Medicamentos fitoterápicos: saiba o que são e os cuidados com seu uso

Reconhecidos pela OMS e considerados como parte da medicina tradicional, no Brasil estes produtos precisam ter registro na Anvisa e prescrição médica

Medicamentos fitoterápicos são naturais e reconhecidos como terapias efetivas na prevenção e cura de doenças, mas não são isentos de riscos para a saúde. Veja a seguir algumas questões com informações, orientações e pontos de atenção sobre estes produtos.

O que são medicamentos fitoterápicos?

São medicamentos integralmente obtidos a partir de plantas e que passam por um processo de industrialização, com a padronização da quantidade e da forma de uso. Estes princípios ativos podem ser extraídos das raízes, caule, folhas, flores e sementes das plantas medicinais. são comercializados ou distribuídos na forma de cápsulas, comprimidos, pomadas ou xaropes. As formas farmacêuticas dos fitoterápicos podem conter a própria planta seca ou por produtos obtidos dela, conhecidos como derivados vegetais. São derivados vegetais os extratos, óleos ou ceras extraídos de plantas.

O que são Produtos Tradicionais Fitoterápicos (PTF)?

É um segundo tipo de fitoterápico industrializado, que é autorizado após a apresentação de dados que demonstram que estão sendo utilizado por um longo tempo pela população (no mínimo 30 anos) e que, durante todo esse tempo, se mostrou seguro e efetivo para a indicação pretendida. Estes produtos não passam por estudos clínicos e só podem ser indicados para tratar doenças consideradas não graves ou que não necessitem de acompanhamento médico. Não possuem bula, mas vêm acompanhados de folheto informativo, que é um modelo de bula simplificada.

De que forma as organizações de saúde reconhecem os fitoterápicos?

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), os fitoterápicos estão inseridos nas chamadas medicinas tradicionais, complementares e integrativas (MTCI) denominação que se refere um amplo conjunto de práticas de atenção à saúde baseado em teorias e experiências de diferentes culturas utilizadas para promoção da saúde, prevenção e recuperação, levando em consideração o ser integral em todas as suas dimensões. As MTCI são um importante modelo de cuidado à saúde, sendo inclusive a principal oferta de serviços à população em muitos países. Em outros, como no Brasil, elas são oferecidas de forma complementar ao sistema convencional. Mais de metade dos 194 estados membros da OMS (incluindo o Brasil) possuem uma política nacional de medicina tradicional e complementar. Na rede municipal de São Paulo, estas terapias são oferecidas por meio das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics).

Como agem os fitoterápicos?

Estes medicamentos se utilizam dos princípios ativos de plantas medicinais para o tratamento ou a prevenção de doenças e problemas como ansiedade, gastrite, insônia, contusões, má digestão, tosse, irritação na pele, artrite e outros.

Plantas medicinais e fitoterápicos são a mesma coisa?

Não. Plantas medicinais são aquelas com propriedades para aliviar ou curar enfermidades e são usadas tradicionalmente na forma de chás e infusões por uma população ou comunidade, sendo necessário conhecer a planta, saber como colhê-la e qual parte dela utilizar.

Fitoterápicos precisam de registro?

Fitoterápicos vendidos prontos em drogarias necessitam de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); as farmácias de manipulação com registro sanitário também têm autorização para manipular fitoterápicos, desde que sejam prescritos por profissionais habilitados.

Por serem produtos naturais, os fitoterápicos estão livres de efeitos colaterais e de provocar riscos à saúde?

Não. O efeito colateral é um efeito diferente daquele considerado como principal por um fármaco, em uma área não desejada. Isso acontece não só com medicamentos alopáticos, mas também com os fitoterápicos. E, da mesma forma que pode acontecer com qualquer medicamento, a utilização inadequada dos fitoterápicos, como a automedicação, pode trazer uma série de efeitos colaterais, como reações alérgicas e efeitos tóxicos em vários órgãos. Fitoterápicos também podem interagir de forma negativa com outros medicamentos (naturais ou alopáticos) usados pela pessoa. Alguns grupos, em especial, devem sempre devem tomar cuidado especial, além de seguir a prescrição médica, como gestantes, lactantes, crianças.

Quais as dicas de cuidados ao adquirir medicamentos fitoterápicos?

Em primeiro lugar, eles devem ser adquiridos em farmácias e drogarias autorizadas pelo órgão de vigilância sanitária. Depois de comprar, siga as instruções da bula ao utilizá-lo, observe sempre a data de validade e tenha cuidado ao associar medicamentos, para não correr riscos como alteração nos seus efeitos ou mesmo de toxicidade. Não compre produtos que não tenham o número de registro na Anvisa no formato MS: 1.XXXX.XXXX-XXXX, ou que contenham um grande número de plantas medicinais, ou que sejam indicados para muitas doenças, ou ainda que não contenham o nome botânico da planta, ou do farmacêutico responsável na embalagem, além de nome, endereço e telefone do serviço de atendimento da empresa responsável.

Onde procurar orientações em caso de suspeita de intoxicação por estes medicamentos ou outra substância química?

Você pode ligar para o Centro de Controle de Intoxicações da cidade de São Paulo (CCI-SP), no 0800-7713733. O CCI-SP é um serviço municipal que funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana e tem como missão, fornecer informação toxicológica a respeito do diagnóstico, tratamento e prognóstico de intoxicações, assim como sobre a toxicidade de produtos químicos e a prevenção dos agravos à saúde causados por substâncias químicas.