Dia Internacional contra a LGBTfobia reforça a diversidade e luta contra o preconceito

CR POP TT já realizou mais de 800 atendimentos desde seu lançamento em janeiro de 2023

O Dia Internacional contra a LGBTfobia, comemorado anualmente no dia 17 de maio, simboliza o marco histórico de quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou o termo "homossexualismo" da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID), em 1990. Desde então a data ficou mundialmente conhecida com o intuito de reforçar a importância de celebrar a diversidade e fortalecer a luta contra o preconceito.

Na cidade de São Paulo, o Centro de Referência de Saúde Integral para a População de Travestis e Transexuais (CR POP TT) – Janaína Lima, inaugurado em janeiro deste ano, já realizou 815 atendimentos desde a sua abertura. Por ser um equipamento de atenção secundária em saúde, ele tem objetivo de complementar os serviços que já são oferecidos a esta população pela Rede de Atenção à Saúde Integral de Pessoas Travestis e Transexuais, também conhecida como Rede Sampa Trans.

O encaminhamento para o CR POP TT é realizado em casos como hormonização para adolescentes a partir dos 16 anos, ou de pacientes que necessitem de atendimento de uma equipe multidisciplinar em frentes como apoio psicossocial, acolhimento em saúde mental, realização de pré-natal, cuidados para possíveis complicações causadas após implante de silicone, atendimentos a complicações cirúrgicas de afirmação de gênero e endocrinopatias de base afetadas pelo uso de hormônios. O equipamento também é responsável pelo atendimento e acompanhamento das demandas em saúde de pessoas intersexo.

Patrícia Araújo, 43 anos, é uma mulher trans que frequenta o CR POP TT há cerca de três meses. Ela procurou uma Unidade Básica (UBS) do município após ter problemas com a prótese de silicone industrial que colocou na rede privada e foi encaminhada para o Centro de Referência. "Me encaminharam para uma ginecologista e ela foi muito acolhedora; eu achei o atendimento humanitário e diferenciado porque quando você vai ao médico com um problema de saúde, geralmente, você está estressado e de repente você chega lá e se depara com um profissional que entende, acolhe, ouve e trata do seu problema. Então para mim foi uma das melhores experiências que eu tive”, relata.

O CR POP TT conta com 11 consultórios e uma equipe multiprofissional composta por endocrinologista, ginecologista, hebiatra, psicóloga, psiquiatra, urologista, fonoaudióloga e nutricionista, além das equipes de enfermagem, assistência social e administrativa.

Rede Sampa Trans

Na cidade de São Paulo, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) mantém a Área Técnica de Saúde Integral da População LGBTIA+, que tem o intuito de promover políticas públicas de saúde para lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, pessoas não binárias, intersexo, assexuais, de forma a prezar pelo acesso à informação e equidade da oferta de ações e serviços de saúde.

A Rede Sampa Trans possui 44 unidades de saúde especializadas no atendimento dessa população, em todas as regiões do município. A avaliação com a equipe multiprofissional e hormonização são alguns dos cuidados garantidos às pessoas transexuais e travestis. A Rede Sampa Trans possui ainda oito unidades que são referência para o atendimento de adolescentes.

De janeiro a dezembro de 2022, tiveram acompanhamento na rede 4.146 pessoas, sendo 1.969 mulheres trans e 2.177 homens trans. Desse total, 2.839 pessoas estavam em uso de hormônio. “Embora o serviço de hormonização seja o mais procurado pela rede, uma vez que a transformação corporal é muito importante para essas pessoas, há também a busca por transformações sociais como, por exemplo, a mudança do nome”, ressalta a coordenadora da Área Técnica de Saúde Integral da População LGBTIA, Tânia Regina Correa de Souza.

Alguns exemplos de mudanças positivas foram a atualização no campo “nome social” ao preencher o cadastro do usuário no Sistema Integrado de Gestão de Atendimento (Siga) na rede de atendimento da capital. Além disso a informação “sexo” não é mais exibida no Cartão SUS e nas etiquetas térmicas.

Os endereços das unidades especializadas na saúde da população LGBTIA+ podem ser consultados aqui.