Prefeitura de SP realiza estudo epidemiológico na zona leste para detectar casos de tireoidite de Hashimoto

O levantamento vai apontar a incidência de casos e eventual correlação com a poluição atmosférica na região

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) deu início nesta semana a um estudo epidemiológico com abrangência inédita na capital para avaliar casos relatados de tireoidite de Hashimoto nas regiões de São Rafael, São Mateus e Sapopemba, na zona leste da capital, e sua eventual correlação com a poluição ambiental. O território fica na divisa do Polo Petroquímico de Capuava (PPC), instalado nos municípios vizinhos de Santo André e Mauá.

Na primeira etapa, as equipes de saúde coordenadas pela Divisão de Vigilância Ambiental (Dvisam), da Coordenaria de Vigilância em Saúde (Covisa), vão entrevistar cerca de 4.500 munícipes, em 1.500 domicílios, incluindo bairros sem exposição aos contaminantes e que servirão para análise comparativa. As áreas foram escolhidas de forma aleatória, por sorteio, nas Coordenadorias Regionais de Saúde (CRSs) Leste e Sudeste, que atuam na área supostamente afetada pela emissão de poluentes do PPC, quando sujeitos a fatores meteorológicos. As residências estão no perímetro de abrangência das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) Jardim Colorado, Parque São Rafael, Jardim São Francisco e Rio Claro. Já a Assistência Médica Ambulatorial (AMA)/UBS Integrada Jardim das Oliveiras, no Itaim Paulista (zona leste), e a AMA/UBS Integrada Americanópolis, no Jabaquara (zona sudeste), foram escolhidas como referência comparativa para o estudo.

Após concordância e assinatura de termo de consentimento pelas pessoas no domicílio selecionado (condição obrigatória para responder aos questionários), os pesquisadores vão investigar se há prevalência e agravos vinculados à tireoide de Hashimoto, uma das principais responsáveis por casos de hipotireoidismo.

As entrevistas, iniciadas ontem (16), vão indicar se o indivíduo tem alguma doença na tireoide ou outro problema endocrinológico, se tem sintomas como dor de garganta, rouquidão, ganho de peso ou perda de cabelo, além de episódios relacionados a animais domésticos. A ação tem duração prevista de duas semanas, podendo se estender até 27 de janeiro. Caso alguém da família tenha relatado três ou mais sinais relacionados ao foco da pesquisa, a pessoa será encaminhada para a UBS de atendimento, onde deverá comparecer no prazo máximo de 15 dias, para avaliação médica e possível coleta de exames, entre eles, TSH, T4 e anti-TPO.

Após essas etapas, aqueles que apresentarem resultados alterados serão direcionados para as equipes médicas para início do tratamento pela rede do Sistema Único de Saúde (SUS) da capital. O levantamento também servirá de referência para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instaurada na Câmara Municipal de São Paulo em 2022, que trata da poluição no Polo Petroquímico de Capuava. Além disso, poderá ser utilizado para embasar eventuais ações da Secretaria Municipal da Saúde no local.

Os mapas de abrangência e outras informações sobre o estudo podem ser verificados aqui.

Incidência da tireoidite
As doenças da tireoide afetam cerca de 5% da população adulta, e sua prevalência aumenta com o passar dos anos. A tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune, caracterizada pela inflamação da tireoide provocada por uma falha no sistema imunológico. O organismo fabrica anticorpos contra as células, provocando a destruição da glândula ou redução de sua atividade.

As doenças autoimunes da tireoide afetam até 5% da população adulta e sua prevalência aumenta com o passar dos anos

É considerada a principal causa de hipotireoidismo no Brasil e se não for devidamente tratada pode levar ao coma e à morte. A patologia é mais comum em algumas famílias, o que pode indicar fator genético, além de acometer mais mulheres do que homens.

Etapas do estudo
Fase 1 - Aplicação do questionário nos domicílios, sorteados aleatoriamente, de acordo com a metodologia utilizada, pelos agentes de campo e análise dos dados relatados pelos munícipes.

Fase 2 - Encaminhamento dos moradores com três ou mais sintomas para unidades de saúde, onde receberão avaliação médica e realizarão exames.

Conclusão - Após análise estatística e comparação com grupos de controle, a Prefeitura de São Paulo dará início a ações a serem definidas, se necessárias, conforme os indicadores da amostragem na região de estudo.