Saúde reforça importância da prevenção e diagnóstico da sífilis

Rede municipal oferece testagem e tratamento para a infecção, que também pode ser passada de mãe para o bebê durante a gestação ou parto

A sífilis é uma infecção causada pela bactéria Treponema pallidum, transmitida durante a relação sexual desprotegida com pessoa infectada, ou da mãe para o bebê durante a gestação através da placenta ou canal de parto (transmissão vertical).

A doença é exclusiva do ser humano e possui cura, desde que diagnosticada e tratada precocemente. O diagnóstico é feito por exame de sangue, e quanto antes for iniciado o tratamento, melhores as chances de evitar complicações. Além disso, as parcerias sexuais da pessoa infectada também devem ser testadas e tratadas, pois ao longo do tempo a sífilis pode provocar cegueira, paralisias, doenças neurológicas e no coração.

Brasil registra aumento de casos
De acordo com dados do Ministério da Saúde (MS), no período de 2011 a 2021, foram notificados no país 1.035.942 casos de sífilis adquirida, 466.584 casos de sífilis em gestantes e 221.600 casos de sífilis congênita, resultando em 2.064 óbitos, tendo sido registrado um aumento constante no número de casos, trajetória que só foi alterada em 2020, no auge da pandemia de Covid-19. Só em 2021, foram notificados 167.523 casos de sífilis adquirida, 74.095 casos em gestantes e 27.019 de sífilis congênita.

Na série histórica do MS, a maior parte dos casos notificados foi entre pessoas do sexo masculino (60,6%) e nas faixas etárias de 20 a 29 anos (35,6%) e 30 a 39 anos (22,3%). Entre adolescentes de 13 a 19 anos, os casos aumentaram 2,2 vezes entre 2015 e 2021. Nesta faixa etária, outro dado relevante foi a prevalência da doença entre mulheres, com o registro sete homens para cada dez mulheres com sífilis.

No do município de São Paulo, a série histórica mostra que desde 2011 o número de casos de sífilis adquirida apresentou aumento de quase três vezes, passando de 6.712 para 18.645 em 2021, porém o maior crescimento no número de casos foi na faixa etária entre 15 e 19 anos, com um aumento de sete vezes.

Segundo o boletim epidemiológico do município, em 2021, do total de casos notificados de sífilis adquirida, 67,2% (12.521) eram homens e 32,8% (6.116) eram mulheres, em uma proporção de dois homens para cada mulher. Porém, considerando-se o número de casos notificados de sífilis em gestantes no mesmo ano (6.086), o total de casos de sífilis em mulheres passa a ser 12.202 casos, o que altera a proporção para um homem para cada mulher.

Na sífilis congênita, em 2021 foram notificados no município 969 casos, e destes 12,1 % evoluíram para aborto, 4,7% para natimortos e 0,7% para óbito neonatal pelo agravo.

Sintomas e sinais
Após o contágio, a doença possui um período de incubação que varia de dez dias a três meses, podendo evoluir em três estágios. No estágio primário, aparece uma ferida nos órgãos genitais, que desaparece espontaneamente sem deixar cicatriz. Outro sintoma nesse estágio são gânglios aumentados e ínguas na região das virilhas.

No estágio secundário, que se manifesta de quatro a dez semanas após a infecção, os sintomas são manchas vermelhas na pele (geralmente no tronco), na mucosa da boca, nas palmas das mãos e plantas dos pés, além de febre, dor de cabeça, mal-estar e inapetência, que podem desaparecer, embora a doença continue ativa. Este é justamente o perigo: depois de anos a sífilis pode reaparecer em sua terceira fase, já com comprometimento do sistema nervoso central, sistema cardiovascular, lesões na pele e nos ossos.

Sífilis gestacional
Em gestantes, a sífilis pode levar a desfechos como aborto, morte do feto após 20 semanas de gestação, baixo peso, prematuridade, entre outras enfermidades. Na sífilis congênita, o bebê pode nascer aparentemente saudável e os sintomas começam a surgir nos primeiros meses de vida. Entre eles estão irritabilidade, alterações ósseas, auditivas e de desenvolvimento. No caso de crianças maiores, os sinais podem incluir deformidades ósseas, surdez, inflamação articular, dentes anormais, perda visual, entre outros.

Atendimento na rede municipal
Em caso de suspeita de infecção, o munícipe pode procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência para passar por consulta e realizar os exames necessários. Também é possível realizar a testagem da sífilis gratuitamente em qualquer unidade da Rede Municipal Especializada (RME), que são os Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) e os Serviços de Atenção Especializada (SAE). O SUS oferece os medicamentos necessários ao tratamento da doença, que é realizado com acompanhamento médico e são gratuitos.

Vale destacar que o uso de preservativos externos ou internos é sempre recomendado durante as relações sexuais, para proteger contra as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e gravidez não planejada. A rede municipal de saúde disponibiliza camisinhas gratuitamente em todos os seus equipamentos. Além disso, também estão disponíveis nas estações de metrô e terminais de ônibus da cidade.

A relação de todos os equipamentos de saúde da capital pode ser consultada na página Busca Saúde.