Técnico da Saúde no Redenção trabalha pela retomada da vida por pacientes do Siat III Ermelino Matarazzo

Conheça a história de Wilson, que encontrou no trabalho um propósito de vida ao auxiliar na recuperação plena de dependentes químicos

Encontrar a profissão que o permite trabalhar por um propósito maior e fazer disso a missão de vida foi um presente na trajetória de Wilson José da Silva, 44 anos, técnico social da equipe do Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica (Siat III) Ermelino Matarazzo.

Natural de São Miguel Paulista, bairro da zona leste da capital, o profissional tem experiência em equipamentos que fazem o acolhimento e tratamento em saúde mental. Hoje, ele integra uma das equipes multidisciplinares do programa Redenção, da Prefeitura de São Paulo, do qual a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) faz parte.

Graduado inicialmente em filosofia pela Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul), Wilson atuou na área da educação, e mais tarde cursou psicopedagogia com especialização em neurociência pela Universidade Paulista (Unip). Iniciou a carreira na Saúde em 2018, como psicopedagogo clínico no Centro de Atenção Psicossocial II (Caps) São Miguel, gerido pela Organização Social de Saúde (OSS) Casa de Isabel.

Na imagem Wilson está sentado com os braços apoiados na mesa e posando para a foto. Ele usa camisa branca, crachá e óculos de grau.

Wilson trabalha desde 2021 na unidade de acolhimento a pacientes do programa Redenção (Foto: Arquivo Pessoal)

Convidado pela organização a fazer parte da equipe do Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica (Siat III) Ermelino Matarazzo, unidade que acabara de ser inaugurada, já são dois anos de serviços prestados lá, numa escala de 12h por 36h, como “facilitador” para as 60 pessoas atendidas, promovendo ainda o acesso à assistência e empregabilidade.

O programa Redenção organiza o trabalho em três fases, segundo Wilson: profissionais dos Siats I fazem a abordagem nas ruas, o acolhimento e, com o aceite da pessoa, encaminha para o início do tratamento. Após essa etapa, entram os Siats II, onde inicia o processo de tratamento intensivo em saúde na dependência química. “É nessa etapa que eles começam a reaprender e entender o que é uma relação de respeito e cumprimento de regras para alcançar os objetivos, como ter horário para dormir, comer, de entrada e saída do equipamento, além de direitos e deveres”, explica o profissional. Quando estão mais ambientados à nova realidade, é a vez de buscar a reinserção a sociedade a partir da fase desenvolvida nos Siats III. Acompanhamento em saúde e assistência social, atendimento de urgência e emergência, tratamento de comorbidades e a dicção com possibilidades terapêuticas variadas, reestabelecimento de vínculos sociais e capacitação profissional estão no escopo do trabalho conjunto das secretarias municipais da Saúde (SMS), Assistência e Desenvolvimento Social (Smads) e Desenvolvimento Econômico e Trabalho (SMDET). A dependência química não tem cura, como lembra Wilson, e a estratégia do técnico social “é entender o indivíduo na sua essência e totalidade”, porque a saída qualificada não garante que ele pare de usar drogas definitivamente. “A maioria deles consegue seguir uma vida funcional com o uso reduzido da substância ou de mais de uma delas, sem atrapalhar o convívio social.”

O técnico se emociona ao relembrar de cada beneficiário do serviço, sob sua supervisão. “Nós nos consideramos uma grande família e a gente tem muitas histórias. O Siat III é uma porta de saída, o último estágio do programa para o indivíduo voltar à sociedade, à família, conquistar um emprego. Ajudar uma pessoa a sair da dependência de drogas requer um investimento muito grande de tempo, vontade e, principalmente, um olhar de amor e empatia.”

Pelo menos uma vez ao mês, são feitos passeios culturais com as pessoas atendidas no equipamento de saúde, além disso durante os dois anos de tratamento, a equipe pode acompanhar visitas a familiares na cidade ou estado de origem do indivíduo, caso seja de fora de São Paulo. Wilson relembra um de seus acolhidos, de quem a família não tinha notícias há quase 15 anos. Pôde acompanhá-lo no reencontro com os pais e irmãos: “Foi emocionante, porque ele nem sabia se os pais ainda estavam vivos. História de sucesso é quando a gente aposta no ser humano!”, afirma o técnico social.

Na imagem Wilson está rodeado pela família, três filhos e a esposa. Todos estão no sofá. Ao lado de Wilson a esposa e atrás deles os filhos, sendo dois meninos e uma menina.

Com a esposa Raquel Helena e os filhos Lívia Helena, Vitor Augusto e Felipe Augusto (Foto: Arquivo Pessoal)

Q+

No tempo livre Wilson diz que adora ler, sobretudo filosofia. Ele conta que, além das obras de grandes pensadores, também se interessa pela filosofia moderna. Cita até alguns livros que dividem a estante com os clássicos: “O mundo que não pensa”, de Franklin Foer, “O homem de Darwin” e “A História da Filosofia”, de Cláudio Blanc.