Maternidade Cachoeirinha realiza parto de gestante com obesidade grave

Quinze profissionais participaram do atendimento na sala cirúrgica, que durou 1h30

O Hospital Municipal Maternidade-Escola Dr. Mário de Moraes Altenfelder Silva, conhecido como "Maternidade Cachoeirinha", localizado na zona norte da capital, realizou, na madrugada de sexta-feira (20), o parto de uma mulher com obesidade grave (grau III), que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é aquela em que o paciente apresenta índice de massa corporal (IMC) maior que 40 kg/m².

A cirurgia de Jhuly Amorim Santana, modelo plus size e professora de educação física, durou 1h30 e Raí nasceu às 00h03, medindo 49 centímetros e pesando um pouco mais de 3 quilos. Após a cesariana, o bebê foi levado para o berçário neonatal, onde permaneceu em observação por algumas horas. Na sequência, foi para o quarto da mãe.

O parto do pequeno Raí foi delicado porque Jhuly, de 35 anos, pesa 217 quilos, com IMC de 77 kg/m². O procedimento contou com uma equipe composta por 15 profissionais, entre enfermeiros e médicos de diversas especialidades. Por causa dos riscos que envolviam o parto, tudo precisou ser preparado com muita cautela pela equipe assistencial da maternidade, que ofereceu toda a estrutura para que mãe e bebê fossem acompanhados com segurança.

“O parto foi um sucesso e isso se deve à preparação que foi feita para assistir a mãe e o bebê. Contamos com uma equipe robusta e os equipamentos necessários para garantir um procedimento até então inédito para todos nós”, conta a obstetra Sigrun Weinketz. Com uma equipe formada por sete obstetras, três anestesistas, dois neonatologistas e a equipe de enfermagem, a obstetra explica que toda essa estrutura foi necessária porque gestantes com obesidade grau III têm mais probabilidade de complicações, como infecções, embolias, trombose e hemorragias.

A nova mamãe conta que sempre acreditou no trabalho de toda equipe multiprofissional, que a amparou desde que iniciou o pré-natal. “Eu fiz o pré-natal de alto risco na rede municipal e fui muito bem assistida. Como eu estava com diabetes gestacional, passei por uma reeducação alimentar e fiz o controle da glicemia com insulina. Eu me senti muito segura aqui no Cachoeirinha porque tudo foi preparado para me acolher da melhor forma. A estrutura daqui é muito boa e a equipe me tranquilizou muito.”

Para Jhuly, foi muito importante e fez toda a diferença receber as orientações dos profissionais de saúde e ter à disposição um centro cirúrgico adequado para o atendimento. “Minha primeira filha nasceu prematura, com apenas 1,5 kg, mas o Raí nasceu na 38ª semana e sem nenhum problema de saúde. Quando sair do hospital, vou contar sobre o parto no meu canal do YouTube”, diz. O endereço dela no Instagram é Jhuly Amorim Santana.

50 anos de história
O HMEC, que celebrou 50 anos de história em dezembro do ano passado, está localizado na zona norte da capital e é referência no atendimento humanizado a mulheres, gestantes e bebês. Considerado o “berço da neonatologia” no Brasil, a maternidade-escola é responsável pela formação de gerações de médicos nessa especialidade e já recebeu por nove vezes o selo de ouro do Sistema de Informação sobre os Nascidos Vivos (Sinasc), prêmio dado a hospitais e maternidades que alcançaram o melhor padrão de qualidade na cidade de São Paulo, além de ter as certificações de Hospital Amigo da Mulher e Hospital Amigo da Criança.

Nos últimos 20 anos, mais de 200 mil crianças nasceram no hospital. Em funcionamento desde 4 de dezembro de 1972, a maternidade é referência nacional no atendimento das áreas de saúde da mulher, especialmente na assistência às gestantes de alto risco e seus bebês, assim como nas especialidades de ginecologia e obstetrícia, mastologia, uroginecologia, endoscopia ginecológica, planejamento reprodutivo, atenção à mulher vítima de violência sexual, além de ser o primeiro hospital da rede municipal que realizou correção cirúrgica de mielomeningocele fetal intrauterina.

Por mês, são realizados cerca de 500 partos na instituição. Quando os bebês precisam de cuidados especiais, são atendidos pela unidade neonatal, um setor de internação altamente especializado no tratamento de recém-nascidos de alto risco, com peso inferior a 2.000 gramas, com distúrbios respiratórios, quadros de infecção ou má-formação.

Com 60 leitos neonatais, sendo 30 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), 26 leitos de Unidade Neonatal de Cuidados Intermediários e quatro leitos de Unidade de Cuidados Intermediários Canguru, a unidade neonatal já atendeu mais de 15 mil crianças desde 2008. No local, os bebês recebem atenção integral de uma equipe interdisciplinar composta por médicos, equipe de enfermagem, fonoaudiólogas, fisioterapeutas, farmacêuticos, nutricionistas, assistentes sociais e psicólogas.

A instituição foi premiada e reconhecida pela Fundação Orsa, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Ministério da Saúde, pela aplicação integral da assistência humanizada ao recém-nascido de baixo peso, pelo Método Mãe-Canguru – um serviço humanizado de assistência neonatal que implica no contato precoce pele a pele entre os pais e o bebê prematuro, pelo tempo que quiserem.