No Dia do Farmacêutico, Saúde destaca atuações e projetos na capital

Além de serem responsáveis pela dispensação dos insumos nas farmácias municipais, os farmacêuticos também exercem função estratégica na promoção do uso racional de medicamentos e na melhoria da qualidade de vida dos usuários

O Dia do Farmacêutico, comemorado nesta sexta-feira (20), aponta para a importância deste profissional nos estabelecimentos de saúde. Na capital, eles desempenham papel fundamental na construção e manutenção da oferta de serviços que visam a melhora da qualidade de vida da população.

Os farmacêuticos são profissionais essenciais na assistência à saúde, pois são responsáveis por toda a gestão de medicamentos nas unidades, desenvolvimento de ações que promovam o uso racional e seguro pela população, realização de exames laboratoriais e toxicológicos, gerenciamento de laboratórios, gestão e planejamento, ensino e pesquisa, bem como participação e difusão de campanhas e projetos de educação em saúde.

Dois desses projetos pioneiros, por exemplo, são desenvolvidos pelas farmacêuticas do Atendimento Médico Ambulatorial em Especialidades (AMAE)/Unidade Básica de Saúde (UBS) Santa Cecília. O primeiro deles nasceu em 2015 e está relacionado ao acompanhamento farmacoterapêutico de transexuais e travestis, que realizam hormonização. O segundo, com início em 2020, refere-se a oferta e acompanhamento de usuários em uso de medicamentos para o tratamento das hepatites virais B e C.

Hormonização de usuários transexuais e travestis
Para melhorar a experiência em saúde da população transexual e travesti da capital, as farmacêuticas Adriana Diniz e Priscila Massuia, da AMAE/UBS Santa Cecília, elaboraram um projeto de pesquisa intitulado “Perfil dos pacientes em acompanhamento farmacoterapêutico participantes do Programa de Transexualização na região central do Município de São Paulo”.

O projeto levantou o perfil da população transexual e travesti atendida no serviço, e “a maioria dos entrevistados tinha escolaridade, residência fixa, baixo índice de uso de silicone industrial e prostituição”, afirma Adriana.

O objetivo principal do trabalho era identificar, manejar e solucionar problemas relacionados a medicamentos, otimizando a farmacoterapia desta população e o ganho em qualidade de vida. Foram realizadas consultas farmacêuticas, utilizando questionário e termo de consentimento livre esclarecido devidamente aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).

Neste contexto, as farmacêuticas da unidade foram diretamente inseridas no processo de atendimento da população transexual e travesti, garantindo acesso aos medicamentos previstos no programa de hormonização. Além disso, os beneficiários do serviço também receberam acompanhamento farmacoterapêutico, incluindo orientações sobre as Profilaxias Pré e Pós-Exposição ao HIV (PrEP e PEP).

Atualmente, as farmacêuticas buscam a publicação do trabalho no formato de artigo científico e estão inscritas para apresentação do material no Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems). “Publicar o artigo científico será importante para dar mais visibilidade ao projeto, sensibilizar outras equipes da rede e aumentar o alcance das populações mais vulneráveis da capital”, complementa a farmacêutica.

Farmacêuticos e as hepatites virais B e C
Desde junho de 2020, os medicamentos para tratamento das hepatites virais B e C, que antes eram retirados nas farmácias do componente especializado (antigo “alto custo”) do estado de São Paulo, passaram a ser ofertados em mais de 30 unidades de saúde distribuídas por todas as regiões do município.

Um destes equipamentos é a AMAE Santa Cecília, que está no mesmo espaço físico da UBS Santa Cecília, e possui cerca de 390 pacientes ativos e média de 12.000 comprimidos de medicamentos para hepatites dispensados no mês.

Os pacientes passam por consultas farmacêuticas trimestrais, nas quais monitora-se a adesão ao tratamento, possíveis reações adversas aos medicamentos e a ocorrência de interações medicamentosas, ou seja, as farmacêuticas realizam a gestão da farmacoterapia.

Para Adriana, esta iniciativa favorece a interlocução entre farmacêuticos e prescritores das receitas, uma vez que, às vezes, ajustes no receituário são necessários e esse desenvolvimento favorece a interação multidisciplinar com outros profissionais da rede.

“Todo esse processo de transição para um papel mais estratégico da Assistência Farmacêutica possibilitou que os profissionais de farmácia das unidades de referência se apropriassem de suas várias habilidades, adquirindo mais conhecimento e possibilidade de atuação clínica” finaliza Adriana.