Felipe Soares Neves, 43 anos, diretor de Tecnologia da Informação e Comunicação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), nem imaginava que sua curiosidade na infância, quando desmontava e tentava montar carrinhos, poderia ser um sinal da paixão pela tecnologia que o levaria a uma escolha profissional.

O menino crescido em Ermelino Matarazzo, zona leste, sempre gostou de estudar. Tanto que ingressou em três graduações e, na pandemia de Covid-19, seu conhecimento se transformou em uma das soluções inovadoras que colocou a cidade de São Paulo em destaque no processo de vacinação e rendeu a ele o reconhecimento no 3º Prêmio Gente que Faz a Diferença, promovido pela Coordenadoria de Gestão de Pessoas (Cogep), em 27 de outubro. Lançado em 15 de junho, o site De Olho na Fila, que mostra em tempo real a situação de espera nos postos de vacinação contra a Covid-19 na capital e os imunizantes disponíveis para segunda dose em cada local, bateu recorde de acessos já nos primeiros 45 dias ativo, 14 milhões de pessoas, e hoje ultrapassa os 38 milhões de acessos.

Inspirado pela mãe, enfermeira na rede estadual de saúde há 40 anos, Felipe sempre foi ligado à saúde. A primeira faculdade na qual ingressou foi em fisioterapia, na Universidade Nove de Julho (Uninove). Não concluiu nem chegou a atuar profissionalmente porque logo percebeu o que fazia seu coração bater mais forte. Foi então que o jovem arriscou alto: se inscreveu para o curso de verão em design gráfico, na Universidade Federal de Buenos Aires, na Argentina, e até bolsa conquistou. De volta ao Brasil, a busca por estabilidade financeira e o “empurrão” da mãe fizeram com que Felipe prestasse um concurso para trabalhar no serviço público municipal. “Sabe aquela coisa de fazer para a mãe ficar satisfeita? No início foi isso”, conta o programador que passou já na primeira tentativa.

Felipe é o criador da ferramenta De Olho na Fila, que mostra em tempo real as filas nos postos de vacinação antiCovid da capital (Foto: Arquivo Pessoal)

Assim que iniciou na carreira pública, em 2004, Felipe voltou a estudar e aí optou pela tecnologia da informação (TI). Formado pelo Centro Universitário e Colégio Carlos Drummond de Andrade, ele entrou para o curso em gestão hospitalar, na mesma universidade.

“Eu já trabalhava como auxiliar administrativo do Hospital Municipal Tide Setúbal, então o que o professor falava à noite eu já tinha aprendido durante o dia, era perfeito”, relembra.

Mudança radical

Em 2014, quando foi trabalhar no Hospital Municipal Prof. Dr. Alípio Corrêa Netto, conhecido como Ermelino Matarazzo, as coisas mudaram radicalmente na vida profissional de Felipe. Um dos diretores da unidade pediu para que ele montasse um sistema para o pronto-socorro. O projeto deu certo e o sucesso dessa solução chegou até os gestores da extinta Autarquia Hospitalar Municipal (AHM). “Na época, os médicos Ricardo Coelho, Marilande Marcolin e Magali Vicente Proença foram importantes para impulsionar minha carreira.”

No ano seguinte, veio o convite irrecusável para assumir a direção de tecnologia da informação da AHM. Um ano e oito meses depois, passou a comandar o Departamento de Tecnologia da Informação e Comunicação da SMS (Dtic), que tem cerca de 90 funcionários. “O mais legal é que eu sempre falo que aqui em vez de um gestor de TI, sou um diretor de tecnologia que entende de gestão hospitalar e sem toda a equipe de TI que temos hoje, não seria possível fazer o que fiz, eles são maravilhosos.”, argumenta emocionado.

Ainda que o trabalho seja no campo administrativo, Felipe não se contenta em ficar diante das telas na sede. Vai aos hospitais, conversa com coordenadores, médicos e pacientes como parte da rotina de trabalho diária e fala da importância da tecnologia no Sistema Único de Saúde (SUS) com orgulho.

A mãe de Felipe o incentivou a prestar concurso para trabalhar no serviço público municipal (Foto: Arquivo Pessoal)

“Hoje todo Brasil é dependente do SUS, todas as pessoas que se vacinaram ou ainda vão se vacinar contra a Covid-19 utilizam o sistema público de saúde. E saber que de alguma forma eu ajudei nesse momento, vindo de onde eu vim, vendo que tantos amigos não tiverem a mesma oportunidade que eu tive, de estudar, e ainda ter o privilégio de fazer algo para ajudar a superar uma pandemia é realmente motivo de muito orgulho para mim e para toda minha família”, comemora.

Torcidas

Apaixonado por futebol, no Brasil, Felipe torce pelo São Paulo, mas confessa que seu coração é mesmo azul e amarelo, as cores do Boca Juniors, clube que o conquistou durante o ano em que viveu na Argentina. Hoje, por causa da rotina intensa, ele acompanha o futebol apenas pela TV, mas ficou muito feliz ao ver as pessoas voltando para o estádio vacinadas.

O boletim Saúde Mais Perto/Gente tem uma versão em vídeo publicada no canal da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), no YouTube. Saiba um pouco mais sobre o Felipe.