Projeto dentro de Caps promove ações de enfrentamento ao racismo

Sarau, roda de conversa, brincadeiras que resgatam a identidade racial são algumas atividades desenvolvidas pelo coletivo Sankofa dentro de Centro de Atenção Psicossocial da região central

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) desenvolve diversas ações de inclusão durante o ano. O objetivo é atender à população da capital respeitando as particularidades próprias aos ciclos de vida das pessoas. Um desses gestos de acolhimento diz respeito às crianças e adolescentes que são atendidas pelos profissionais de saúde no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Infanto Juvenil III Sé Amorzeira.

A partir da necessidade de propor ações afirmativas de enfrentamento ao racismo, os profissionais da unidade, localizada no bairro da Aclimação, criaram o coletivo Sankofa, que inicialmente atuou junto aos próprios trabalhadores em saúde, mas com o tempo e o sucesso dos debates, expandiu a experiência para os usuários do equipamento de saúde. Criado no final de 2020, o coletivo realiza encontros e atividades periódicas.

“A formação deste coletivo teve como intuito fomentar um espaço de discussão e elaboração institucional e em rede de ações antirracistas, produzindo acesso à cultura e incluindo representatividade, além de um brincar racializado às crianças e adolescentes que frequentam esta unidade”, explica Cláudia Andrade, psicóloga do Caps III Sé Amorzeira.

Na tradição de países da África Ocidental como Gana, Togo e Costa do Marfim, a palavra Sankofa – que significa sanko = voltar e fa = buscar/trazer – advém de um provérbio antigo em que diz “nunca é tarde para voltar e apanhar aquilo que ficou para trás”. De forma lúdica, utilizando brincadeiras, artes e a oralidade, o coletivo Sankofa reforça e resgata a importância de discutir a identidade racial com os menores dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) da capital.

Consciência negra
Em alusão ao mês da Consciência Negra, em novembro o Caps Infanto Juvenil III Sé Amorzeira envolveu crianças, adolescentes e profissionais de saúde em atividades com temáticas raciais como contação de histórias afrorreferenciada, seminário de enfrentamento ao racismo e roda de conversa para discutir o filme Medida Provisória, que aborda a temática.

Além disso, no final do mês foi realizado um sarau que contou com a participação de familiares e usuários do Caps. No evento adolescentes declamaram poesias e letras de músicas autoriais, bem como cantaram e apreciaram apresentações de convidados. Uma oficina de estampa em camiseta com personalidades negras também foi oferecida para quem participou do evento.

“Neste período realizamos discussões em torno das questões raciais e da saúde mental da população infanto-juvenil, intervenções com a equipe, intervenções no espaço físico da unidade e aquisição de material lúdico de representatividade negra para acolhimento dos usuários”, reforça Cláudia Andrade.

Centros de Atenção Psicossocial (Caps)
Os Caps e as 470 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) são as portas de entrada para o serviço de saúde mental dentro da capital. Atualmente, a cidade conta com 102 Caps, sendo eles 35 álcool e drogas (AD), 33 infantojuvenis (IJ) e 34 adultos. Destes, 45 funcionam como Caps III, com acolhimento integral e funcionamento 24 horas, e um como Caps IV, que funciona 24h e possibilidade de acolhimento integral, exclusivo para a cena de uso.

A região central conta com sete Caps: Caps AD III Centro, Caps AD III Complexo Prates, Caps AD IV Redenção, Caps III Adulto Sé, Caps IJ III Sé, Caps AD III Armênia e o Caps AD III Boracea.

A lista com o endereço dos Caps pode ser acessada na página da SMS.

Para consultar os endereços das UBSs, acesse a plataforma Busca Saúde.