Enfermeira Michelly conta como a amamentação se tornou prioridade na UBS Costa Melo

A profissional da saúde incentiva a doação de leite humano para ajudar bebês internados

Agosto é o mês mundial da amamentação e tem como símbolo a cor dourada, em alusão ao padrão ouro de qualidade do leite materno. Para a enfermeira Michelly Cardoso Rozendo Vieira, que há seis anos trabalha na Unidade Básica de Saúde (UBS) Costa Melo, na Vila Buenos Aires, o alimento é valioso porque salva vidas.

Uma apaixonada pelo cuidado humano, ela conta que, desde a adolescência, já sabia que seria enfermeira. Aos 17 anos de idade, entrou para o Centro Universitário São Camilo, onde se formou, em 2009. No mesmo ano, iniciou a trajetória no Sistema Único de Saúde (SUS) da capital, na Assistência Médica Ambulatorial (AMA) Vila California, onde ficou por seis meses. Depois, trabalhou nas UBSs Parque Novo Mundo I, durante dois anos, e na Fazenda da Juta, por mais dois anos. Esse amor pela profissão inspirou até o irmão Leonardo que, aos 21 anos de idade, está no terceiro ano do curso de medicina.

Desde 2016 na UBS Costa Melo, Michelly afirma que estar à frente da equipe com a missão de promover a amamentação dos recém-nascidos, tem sido marcante.

Michelly está de cabelo solto, braços cruzados e jaleco posando para a foto.

A enfermeira lidera o trabalho em favor da amamentação na unidade (Foto: Arquivo Pessoal)

Aos 33 anos de idade, ela é a responsável pelas ações do Grupo de apoio ao aleitamento materno exclusivo (Gaame), criado para que as mães possam trocar experiências sobre os cuidados com os bebês, receber orientações técnicas e dicas sobre aleitamento. “É importante que essa mãe receba apoio assim que o bebê nasce. Antes de o recém-nascido completar sete dias, um profissional do grupo vai até a casa da mãe para prestar esse primeiro suporte. Posteriormente, ela é convidada a participar dos encontros mensais e pode tirar dúvidas semanalmente no Gaame”, explica.

O acolhimento e assistência oferecidos pela equipe da UBS foram fundamentais para uma das mães atendidas lá. Ela havia tido o quinto filho, aos 32 anos de idade, e não conseguia amamentá-lo. Mesmo com a prática construída nas gestações anteriores, o recém-nascido tinha dificuldades com a “pega correta”, que é quando o bebê consegue sugar o leite na posição em que a boca envolve a aréola e não o bico do seio. “Essa mãe chorava, porque gostaria de amamentar, tinha muito leite, mas a criança não conseguia fazer a pega de jeito algum. Então, a gente fez um acompanhamento diário dela e, com as nossas orientações, em menos de 15 dias, ele conseguiu mamar”, emociona-se.

Em 2019, a UBS Costa Melo ganhou um centro de apoio à lactação (Cenalac), onde passou a realizar a coleta de leite materno, inclusive nas residências, acondicionando o alimento em freezers, até que o banco de leite retire as doações. Michelly explica que, para doar leite, é preciso seguir uma série de critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS), mas toda mulher que amamenta é uma possível doadora. Basta ser saudável e não tomar medicamentos que interfiram no alimento. “Qualquer quantidade de leite humano doado pode ajudar os bebês internados que, a depender do peso e das condições clínicas, podem precisar de apenas um 1 ml a cada refeição. Nós costumamos dizer que uma gota de leite pode salvar vidas.”

Na imagem há sete mulheres posando para a foto. Uma delas está segurando uma mamadeira com leite humano dentro. Todas sorriem para a foto.

Michelly com parte da equipe da UBS Costa Melo, na inauguração do Cenalac, em janeiro de 2020 (Foto: Arquivo Pessoal)

Durante a pandemia de Covid-19, os estoques de leite na capital paulista caíram, devido ao isolamento social. Michelly e os demais profissionais da UBS Costa Melo intensificaram as ações de sensibilização para ajudar o banco de leite humano do Hospital Municipal Dr. Alípio Correa Neto, o Ermelino Matarazzo, a manter as reservas. Cícera, de 42 anos de idade, foi uma das mães que contribuíram para que esse obstáculo fosse vencido. “Ela já tinha dois filhos adultos, e o grande sonho dela era o de engravidar novamente. Na primeira tentativa, perdeu o bebê. Ela aguardou mais um tempo, engravidou e falou que, se a gravidez fosse até o final, faria a doação. Deu tudo certo, ela tinha muito leite e foi uma das nossas grandes mantenedoras durante a pandemia”, comemora a enfermeira.

Q+
Michelly é apaixonada por viagens e faz uma por ano, pelo menos. Com o marido Tiago Henrique Vieira Santos, 33, a enfermeira gosta de ir para o litoral sul do Rio de Janeiro, onde estão as praias preferidas dela. O sonho da profissional é conhecer Santorini, ilha localizada na Grécia.