Caroline faz a escuta qualificada de pacientes para o programa Vigiar

Como assistente social na AMA Sé, acolher os cidadãos que procuram a unidade faz parte das suas tarefas diárias

Antes mesmo de completar o ensino médio, Caroline Mota Silva, hoje com 28 anos, já sabia da vocação para cuidar de pessoas e colocava isso em prática no trabalho que realizava em grupos religiosos frequentados por ela desde a infância. Nascida e criada em um bairro periférico de Guarulhos, na grande São Paulo, estudou em escolas públicas até entrar para uma universidade privada, onde se formou assistente social em 2015. Atualmente, trabalha na Assistência Médica Ambulatorial (AMA) Sé.

Acolher e escutar os pacientes da unidade faz parte das tarefas diárias da profissional, que integra a Unidade Sentinela do programa Vigilância em Saúde Ambiental Relacionado a Populações Expostas à Poluição do Ar (Vigiar), na AMA. Lá, todas as crianças de zero a 4 anos, 11 meses e 29 dias atendidas com problemas respiratórios são encaminhadas para a equipe que faz o preenchimento das informações solicitadas pelo programa. O objetivo é identificar possíveis impactos do meio ambiente à saúde de uma determinada comunidade.

A foto mostra a personagem, uma mulher jovem, branca, de cabelos escuros e compridos, sentada junto a uma árvore recortada em EVA, em cujos frutos se lê os nomes de equipamentos de saúde da rede municipal, como UBS, AMA e UVIs; ela está sorrindo e segura um vaso com uma orquídea
Caroline na Assistência Médica Ambulatorial em que trabalha, na Sé (Foto: Acervo Pessoal)

Foi assim com uma família de imigrantes que chegou à unidade falando francês. A assistente social teve dificuldade de fornecer as informações necessárias para o atendimento da criança e registro das informações no formulário do programa da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa). Para garantir que eles não deixassem a unidade de saúde sem os dados importantes para o monitoramento do Vigiar, ela utilizou o serviço de tradução do buscador de internet Google. “Com a utilização dessa ferramenta, nós conseguimos que a família fosse ouvida na sua totalidade, mesmo com a barreira do idioma, e isso foi muito gratificante”, argumenta a profissional.

A dedicação da assistente social e o reconhecimento pelo Ministério da Saúde (MS) ao programa na cidade de São Paulo, em julho último, pela manutenção da coleta de dados mesmo durante a pandemia, significa muito para ela. “É fundamental transformar a teoria do que aprendemos na faculdade em prática no trabalho, prestar o melhor serviço às pessoas, compreendendo a situação delas e fazendo o encaminhamento adequado”, reforça.

A foto mostra Caroline em primeiro plano fazendo a foto, uma selfie; atrás, em segundo plano, está um grupo de 11 pessoas, homens e mulheres; todos usam máscaraA assistente social e os colegas de trabalho durante uma atividade de formação (Foto: Acervo Pessoal)

Estudos incluem pós-graduação em atenção psicossocial
Com duas pós-graduações concluídas, em saúde mental e atenção psicossocial (2020), Caroline atualmente estuda gestão hospitalar e valoriza o esforço dos tempos em que ainda morava com a mãe e a irmã. “Eu saía de casa para trabalhar todos os dias às 5h ia direto para a faculdade e retornava só às 23h. Muitas vezes, comia salgadinho para segurar a fome até chegar em casa, foi um tempo muito difícil, mas valeu a pena.”

A recompensa também vem em pequenos gestos dos pacientes, quando retornam à unidade. Um deles é Roberto (nome fictício), que chegou resgatado, sem memória, após ter sofrido um acidente vascular cerebral (AVC). O médico de plantão, depois de prestar os socorros, encaminhou o paciente e a irmã, sua cuidadora, para o serviço social. Caroline conta que os direcionou à Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência e passou a acompanhar o caso. “Além de tê-lo incluído no atendimento para exames e tratamento, auxiliei a irmã na busca por grupos de acolhimento para cuidadores na rede municipal”, relembra. Depois, os dois voltaram para agradecer à assistente social. “Ele não lembrava os nomes dos profissionais que o atenderam, mas dizia que queria muito agradecer à ‘menina magrinha’ que o ajudou”, emociona-se.

Q+
Estudiosa e dedicada por natureza, Caroline estuda técnicas vocais para aprimorar a paixão pelo canto. “Sempre amei música, e cantar me traz paz, é o meu momento, como se o mundo parasse.”

A foto mostra Caroline e outras duas pessoas, um homem e uma mulher jovens, dentro de um estúdio de gravação; o local tem as paredes revestidas e violões pendurados nas paredes      Fora do trabalho, a assistente social diverte-se cantando com os amigos (Foto: Acervo Pessoal)