Saúde entrega Serviço de Cuidados Prolongados Álcool e Drogas para tratamento de dependência química

Unidade Boracea é pioneira no Brasil e conta com diversas atividades, além de atendimento multiprofissional

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), entregou nesta quinta-feira (23) o Serviço de Cuidados Prolongados (SCP) Álcool e Drogas (AD) Boracea, iniciativa pioneira no Brasil. Administrado pela Associação Filantrópica Nova Esperança (Afne) e localizado no mesmo prédio em que funciona o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) AD III Boracea, o novo equipamento oferece acolhimento e tratamento para dependentes de álcool e drogas. O objetivo do SCP é reinserir os pacientes na sociedade do ponto de vista biopsicossocial e econômico. O evento contou com a presença do vice-governador Felício Ramuth, secretários, vereadores e parceiros do novo serviço.

A unidade, que começou a funcionar em 26 de dezembro de 2022, acolhe atualmente 32 pacientes e tem capacidade para atender diariamente 39 usuários em acolhimento integral. O serviço conta com quatro dormitórios, quatro consultórios, quadra, sala de ambiência, sala de estar, sala de grupo e refeitório. O tratamento oferecido é multidisciplinar e os pacientes acolhidos possuem rotina com atividades que vão de meditação, musicoterapia, terapia em grupo até arteterapia, atividades físicas, entre outras.

O prefeito Ricardo Nunes destacou a relevância do novo equipamento em evento realizado na manhã desta quinta (23). “Nosso grande desafio é ofertar serviços que possam ajudar as pessoas a saírem do álcool e das drogas, de ter aqui um atendimento médico e social, que depois vai poder encaminhar as pessoas para ter um trabalho. É um serviço que se soma aos Siats [Serviços Integrados de Acolhida Terapêutica], aos Caps e a toda a rede de atenção da cidade”, declarou.

O espaço, que já atendeu, desde dezembro, 59 pessoas, utiliza a metodologia do projeto terapêutico singular (PTS), um tratamento individualizado e elaborado para cada paciente. Além disso, tanto a adesão ao programa como a permanência são voluntárias.

“É uma ideia que está dando muito certo. Nós tínhamos que arrumar uma solução na Saúde para tirar essa população da rua e dar um tratamento adequado. Nesse equipamento nós conseguimos trazer o paciente para ter um cuidado intermediário entre a desintoxicação e a volta para suas atividades”, informou o secretário municipal da Saúde, Luiz Carlos Zamarco.

M.C., 41 anos, é uma mulher transexual que está há aproximadamente um mês no SCP. Ela conta que após um ano e meio sem usar drogas teve uma recaída e não acreditava mais que poderia se recuperar. “Eu deixei de acreditar em mim. Achava que se, depois de todo aquele tempo, eu tinha voltado a usar, eu não tinha mais solução, mas aqui eu vi que não. Minha autoestima e minha vaidade, que eu sempre tive, foram reestabelecidas. Eu quero sair daqui e estudar corte e costura, que é o meu sonho.”

O paciente chega ao SCP por meio do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) AD IV Redenção, que o encaminha para o Hospital Cantareira. Após a desintoxicação, se o paciente aceitar participar do programa, ele é encaminhado para o SCP onde ficará por até 90 dias, prorrogáveis por mais 30 a depender do estabelecido no projeto terapêutico singular.

G.A. é o paciente que está há mais tempo no programa, ele chegou ao local em setembro, quando o acolhimento ainda era realizado pelo Caps AD III Boracea, e hoje já faz saídas sozinho para ir à igreja. Para G.A, receber visitas o fez restaurar seus vínculos familiares. “Eu não aguentava mais sofrer e hoje eu me sinto muito bem. Meu sonho agora é conseguir me manter sem a dependência, encontrar uma esposa e construir família.”

Ele se emociona ainda ao falar do apoio que recebeu da equipe multiprofissional e completa: “É como se fosse uma mãe para a gente. É muito importante ver que eles querem a nossa melhora, eles querem que a gente prospere.”

”Nós temos vários perfis de pacientes em uso de drogadição e a política instituída pelo Ministério da Saúde tem duas frentes, a de redução de danos, que é o serviço que nossos Caps Álcool e Drogas oferece, e abstinência. Aqui é um serviço focado em abstinência. Hoje, a cidade de São Paulo oferece as duas modalidades de atendimentos”, acrescentou a secretária-executiva de Atenção Básica, Especialidades e Vigilância em Saúde, Sandra Sabino Fonseca.

Rede de Atenção
A rede municipal dispõe de 26 equipes multidisciplinares do programa Consultório na Rua (CnR), que abrange todas as regiões da cidade, além das seis equipes do programa Redenção na Rua, que fazem parte de uma estratégia de ampliação do acesso e cuidado em saúde destinado à população em situação de rua, integrando e articulando as ações com os diferentes equipamentos da rede.

Além disso, há 216 equipamentos que compõem a Rede de Atenção Psicossocial (Raps), sendo 102 Centros de Atenção Psicossocial (Caps), que, juntamente com as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), são portas de entrada para o cuidado em saúde mental no município, atendem as demandas previamente agendadas e as espontâneas, inclusive com atendimento psicológico.