Internação do próprio pai muda a história profissional de auxiliar de enfermagem

História pessoal fez despertar em Clayton Nunes de França o interesse e a vontade de cuidar do próximo

Durante a Semana de Enfermagem, celebrada de 12 a 20 de maio, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) homenageia estes profissionais, que na rede pública da capital somam 36.183 pessoas, entre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, atuando em todos os equipamentos.

Confira a seguir o depoimento do auxiliar de enfermagem Clayton Nunes, que trabalha há seis anos na Unidade Básica de Saúde (UBS) Jardim Umuarama, e conta um pouco sobre a sua história, rotina diária e objetivos na carreira.

Na imagem, o auxiliar Clayton, de cabelo curto e trajando jaleco, aparece sorrindo e sentado numa sala da UBS Jardim Umuarama junto com um paciente, que está de costas. Na mesa, há um computador e um caderno sobre ela.

Clayton deseja cursar faculdade de enfermagem futuramente (Foto: Acervo Pessoal)

“Eu sou grato duas vezes: uma por ter nascido no Dia da Enfermagem, comemorado em 12 de maio; e a outra por trabalhar na área e poder servir e cuidar do próximo”. É com essas palavras que Clayton Nunes de França, 33 anos, natural de São Paulo, define a sua trajetória profissional e dedicação junto à rede municipal de saúde.

Tudo começou em meados de 2014. Clayton trabalhava na área de segurança privada e cursava o último semestre de licenciatura em geografia. Naquela época, o seu pai estava internado para cuidados paliativos em decorrência do câncer de próstata. Ao visitá-lo no hospital, foi crescendo o desejo de cuidar de pessoas enfermas e ajudá-las em suas necessidades, com carinho e atenção em cada detalhe. “Foi quando decidi trancar a faculdade na reta final e fazer os cursos de auxiliar e técnico em enfermagem”, relembra.

Há seis anos na Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Clayton é auxiliar de enfermagem da Unidade Básica de Saúde (UBS) Jardim Umuarama, zona sul da capital, atuando na vigilância epidemiológica e no Programa de Automonitoramento Glicêmico (Pamg), que orienta e atende os munícipes insulinodependentes, possibilitando o acesso de forma contínua a insumos que garantem o adequado automonitoramento e autocuidado do paciente diabético.

Os vínculos criados com os pacientes motivam o dia a dia do seu trabalho. “Considero os pacientes como filhos. Enfrentamos juntos todas as etapas de tratamento e acompanho, lado a lado, suas dificuldades e a própria evolução. É um cuidado especial, o desejo de vê-los recuperados e com saúde.”, reforça.

Clayton relembra histórias com diferentes desfechos

Nesses anos de trabalho, Clayton vivenciou diferentes situações. Uma delas envolve um paciente de 33 anos que morreu de tuberculose. Era usuário de drogas e não procurou ajuda médica. “Ao investigarmos possíveis casos da doença na comunidade, descobri que era meu amigo. Senti raiva, tristeza e um sentimento de impotência, pois ele poderia ter se tratado e estaria vivo”, relembra. Um outro caso, também de tuberculose, é de um paciente idoso que era resistente ao tratamento, mas conseguiu se recuperar após a insistência de Clayton. “Conseguimos reverter a situação após estreitarmos o vínculo com o paciente. Hoje, é grato por não termos desistido dele, e isso nos alegra”.

Em meio a tantas histórias, superações e a certeza de que fez a escolha certa, Clayton se orgulha de fazer parte do Sistema Único de Saúde (SUS). Dentre as suas metas para o futuro, cursar faculdade de enfermagem é a principal delas. Enquanto isso, o marido da Iranice Maria e o pai do Lucca, 3 anos, e Lorenzo, 6, segue servindo e cuidando dos pacientes. Desta forma, o filho de pai pedreiro (falecido) e de mãe doméstica tem traçado uma trajetória profissional que faz diferença na comunidade.