Da prevenção ao tratamento, o papel essencial dos médicos na saúde

Neste dia 18 de outubro, trazemos uma homenagem a estes profissionais, presentes e fundamentais em todos os serviços e equipamentos da rede municipal

Inserida nos princípios de universalização, equidade e integralidade do Sistema Único de Saúde (SUS), a rede municipal oferece serviços para toda a população por meio de quase 800 equipamentos, das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) aos hospitais, das Unidades de Pronto Atendimentos (UPAs) aos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Em todos estes equipamentos, a presença de um profissional é constante e fundamental: o médico, em todos os seus perfis e especialidades.

Prevenção, atendimento, diagnóstico, tratamento e acompanhamento de pacientes são algumas das atribuições dos profissionais da área médica, que somam aproximadamente 20 mil trabalhadores na rede municipal, com muitas histórias para contar, a partir do contato com milhões de pessoas atendidas dentro do sistema público de saúde na maior cidade da América do Sul.

Veja a seguir o depoimento de um desses profissionais, o Dr. José Antônio Volpiani, que trabalha há 40 anos no Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM).

Na foto está um homem branco de meia-idade e cabelos branco; ele usa óculos e está sentado à uma mesa, tendo à sua frente alguns papeis
O Dr. José Antônio Volpiani chefia o pronto-socorro de adultos do HSPM (Foto: Acervo SMS)

Me formei pela Faculdade de Medicina de Catanduva há 44 anos e possuo especializações em cirurgia geral, proctologia e administração hospitalar. Há 40 anos sou funcionário do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM) de São Paulo. Entrei como plantonista, depois fui chefe do setor de Proctologia, coordenador de ensino e duas vezes coordenador do pronto-socorro de adultos, cargo que ocupo atualmente.

Ao todo, são 13 anos à frente do pronto-socorro, incluindo todo o período da pandemia de Covid-19, quando fomos o primeiro hospital em São Paulo a estruturar uma área específica para receber pacientes com síndrome respiratória grave, além dos 180 leitos de UTI e enfermaria reservados para estes casos. Hoje, felizmente, já voltamos a uma normalidade no atendimento. Porém, mesmo em tempos de normalidade, temos um público potencial estimado em 500 mil pessoas, considerando os servidores públicos municipais e suas famílias. Só no pronto-socorro adulto, são cerca de oito mil atendimentos ao mês.

Estar à frente do PS de um hospital 100% público, 100% Sistema Único de Saúde, especialmente nestes últimos três anos, puseram à prova o meu lado gestor, algo de que me orgulho. Mas um médico sempre será um médico. O que chamamos de vocação é algo de foro íntimo, que vem de dentro, não há como ser determinado ou imposto por outrem.

Sinto que existe uma grande diferença entre o profissional recém-formado que fui um dia e o médico com décadas de vivência e experiência. Quando saímos da faculdade, achamos que podemos salvar a todos e nos frustramos muito. Com o tempo, aprendemos a entender nossos limites, os limites da própria ciência, aprendemos a dominar a alma. Aceitamos que não podemos resolver tudo, e este processo é essencial à nossa própria sobrevivência. Temos que aprender a sobreviver à dor. Nós perdemos pacientes, é um fato, mas também salvamos pacientes, todos os dias.

Vivi muitos momentos emocionantes ao longo da minha carreira, como o dia em que a filha de um homem que eu havia operado, uma menina de dez anos, veio me agradecer por ter salvado a vida do pai. Ele havia recebido uma facada que atingiu o coração. Também tive que fazer uma cirurgia abdominal em minha própria esposa, na época grávida de seis meses do nosso primeiro filho. Foi um dos dias mais intensos da minha vida profissional e pessoal.

O que sempre podemos e devemos fazer é dar o nosso melhor. Na minha opinião, um médico não pode abrir mão de quatro coisas: 1) olhar o paciente nos olhos; 2) conversar com ele, ouvir o que tem a dizer, pois é aí que entendemos o que o aflige e começamos a ter uma ideia do diagnóstico; 3) após os exames e o diagnóstico, sempre lhe transmitir fé e esperança, pois não tenho dúvidas que o estado emocional e mesmo a espiritualidade são parte fundamental do seu processo de cura; 4) atualizar-se sempre, justamente para poder oferecer o melhor.

Dr. José Antônio Volpiani, coordenador do pronto-socorro do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM)