A auxiliar de enfermagem Jailma conta como a maternidade Cachoeirinha mudou sua vida em uma noite de Natal

Conheça a jornada profissional e de afeto que Jailma Rocha tem com o Hospital Municipal Maternidade Vila Nova Cachoerinha

Quando nasce alguém, o sistema de saúde faz uma coleta de dados sobre esse início de vida que resulta em um documento chamado de Declaração de Nascido Vivo (DNV) e, apesar do reconhecimento legal de fato só ocorrer com o registro civil e a emissão da certidão de nascimento, a DNV, popularmente conhecido como “folha amarela”, é um documento importante porque embasa os indicadores para a avaliação de riscos à saúde materno-infantil, como os coeficientes de mortalidade.

Há dois anos, a auxiliar de enfermagem Jailma Barbosa Brandão Rocha, 44, trabalha preenchendo essa folha no Hospital Municipal Maternidade Dr. Mário de Moraes Altenfelder Silva, o Vila Nova Cachoeirinha. Mas a história dela, mesmo antes de estar na equipe reconhecida neste ano com o selo “padrão ouro”, concedido anualmente pelo Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) em reconhecimento aos serviços de saúde que realizam partos e são comprometidos com a pontualidade e a qualidade dos dados preenchidos na DNV, até parece um conto de Natal.

Uma mulher vestindo avental branco por cima de uma blusa de manga longa branca e azul está usando máscara branca, com os cabelos presos em um coque e usa óculos de grau. Atrás dela, está um mural de excelência com alguns quadros e diplomas pendurados.

Jailma diz que trabalhar na maternidade Cachoeirinha mudou a história da sua vida (Foto: Arquivo Pessoal)

Antes de entrar para o setor, durante 18 anos, a auxiliar de enfermagem ajudou mães e recém-nascidos no hospital, praticamente desde que se formou na Escola de Enfermagem - Santa Casa de São Paulo, em 2000. A filha única que saiu com a mãe da pequena cidade de Amargosa, no interior da Bahia, para morar em São Paulo, teve o primeiro encontro com a maternidade Cachoeirinha aos 16 anos de idade. Era 23 de dezembro, quando a jovem chegou lá para ter a primeira filha, Kathleen Renata. “Quase Natal e eu, meu marido, minha mãe e todas as minhas tias e primas estávamos ansiosos para a chegada da Renata, que resolveu nascer justamente na véspera. Minha ceia foi com ela no hospital e, apesar do medo e das dificuldades do parto, foi uma noite de muita alegria”, relembra emocionada.

Dois anos depois, Jailma deu à luz novamente, desta vez em outro hospital e, logo após, decidiu estudar. Com a ajuda da mãe, Euvaldina, 79, e do marido Edmilson, 52, conseguiu conciliar o curso de auxiliar de enfermagem com o de técnico e a rotina de mãe. “Eu terminei o curso de auxiliar, passei no concurso da prefeitura e do estado, resolvi fazer o técnico em enfermagem. Eram dois trabalhos, um curso e três crianças: Renata, Caio e Euvaldo. O filho do meu marido é criado desde pequeno por nós. Por isso, a ajuda da minha família foi fundamental para eu não desistir”, conta.

Deitados em uma areia da praia estão dois homens, um menino de aproximadamente quatros anos no centro e duas mulheres do outro lado. Atrás deles, está um céu muito azul e sem nuvens.

A passeio com a família, antes da pandemia (Foto: Arquivo Pessoal)

Na maternidade onde trabalha viveu momentos marcantes e engraçados. Ela não esquece a história de uma imigrante boliviana que queria batizar o filho de Jason. “Eu tinha acabado de assistir ao filme de terror (“Sexta-feira 13”), não me segurei e contei a história para ela, que riu muito comigo e decidiu trocar o nome do bebê para Eric.”

A ligação de afeto da profissional com o hospital é explicável. Ao engravidar novamente, com 36 anos, Jailma logo decidiu que teria o filho mais novo, Miguel, também na maternidade Cachoeirinha. Só não esperava passar novamente um fim de ano lá. E não é que o menino nasceu no dia 31 de dezembro? “A maternidade Cachoeirinha é muito mais que meu local de trabalho, eu dei à luz duas vezes neste lugar, trabalho há mais de 20 anos aqui e sou grata por tudo que aprendo profissionalmente e com as pessoas que recebo aqui diariamente. Esse lugar mudou a história da minha vida”, afirma.