Lesão na pele com falta de sensibilidade é um dos principais sintomas de hanseníase

A doença pode ser diagnosticada e tratada de forma gratuita na capital; todas as pessoas que compartilham o mesmo domicílio com o paciente devem receber a vacina BCG

A campanha de Janeiro Roxo tem o objetivo de conscientizar a população sobre a hanseníase, uma doença infectocontagiosa causada por uma bactéria (bacilo de Hansen) que compromete principalmente a pele e os nervos periféricos, deixando sequelas se não for tratada precocemente.

Além disso, uma das principais missões desse mês temático é ajudar a eliminar o preconceito em torno da doença. O termo “leproso” ainda é usado para se referir à pessoa com hanseníase, que vem da palavra lepra, como chamavam a doença antigamente. A ideia da campanha é impedir que esses pacientes se isolem e, por vergonha ou medo, deixem de se tratar.

“O estigma social é um grande dificultador, pois conduz ao isolamento social, discriminação e exclusão da pessoa acometida pela doença, ocasionando o atraso no diagnóstico e tratamento. Com o diagnóstico tardio, surgem as incapacidades físicas, sociais e emocionais, gerando mais obstáculos para os pacientes e familiares”, ressalta Carlos Tadeu Maraston Ferreira, coordenador do Programa Municipal de Controle da Hanseníase (PMCH), da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa).

Sintomas e tratamento

As manifestações da hanseníase geralmente são:

• Diminuição ou ausência da sensibilidade ou formigamento de extremidades de mãos, pés ou olhos. Por não sentir dor, o paciente pode se ferir ou se queimar, e desenvolver complicações como úlceras e infecções locais;
• Diminuição ou perda de força muscular em mãos, pés e pálpebras, levando a queda de objetos das mãos, andar arrastado, dificuldade em fechar as pálpebras que leva ao ressecamento dos olhos.

O primeiro passo para diagnosticar a doença é procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Uma vez que a UBS tenha confirmado a suspeita, o paciente é encaminhado para uma das 28 Unidades de Referência de Hanseníase que estão distribuídas pela cidade, onde passará por uma consulta de elucidação diagnóstica com uma equipe especializada.

Caso seja confirmado o diagnóstico, o paciente inicia o tratamento e acompanhamento da doença, recebendo medicação gratuita.

Além disso, é extremamente importante que seus contatos domiciliares também passem por uma consulta médica, a fim de receber orientações sobre a doença e, se não estiverem doentes, receberão a vacina BCG conforme instrução da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Após a finalização do tratamento medicamentoso, que pode variar de seis meses a um ano, o paciente deve ser acompanhado por consultas anuais durante cinco anos.

Hanseníase na capital

O Brasil é o segundo país em números absolutos de casos no mundo, no entanto a doença está controlada há mais de 15 anos na capital paulista. Em 2020, a cidade registrou menos de um caso por dez mil habitantes, o que é considerado satisfatório pela OMS, que estima 210 mil novos infectados por ano no mundo.

Mesmo com o cenário estável, São Paulo mantém a vigilância permanente. “A cidade tem um movimento migratório muito intenso, vindo de regiões endêmicas do país, temos que manter as ações de vigilância e controle bem estabelecidas em todas as regiões do município, pois recebemos pessoas doentes vindas dessas regiões”, aponta Ferreira.