Cigarro eletrônico prejudica quem quer parar de fumar

Tão viciante quanto os cigarros convencionais, os vapes podem aumentar o risco da pessoa se tornar um tabagista

Nos últimos anos, o uso de cigarro eletrônico, também conhecido como “vaping” ou vape, tem se popularizado cada vez mais. Muito desse crescimento ocorreu pela falsa impressão de que ele não faz mal à saúde. Isso porque, na época de sua criação, em 2000, foi apresentado como uma alternativa para diminuir a dependência de nicotina.

No entanto, o vape não ajuda a pessoa a parar de fumar e o seu uso pode inclusive aumentar em três vezes o risco de experimentação de cigarro convencional e em mais de quatro vezes o risco de se tornar um tabagista, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Um dos possíveis motivos é, que, além de conter nicotina, o cigarro eletrônico não possui fatores inibidores como o cheiro.

Em 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a venda, importação e propaganda dos cigarros eletrônicos, devido à ausência de dados científicos que comprovassem a segurança dos aparelhos. A proibição também considerou os riscos de doenças respiratórias e a possibilidade de explosão da bateria, que pode causar queimaduras.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o hábito de fumar está relacionado ao desenvolvimento de mais de 50 doenças, tais como problemas cardiovasculares, tuberculose, câncer, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade, catarata, entre outras.

Como funciona o cigarro eletrônico
Em geral, os cigarros eletrônicos são compostos por uma lâmpada de LED, bateria, microprocessador, sensor, atomizador e cartucho de nicotina líquida. O dispositivo aquece esse líquido e produz o vapor inalado pelos usuários. Também é comum que contenha outras substâncias além da nicotina, como acroleína, propilenoglicol, glicerina e aromatizantes.

Por terem uma aparência moderna e uma infinidade de sabores e aromas, os cigarros eletrônicos se popularizaram rapidamente, especialmente entre os mais jovens, ao venderem a falsa ideia de serem menos prejudiciais. Mas são tão perigosos quanto os cigarros convencionais, uma vez que a exposição de adolescentes ao processo de aquecimento e vaporização pode levar também a prejuízos ao cérebro em desenvolvimento.

Como parar de fumar
Segundo dados do Vigitel 2006, o percentual total de fumantes com 18 anos ou mais no Brasil era de 15,6%. Em 2021 esse número caiu para 9,1%, sendo 11,8% entre homens e 6,7% entre mulheres. A grande adesão dos jovens aos cigarros eletrônicos, no entanto, pode colocar em risco esse avanço.

Embora o percentual de tabagistas tenha diminuído ao longo dos anos, é importante promover ainda mais iniciativas que reduzam a prevalência de fumantes e a consequente mortalidade relacionada ao consumo do tabaco. Pensando nisso, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento totalmente gratuito para quem deseja parar de fumar, por meio do Programa Cessação de Tabagismo, promovido em conjunto com o Instituto Nacional do Câncer (Inca) e coordenado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) de São Paulo.

Na rede municipal de saúde, esse atendimento é feito regularmente pela Coordenadoria de Atenção Primária, que está preparada para realizar o acolhimento e o acompanhamento de tabagistas que querem abandonar o vício. Desde o seu lançamento, em 2016, o programa já atendeu 9.250 usuários na capital.

Para ter acesso ao tratamento, basta procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS), levar a identidade e se inscrever no Programa Cessação de Tabagismo. O atendimento oferecido nas unidades inclui desde a avaliação clínica até terapia medicamentosa, se houver necessidade.

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