Enfermeiro à frente da maior campanha de vacinação conta como 26 milhões de doses antiCovid já chegaram aos braços dos paulistanos

Pai de dois meninos, Luiz Artur esperou ansiosamente para vacinar a população infantil contra a Covid-19

Quando entrou para o Sistema Único de Saúde (SUS), em 2005, o enfermeiro Luiz Artur Caldeira, 41 anos, não imaginava que ali começava a contar o tempo até o momento do “tinha de ser eu.” Após sete anos atuando com vigilância sanitária na Mooca, zona leste da cidade, e em Santo Amaro, zona sul, durante a epidemia da febre amarela, quando assumiu a interlocução de imunização, veio o maior desafio de carreira: liderar a Vigilância em Saúde (Covisa) durante a pandemia de Covid- 19. Ele aceitou e, durante os dois últimos anos, esteve “trabalhando no teto sempre” e com uma meta, quase um mantra, vacinar mais pessoas o mais rapidamente possível na maior cidade do Brasil. Até janeiro, a cidade registrou 26 milhões de doses antiCovid aplicadas e é destaque no mundo com a cobertura de 100% da população adulta vacinada.

O sábado 22 de janeiro deste ano, quando teve início a vacinação para o público infantil, foi dia de alívio para o pai herói de Artur e Vinícius, de 7 e 5 anos de idade respectivamente, que o abraçaram com o tão desejado curativo no braço. “O tempo todo minha maior preocupação era a de não conseguirmos avançar como era preciso com a vacinação da população e chegar nas crianças, porque sabíamos que as variantes uma hora poderiam afetar essa população que estava descoberta”, relembra. Nesse dia, as equipes receberam com alegria nos postos espalhados por toda a capital os filhos de pais que não viam a hora de vaciná-los. “Como todo pai, eu me senti ansioso, tive medo de não dar tempo, mas deu.”
“As crianças precisam saber desde cedo que algumas atitudes podem livrá-las de doenças, de uma parte ruim da vida. Nosso maior desafio agora é esse, fazer com que as atuais gerações acreditem na prevenção e se vacinem.”

Na imagem está Luiz Artur com os dois filhos segurando a carteirinha de vacinação, a enfermeira e a esposa dele.

Com os filhos Artur, 7, Vinícius, 5, e a esposa Janaina no dia da tão esperada dose contra a Covid-19 para as crianças (Foto: Arquivo Pessoal)

Da enfermagem para a vigilância sanitária e a imunização

Ainda no interior de São Paulo, na cidade de Vargem Grande Paulista, em 2000, Luiz trabalhava na área administrativa de um pronto-socorro. Porém, a convivência com as equipes de enfermeiros o fez querer ser um profissional de saúde. Fez curso de auxiliar de enfermagem, em 2005 passou para uma vaga no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, na capital. Em um ano já entrou para a faculdade de enfermagem no Centro Universitário São Camilo. “Temos nessa profissão a base dos sistemas de saúde. No SUS, como as pessoas devem ter prestado atenção nisso durante a pandemia, o acolhimento e atendimento é feito por enfermeiros”, afirma. Feliz por ver o reconhecimento da categoria nas unidades e serviços de saúde, o responsável por liderar o processo de vacinação na cidade, se emociona ao lembrar de momentos difíceis dessa crise sanitária. “Logo no início da vacinação, tive de lidar com a dor dos colegas que entregavam vacinas e não podiam ainda receber a dose que tanto queriam. Quem estava morrendo eram os idosos, os profissionais de saúde das UTIs. Então, muitos me ligavam, porque muitas vezes tinham familiares vulneráveis com quem moravam, mas entendiam quando eu dizia que aquela não era a hora deles, do nosso pessoal, que precisávamos salvar as vidas em maior risco naquela situação”, conta.

Os enfermeiros atuam desde a recepção dos imunizantes, no Centro de Armazenamento e Distribuição de Imunizantes (Cadi) e nos Postos de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (Padis), quando há uma campanha em curso ou mesmo na rotina de vacinação no SUS. Esses profissionais participam do trajeto da vacina até literalmente o braço dos cidadãos. O encontro com a saúde coletiva no trabalho de Luiz Artur o leva para GENTE.DOC O boletim Saúde Mais Perto/Gente tem uma versão em vídeo publicada no canal da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), no YouTube. Para conhecer mais sobre os protagonistas dessas histórias inspiradoras no SUS da cidade de São Paulo, aponte a câmera do seu celular para o QR Code abaixo. Nesta edição, saiba um pouco mais sobre Luiz Artur. outras frentes na Covisa, onde se realizam estudos, regulação e intervenção para a saúde. O combate à dengue, outras arboviroses, monitoramento de ar, água, alimentos, estabelecimentos e animais estão sob sua atual gestão.

Na imagem está Luiz Artur em pé com jaleco e ao fundo há um estádio de futebol.

Enfermeiro de formação, Luiz Artur viu a categoria ganhar visibilidade na pandemia (Foto: Arquivo Pessoal)

Antes disso, na campanha de vacinação do sarampo, em 2019, esteve como interlocutor na Unidade de Vigilância em Saúde (Uvis), Santo Amaro. “Uma colega que era interlocutora de imunização naquela época, onde eu trabalhava na vigilância sanitária, se aposentou. Tive de aprender da noite para o dia e dali em diante nunca mais parei de me aprofundar no assunto, ter experiências que considero muito valiosas como profissional e ser humano. Não é todo mundo que tem uma oportunidade assim na vida.

Q+

Estar com os filhos Artur, Vinícius, a esposa Janaína Silva Caldeira, também enfermeira, é o que mais faz Luiz Artur feliz, quando está sem o colete da Vigilância em Saúde ou o jaleco dos dias de trabalho na saúde municipal. As horas vagas, que na pandemia ficaram mais valiosas ainda, são preenchidas com essa convivência. “Adoro ficar com meus filhos, dedicar tempo a eles”, conta. O pai amoroso é um defensor da educação para a saúde. “As crianças precisam saber desde cedo que algumas atitudes podem livrá-las de doenças, de uma parte ruim da vida. Nosso maior desafio agora é esse, fazer com que as atuais gerações acreditem na prevenção e se vacinem.”

Confira mais sobre a história inspiradora do Luiz Artur, assiste ao video no youtube da SMS: