Brinquedista hospitalar, Genilda Camargo trabalha para tornar os dias de internação das crianças mais leves

Trabalho faz a diferença na vida de pacientes e seus familiares no dia a dia em um hospital

Transformar o dia a dia de crianças internadas não é uma tarefa fácil, no entanto é o que dá sentido à vida da brinquedista hospitalar Genilda Camargo de Campos, 48 anos de idade, que trabalha no Hospital Municipal Cidade Tiradentes – Carmen Prudente.

A trajetória profissional na área hospitalar da atual estudante de pedagogia começou em 2008, como auxiliar de higienização. “Eu sempre gostei do meu trabalho, mas todos sabiam que meu sonho era estar com crianças. Então, quando a vaga de brinquedista hospitalar apareceu, muitos colegas me incentivaram a participar do processo seletivo e, em 2018, eu passei.”

Na imagem, aparece Genilda, mulher branca, cabelo loiro, que veste um agasalho cor-de-rosa, usa máscara de proteção e segura três bonecas de tamanhos pequeno, médio e grande (Emílias). Ao fundo, há brinquedos e livros

A profissional é apaixonada pela Emília do 'Sítio do Picapau Amarelo' e faz coleção da boneca (Foto: Divulgação/SMS)

Na brinquedoteca do hospital, os desafios diversos se agravaram durante a pandemia de Covid-19. O desespero das mães que estavam com os filhos internados no hospital muitas vezes comoveu Genilda. “Em março de 2020, quando ainda não tínhamos vacina, uma das crianças veio me dizer que não queria que ela nem a mãe morressem, aquilo me tocou demais.”

Em agosto de 2020, a diretoria do hospital municipal e a equipe do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) criaram um protocolo para que a brinquedista pudesse voltar a ter contato com as crianças, de acordo com as medidas de segurança que a crise sanitária exigia. Com um carrinho utilizado pela farmácia, devidamente personalizado por ela, passou a visitar os pacientes.

“Eu precisava higienizar cada brinquedo, cada lápis, tudo que o paciente pegava assim que eu saía do quarto, era cansativo, mas gratificante ver como eles se divertiam durante aqueles minutos”, relembra.

Apaixonada por bonecas desde a infância, Genilda realizou um sonho no trabalho ao ser convidada pela equipe hospitalar para se fantasiar de Emília, a personagem do “Sítio do Picapau Amarelo” que marcou sua infância. “Foi um momento muito especial para mim, eu me tornei uma boneca viva e o sorriso de cada criança naquele dia motivou ainda mais o meu trabalho”, conta Genilda que, em 2019, criou a própria boneca, apelidada por um grupo de crianças de “Narizinho”, também personagem de Monteiro Lobato.

Na imagem, Genilda, mulher branca e cabelo loiro, aparece usando agasalho cor-de-rosa e máscara de proteção, ao lado de uma brinquedoteca móvel com lápis de cor e outros objetos

Durante a pandemia da Covid19, criou uma brinquedoteca móvel para continuar levando alegria às crianças internadas (Foto: Divulgação/SMS)

Nesse grupo estava Júlio, internado para fazer uma cirurgia de apêndice. Quando a família chegou ao hospital, estava assustada, o menino passava o tempo todo quieto, sem conseguir interagir, e a mãe continuava preocupada com o procedimento. O contato com as outras crianças na brinquedoteca ajudou dali até a recuperação do garoto. “Júlio e a mãe Adriana me agradeceram muito e, em 2022, voltaram ao hospital. A mãe do menino me disse que nos momentos mais difíceis a brinquedoteca trouxe alegria para os dias dele. Isso para mim é muito gratificante”, emociona-se.


Q+
A vida da brinquedista hospitalar é marcada pela personagem Emília do “Sítio do Picapau Amarelo”, literatura escrita pelo autor brasileiro Monteiro Lobato. Essa paixão motiva os colegas a sempre presentearem Genilda com bonecas de pano. “A Emília é minha paixão e me inspiro nela, assim como em outros dessa obra, para fazer meu trabalho com amor e levar alegria para as crianças”