Roseli Gomes ensina dança do ventre para promover a autoestima de mulheres na capital

A atividade desenvolvida pela ACS da UBS Vila Formosa II atualmente conta com 40 alunas comprometidas com a dança

Na próxima terça-feira, 4 de outubro, é celebrado no Brasil o Dia do Agente Comunitário de Saúde (ACS), profissional responsável por acolher e acompanhar as famílias cadastradas nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Para Roseli Gomes, 53 anos, o trabalho em favor da promoção da saúde e prevenção de doenças que ela faz há 17 anos na UBS Vila Formosa II é uma missão.

Um ano depois de conquistar a vaga, a ACS se inscreveu em uma escola, onde aprendeu dança do ventre e, a convite de uma enfermeira da unidade, passou a dar aulas para as pacientes. Os agentes de saúde são estimulados a desenvolver grupos de trabalho como este com a população, parte da estratégia de aproximação da população local.

“Em 2006, começamos o grupo com poucas mulheres em um espaço pequeno, que com o tempo foi crescendo. Atualmente, temos mais de 40 alunas”, conta Roseli. “Muitas chegam aqui com a autoestima baixa, sentindo- se sozinhas e, com o tempo, percebo que o brilho nos olhos começa a aparecer, elas recuperam a confiança.”

A foto mostra 10 alunas em pé e estão lado a lado. Da esquerda para a direita, a primeira é a ACS Roseli. Agachadas à frente, estão mais cinco alunas da dança do ventre.

Roseli acompanhada de suas alunas depois de uma aula de dança do ventre na UBS Vila Formosa II (Foto: Acervo Pessoal)

Dança, um agente transformador

Para a agente comunitária, a dança pode transformar a vida das pessoas. Foi assim com Meris, de 85 anos de idade, que começou a frequentar o grupo em 2016, quando viveu o luto pela perda do marido. Ela viu um cartaz convidando as mulheres a dançar, quando foi buscar um medicamento na farmácia da UBS. Desde então, nunca faltou a uma aula de dança do ventre, que acontece às quartas-feiras.

“No período mais grave da pandemia, paralisamos as aulas para a segurança de todas, mas continuamos trocando mensagens e realizando os acompanhamentos de rotina com as pacientes. A Meris sempre falava da falta que a dança fazia”, relembra.

No entanto, o trabalho como ACS impõe missões desafiadoras. Em 2016, Roseli passou a acompanhar dona Iracema, de 80 anos de idade. Por conta da hanseníase, ela tinha tido uma das pernas amputadas e passou a usar cadeira de rodas.O sobrinho responsável pela senhora contratou uma cuidadora para auxiliá-la nas necessidades diárias. Porém, nas visitas que a agente de saúde fazia à residência, Iracema começou a se queixar. “Ela relatava que não estava gostando da forma que a cuidadora a tratava”, conta Roseli.

A foto mostra Roseli em pé, posicionada do lado direito da imagem. A ACS está conversando com uma mulher na UBS Vila Formosa II

A ACS durante atendimento na UBS em que iniciou a atividade da dança do ventre (Foto: Acervo Pessoal)

Para ajudar nessa situação, a ACS compartilhou a história com os médicos e enfermeiros da UBS, que se reuniram com o sobrinho da paciente para solucionar o problema. “Nós temos que ter esse olhar, ouvir o paciente que está cadastrado, isso é muito importante, porque pode ajudar, e nós estamos ali para isso”, concluiu.

Q+

Roseli é apaixonada por viajar. As companheiras ideais para cair na estrada são a amiga Fátima e a prima Luciana. Quando não estão juntas, a ACS viaja em excursões aos finais de semana.