fisioterapia, o que faria Cíntia despertar para a saúde desde cedo. “Eu convivi por muitos anos em clínicas, fazendo diversos tratamentos. Foi inevitável, acabei me apaixonando pela área.”

A dificuldade para se locomover nunca impediu Cíntia de estudar para realizar seus sonhos. Na escola, era considerada uma “CDF” (apelido que as pessoas dão a quem é dedicado aos estudos). Aos 19 anos, entrou para Universidade Paulista (Unip), fez estágio, terminou a graduação em fisioterapia, em 2001, e depois fez cursos nas áreas de ortopedia, fisioterapia neuromusculoesquelética, fisioterapia cardiorrespiratória, neurologia ambulatorial e enfermagem. A busca por conhecimento é uma constante na vida da profissional.

Na imagem, uma profissional de saúde usando jaleco branco está com uma mão em cima de uma menina que está deitada, apoiada em uma bola amarela. Atrás delas, está uma outra pessoa deitada em uma cama.

Cíntia não esconde a felicidade de trabalhar com o que ama (Foto: Arquivo Pessoal)

Especialização e sonhos

No curso avançado de fisioterapia em ortopedia, depois de entregar o trabalho final como todos os alunos, Cíntia conta ter ouvido de uma professora que, se houvesse dez vagas para fisioterapeutas e ela fosse a escolhida, estariam “contratando nove fisioterapeutas e meio”. Porém, isso não fez com que ela desistisse.

“Dez anos depois, quando fui defender a minha dissertação de mestrado, uma das pessoas da minha banca era amiga daquela profissional, se desculpou pelas palavras que ouvi na época e entregou meu trabalho final, posteriormente editado em livro, para a professora que duvidou da minha capacidade. O mundo dá voltas e ensina”, relembra.

Em 2014, concluiu o mestrado em ciências da saúde pelo Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe). Cintia não esconde a satisfação no trabalho e na vida.

A luta da paratleta continua no tatame para se superar e a da fisioterapeuta, no Sistema Único de Saúde (SUS), para reabilitar pacientes que sofreram acidente vascular cerebral (AVC). “Me sinto importante, muito feliz e totalmente realizada mesmo, saber que posso ajudar pessoas com o meu trabalho é gratificante”.

Cintia é paratleta, luta jiu-jitsu, faz stand up paddle (esporte praticado no mar ou em rios com prancha) adaptado e musculação. Para ela, o esporte pode ajudar a mudar a visão da sociedade sobre as pessoas com deficiência. O sonho da fisioterapeuta é um dia poder direcionar os pacientes pós-alta da reabilitação, para a prática do jiu-jitsu na rede municipal de saúde.

Na imagem, uma mulher com uniforme de judô está segurando uma outra mulher, também com uniforme de judô, em cima das suas costas.

Cíntia acredita que praticar esporte pode ajudar a mudar a visão da sociedade sobre as pessoas com deficiência (Foto: Arquivo Pessoal)

Agora o boletim Saúde Mais Perto/Gente conta também com vídeos dos entrevistados. Em razão do agravamento da pandemia de Covid-19, no momento estamos fazendo as gravações remotamente.

Para saber mais sobre a Cíntia é só acessar o vídeo