Na Saúde e nas escolas de samba, conheça os enredos criados por Odirley Isidoro no SUS

Assistente administrativo, estudante de comunicação e apaixonado por samba, ele cumpre um delicado papel no hospital em que trabalha

Quando um paciente vem a óbito dentro de um hospital, um profissional assume a tarefa que exige muito equilíbrio e sensibilidade: orientar sobre os próximos passos que os familiares terão de seguir, como dar a entrada em alguns documentos. No Hospital Municipal Dr. Benedicto Montenegro, conhecido como Hospital Jardim Iva, esse é o trabalho do assistente administrativo Odirley Isidoro, de 39 anos de idade. “A meu ver este é um dos trabalhos mais difíceis do mundo, pois o familiar está ocupado com a dor que está sentindo e sou eu que preciso fazer com que ele entenda cada uma das etapas burocráticas que precisam ser seguidas, sem esquecer de acolher cada uma dessas pessoas de forma humanizada e empática”, explica.

A foto mostra Odirley Isidoro, um homem negro; ele está de braços cruzados, usa máscara e uma camisa branca com flores

Odirley conta como o trabalho na rede o levou a cursar jornalismo (Foto: Acervo Pessoal)
 

Antes de assumir essa função dois anos atrás, Odirley trabalhou no Hospital Municipal Professor Doutor Alípio Corrêa Netto, o Ermelino Matarazzo, na zona leste, por cinco anos, e foi lá que teve uma das maiores oportunidades da carreira. Interessado desde sempre por comunicação, e formado em assessoria de imprensa pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), o servidor foi convidado para fazer a comunicação interna da unidade.

Além de desenvolver o jornal do hospital, ele homenageava os colegas de trabalho contando as histórias deles. Foi assim que o jardineiro Antônio, há mais de 20 anos no hospital, se viu reconhecido. “Durante um tempo eu registrei o trabalho dele com as flores, fotografava e guardava. No final, fiz um quadro com todas elas, o Antônio se emocionou demais, e ali tive a certeza de que o mais importante em qualquer trabalho é a troca com as pessoas, a forma como podemos mudar o dia de alguém.”

A foto mostra Odirley com os colegas de equipe do Hospital Jardim Iva

Odirley com colegas do hospital (a partir da esq.): Lívia, Sônia e Vagner (Foto: Acervo Pessoal)

Foi o trabalho na Saúde que trouxe a oportunidade para Odirley voltar a estudar. Por causa da experiência com a comunicação, o profissional quis cursar uma faculdade. Já são dois anos da formação de nível superior na Universidade Estácio de Sá, que o habilitará para o exercício do jornalismo quando se formar, em 2024.

Q+
Nascido e criado na zona norte de São Paulo, desde pequeno frequenta os barracões da Unidos do Peruche e da Camisa Verde e Branco. “Costumo dizer que o samba, a música, me salvaram. É onde eu encontro tranquilidade e paz”, afirma o coautor de enredos como o do Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Primeira da Aclimação e Grêmio Recreativo Escola de Samba Bambas. Além disso, mantém uma coluna no portal da União das Escolas de Samba Paulistanas (Uesp).