Cláudia explica como a terapia ocupacional devolve a vida aos pacientes e a motiva no SUS

Com a terapia ocupacional, a profissional de saúde ajuda a transformar a vida de pacientes com deficiências intelectuais ou físicas

A simplicidade de algumas atividades do dia a dia, como escovar os dentes, vestir uma camiseta, circular e participar do convívio social para quem teve a autonomia prejudicada por alguma condição de saúde tem um valor talvez antes não percebido.

O terapeuta ocupacional age exatamente nesse contexto para ajudar o paciente e a família a retomar ou constituir uma rotina. Cláudia Gonçalves, 36 anos, trabalha no programa Acompanhante da Pessoa com Deficiência (APD) desde 2017, atualmente nas regiões de Santo Amaro e Cidade Ademar, e se diz uma “apaixonada” pelo trabalho que devolve ou ressignifica as capacidades dos pacientes que atende.

Cláudia está segurando um espelho. Ao lado dela há um homem idoso. No reflexo do espelho dá para ver o rosto dos dois fazendo careta.

A terapeuta ocupacional em ação no Parque Guanhembu, em 2019 (Foto: Arquivo Pessoal)

Nascida em São Paulo, a profissional atua na prefeitura há 12 anos. Passou pela assistência social, pela área de pediatria e pela Estratégia Saúde da Família (ESF), mas foi no APD que encontrou um propósito. “Meus olhos brilharam quando recebi essa proposta. Foi o início de um dos trabalhos mais gratificantes e desafiadores da minha vida. Na região, você tem experiências importantes e estar em contato com a realidade de vida das pessoas é muito diferente e enriquecedor”, opina. A terapia ocupacional, segundo Cláudia, é a forma de ajudar as pessoas com estratégias e recursos adaptados às necessidades de cada paciente com deficiências intelectuais ou físicas no contexto onde elas vivem.

Embora a terapia ocupacional e a fisioterapia sejam aplicadas em pessoas com limitações ou dificuldades, as duas práticas são bem distintas. Elas até compartilham o mesmo conselho de classe, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Cofito). Mas, enquanto a fisioterapia promove o cuidado e a execução do movimento humano para a recuperação do paciente, a terapia ocupacional dirige o cuidado para motivar o movimento, as funcionalidades nas atividades de vida diária, como forma de reabilitação do cotidiano. “No APD nós trabalhamos principalmente por visitas domiciliares, o contexto social no qual o paciente está inserido para construir e oferecer ferramentas de retomada do convívio, com maior independência”, explica a profissional.

Nessa trajetória, Cláudia conta que trabalhar no Sistema Único de Saúde (SUS) foi um divisor de águas. “Em dos projetos no qual atuei, atendíamos crianças com uma situação de vulnerabilidade social e convivíamos em uma sala de brinquedos para facilitar o trabalho com elas. Um dia, a partir do comentário de uma mãe, refleti sobre todos aqueles brinquedos que usávamos, que eram de primeira linha, de marca. Aquelas crianças não conseguiam dar continuidade às atividades em casa. Foi então que criamos uma oficina de brinquedos feitos de materiais acessíveis. Isso é a terapia ocupacional, é pensar sobre todo o contexto de vida das pessoas.” Era exatamente isso que a terapeuta buscava, quando desde muito cedo desejava cuidar de pessoas. No primeiro contato com a TO na graduação, que concluiu em 2009, ela já se identificou. Hoje, mesmo diante de uma rotina exigente e de total entrega ao trabalho e aos pacientes, a profissional se sente realizada.

Na imagem, Cláudia está tirando uma selfie com mais sete amigas de profissão. Todas elas usam roupas brancas, colete azul e máscara branca.

Cláudia com a equipe do APD na região da Capela do Socorro (Foto: Arquivo Pessoal)

Q+

Nascida em uma família que gosta de aventura e natureza, Cláudia acampava desde bebê com eles. Até hoje ela gosta de viajar com o marido Fernando e o filho Lucca. Qualquer momento de descanso é motivo para planejar saídas e explorar novos lugares. Além disso, fazer mosaicos decorativos como hobby “é algo que agrega em construções pessoais.”

Para saber mais sobre a história da Cláudia, assista ao documentário no Youtube da Secretaria Municipal da Saúde (SMS):