Saúde faz alerta para as quatro doenças genéticas mais comuns da população negra

Mês de Consciência Negra reforça a importância de dar atenção às demandas específicas deste grupo

Com objetivo de reduzir as desigualdades na área da saúde relacionadas à questão racial, a Área Técnica da Saúde da População Negra da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) promove constantemente ações na cidade de São Paulo.

Neste mês de novembro, em homenagem à campanha nacional de Consciência Negra, a SMS reforça a importância de promover essa equidade na área da saúde pela atuação dos profissionais para demandas específicas da população negra.

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Nas demandas específicas para este grupo, por exemplo, vale a atenção para as doenças genéticas ou hereditárias mais comuns desta população. Segundo a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, quatro doenças acometem com mais frequência este público. São elas:

Anemia falciforme: Doença hereditária que chegou ao Brasil pelo tráfico de escravos. Ela é causada por um gene recessivo, que pode ser encontrado em frequências que variam de 2% a 6% na população brasileira em geral e de 6% a 10% na população negra.

Diabetes mellitus (tipo II): É a quarta causa de morte e a principal causa de cegueira adquirida no Brasil. Esse tipo de diabetes atinge com mais frequência os homens negros (9% a mais que os homens brancos) e as mulheres negras (em torno de 50% a mais do que as mulheres brancas).

Hipertensão arterial: A doença, que atinge 10% a 20% dos adultos, é a causa direta ou indireta de 12% a 14% de todos os óbitos no Brasil. Em geral, a hipertensão é mais alta entre os homens e tende a ser mais complicada em negros, sejam homens ou mulheres.

Deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase: Doença que apresenta frequência relativamente alta em negros americanos (13%) e populações do Mediterrâneo, como na Itália e no Oriente Médio (5% a 40%). A falta desta enzima resulta na destruição dos glóbulos vermelhos, levando à anemia hemolítica e, por ser um distúrbio genético ligado ao cromossomo X, é mais frequente nos meninos.

Representatividade negra na rede SUS
Além de oferecer ações de equidade racial, a rede SUS da capital também promove representatividade por meio dos seus profissionais de saúde.

"Ela entrou na sala chorando e falou 'nossa, quando eu vi uma doutora que tem o cabelo igual ao meu eu fiquei muito feliz, era com a senhora que eu queria passar'. Às vezes a nossa presença já está fazendo revolução", conta a fonoaudióloga Kenya Faustino, relembrando de uma situação.

Kenya é uma das mulheres por trás do Grupo de Trabalho de Saúde da População Negra de Pirituba, que tem como objetivo aumentar o acesso dos serviços de saúde para a população negra e nas demandas específicas dessa população.