Agentes comunitários de saúde vinculam população aos serviços da rede municipal

A função principal dos ACSs, ligados ao programa Estratégia Saúde da Família (ESF) é trabalhar com prevenção, educação e orientação dos moradores

No Dia do Agente Comunitário de Saúde (ACS), celebrado em 4 de outubro, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) reconhece e ressalta a importância destes profissionais, que atuam nos territórios das 470 Unidades Básicas de Saúde (UBS) da capital, gerando um importante vínculo da população com a rede municipal e o Sistema Único de Saúde (SUS). Ao todo, são 9.835 profissionais, cuja rotina percorrer os bairros e comunidades, trabalhando com informação e prevenção, conversando com os moradores para saber das suas necessidades em saúde e encaminhando-os às unidades, sempre que necessário.

Veja a seguir os depoimentos de seis agentes comunitárias de saúde, que atuam em todas as regiões da cidade.

 

Nosso trabalho como agentes comunitários de saúde envolve acolher a população, realizar cadastro, conduzir ações de promoção à saúde, auxiliar a equipe técnica no trabalho de prevenção, realizar a busca ativa de casos complexos, fortalecer o vínculo da população à UBS, discutir casos com a equipe, compartilhar visitas e acompanhar a família em todo seu ciclo de vida. Todos os dias, por volta das 9h eu já estou na rua para realizar as visitas domiciliares. Aqui na região central temos essa peculiaridade, é uma área composta por pessoas de classe média, em sua maioria mais velhas, que residem sozinhos e têm pouco convívio social. Antes de trabalhar como ACS, profissão que abracei há três anos e meio, eu era cuidadora de idosos, e esta é a parte do trabalho que mais gosto ainda hoje: acompanhar e acolher os idosos do território.
Maria Ângela Dias de Oliveira, 54 anos, ACS na UBS Santa Cecília – Humberto Pascale, na região central

A imagem mostra uma mulher negra de meia-idade; ela está de frente, sorrindo e usa os cabelos e um colete azul com faixa reflexiva amarela e a logomarca da Prefeitura de São Paulo

Ângela Dias de Oliveira gosta especialmente da interação com idosos
(Foto: Acervo Pessoal)

 

Desde o início da minha vida profissional sempre trabalhei na área de saúde, e sou agente comunitária de saúde há 21 anos. Em um dia típico, realizo cerca de 10 a 15 visitas domiciliares, além de atualização e registro de novos cadastros. Esse trabalho com o cadastro dos pacientes é essencial e também um desafio, pois muitas vezes as pessoas não estão com os documentos necessários, ou ocorrem desencontros por conta de horário que elas estão em casa. O perfil aqui na região em que atuo é de residências chefiadas por mulheres com até três filhos, e às vezes com avós morando junto. O que mais me faz feliz nesse trabalho é o respeito com que as pessoas tratam o agente de saúde, como se fôssemos parte da família. Também gosto muito das atividades em grupo desenvolvidas na UBS.
Anisanete da Silva, 60 anos, ACS na UBS Dr. Antônio Pires Ferreira Villalobo, na Penha, na região sudeste

A imagem mostra uma mulher de colete azul e usando máscara interagindo com um homem de meia idade em frente a uma unidade de saúde

Anisanete trabalha há 21 anos como agente comunitária de saúde
(Foto: Acervo Pessoal)

 

Sou agente comunitária de saúde há 20 anos, e amo minha profissão, amo o SUS, saio sempre feliz para realizar minhas visitas e todos os pacientes do território me conhecem. A UBS está localizada dentro de um conjunto habitacional, e a maior parte das famílias aqui é de classe média baixa, com dois ou três filhos por residência, e temos muita pobreza também, a maioria absoluta dos moradores depende dos serviços do Sistema Único de Saúde. Todos os dias, depois de agradecer a Deus e fazer um café com meu marido, vou para a UBS às 8h, participo da reunião de equipe na qual discutimos as questões do território, e então saio para fazer as visitas domiciliares, falar com os pacientes, passar as orientações sobre dengue, Covid-19, tuberculose, saúde da mulher... também cadastro os moradores novos e dou atenção aos pacientes que precisam de maior cuidado. Ajudar o próximo sempre foi algo que me mobilizou, e como ACS eu sinto que ajudo as pessoas em algo tão fundamental quanto a saúde, então me sinto realizada, não tem preço.
Lenilda Meneses da Silva Leite, 60 anos, ACS na UBS Recanto dos Humildes, na região norte

A foto mostra uma mulher branca, de meia-idade e cabelos brancos usando máscara e um colete azul; ela conversa com outra mulher, e ambas estão em um ambiente externo, uma calçada

Lenilda conversa com moradora do conjunto habitacional onde atua
(Foto: Acervo Pessoal)

 

Sou agente comunitária de saúde há quatro anos e meio e gosto muito de trabalhar com saúde, de poder ajudar os pacientes, as pessoas da comunidade, dentro das minhas atribuições, que envolvem mapear e conhecer profundamente nosso território, que chamamos de microárea. Aqui na região temos famílias em todas as configurações e situações, mas com a pandemia de Covid-19 percebi que houve um retorno de muitos filhos à casa dos pais, e as casas voltaram a ter mais crianças. Nós ACSs precisamos conhecer cada família e suas necessidades, informando, orientando e encaminhando os pacientes à UBS sempre que necessário. O melhor desse trabalho, para mim, é conversar e acolher os pacientes, pois sei que assim há uma grande possibilidade de adesão ao serviço.
Erika Marina Policarpo, 46 anos, ACS da AMA/UBS Integrada Jardim São Jorge - Dr. Paulo Eduardo Elias, na região oeste

A foto mostra Erika, uma mulher negra, jovem, usando um colete azul e máscara; ela está abraçada a uma mulher branca, de cabelos brancos, de meia-idade, e ambas seguram um certificado, que está sendo entregue a Erika

Erika: acolhimento das demandas dos moradores motiva seu trabalho como ACS
(Foto: Acervo Pessoal)

 

Num dia típico de trabalho eu desenvolvo uma série de atividades na UBS e no território: começamos com a reunião diária da equipe e com o atendimento de pacientes dentro da unidade, e depois fazemos as visitas domiciliares, com escuta ativa das necessidades dos pacientes cadastrados, com orientações diversas, apoio a demandas e informações sobre o fluxo na UBS. A população da microárea é predominantemente de classe baixa, com famílias chefiadas por mães, na maioria sem muito estudo, com cinco membros ou mais, agregando os filhos, além de parentes como tios e sobrinhos. O maior desafio no dia a dia é conquistar um vínculo com essas famílias, junto com o exercício da escuta e a manutenção de uma postura neutra diante de algumas situações. E o que me faz mais feliz na minha profissão é justamente sentir que fiz tudo o que estava no meu alcance, atuando como influenciadora de mudanças nos pacientes e no território, ver famílias crescendo, progredindo, casos sendo solucionados.
Duane Aparecida Miranda Augusto, 36 anos, ACS há sete anos, trabalha na UBS São Jorge, em Cidade Ademar, na região sul, e também atua como Agente da Alegria

A foto mostra Duane, uma mulher negra e jovem, posando para a foto; ela usa um colete azul com a logomarca com Sistema Único de Saúde e também um crachá

Para Duane, o exercício da escuta é um dos desafios
(Foto: Acervo Pessoal)

 

Sempre trabalhei com pessoas e cuidado. Antes de ser ACS, fui babá e atendente de apoio pedagógico em uma escola infantil. A maior contribuição do agente comunitário é ser um elo entre os moradores do território e a UBS, ser útil ajudando as pessoas. A parte difícil é que nem tudo depende da gente, mas sempre vamos até onde é possível dentro das nossas atribuições, que vão das reuniões diárias com a equipe até as visitas às famílias cadastradas, orientações na comunidade e buscas ativas de pacientes para acompanhamento médico, vacinação e outras. Conhecemos cada um dos pacientes, e criamos vínculos. Há alguns anos cadastrei um casal de idosos, por exemplo, e desde então se estabeleceu uma relação de muito carinho e respeito, que se reflete na adesão deles aos serviços da UBS. Amo o que faço, fico muito feliz quando consigo ajudar uma pessoa, por isso sou muito grata pelo meu trabalho. Renasço a cada dia.
Dagmar Durães Dos Santos, 44 anos, ACS da UBS Jardim Nossa Senhora do Carmo, em Itaquera, na região leste

A foto mostra uma mulher negra de aparência jovial e cabelos trançados; ela usa máscara e um colete azul, e está caminhando na rua, em frente a uma residência

Dagmar: proximidade dos moradores facilita a adesão aos serviços da UBS
(Foto: Acervo Pessoal)