Dia Mundial de Doação de Leite Humano reforça a importância do gesto

Mais de 2.700 bebês são beneficiados pela doação do leite das maternidades municipais

“Um pequeno gesto pode alimentar um grande sonho: Doe leite materno!”. Com esse tema é celebrado este ano o dia mundial de doação de leite humano, em 19 de maio. Uma data para chamar a atenção para a necessidade de bebês que precisam da doação, como os prematuros. A capital paulista dispões de três bancos de leite humano (BLH), localizados nos hospitais e maternidades Cachoeirinha, Ermelino Matarazzo e Campo Limpo que, juntos, coletaram mais de 3.500 litros de leite, em 2022, de aproximadamente 2.200 doadoras e que beneficiaram mais de 2.700 bebês. Este ano, até o momento, foram coletados 993 litros de leite para beneficiar mais de 1060 bebês.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) reforça a importância da doação e lembra que o leite pode ser doado tanto por mães que estão com os bebês ainda nas maternidades, quanto por mães que já estão amamentando em casa, onde a retirada é feita em domicílio semanalmente pelas próprias equipes das maternidades.

É o caso da Maniely Steicy, de 28 anos, mãe do pequeno Nicolas, de 4 meses, que doa leite desde que ele tinha um mês. Maniely tinha hiper lactação e mesmo tomando medicação que baixou em 30% a produção, o leite ainda era excedente. Hoje ela doa de cinco a seis litros por semana, uma doação que atende de 50 a 60 bebês recém-nascidos, dependendo do quanto cada um mama.

“A produção de leite consome muita energia e o processo de doação também. Eu levanto, inclusive de madrugada, esterelizo o coletor, tiro o leite e coloco pra congelar; tenho privação de sono por cauda dessa rotina, mas tomei como uma missão de vida para ajudar os bebês que estão na UTI porque meu bebê quase foi pra UTI e pensar nisso me comove muito”, relata Maniely.

Na imagem, Maniely, uma mulher branca e de cabelos castanhos, está em uma cozinha. Posicionado ao lado esquerdo da imagem, está apoiada sobre um balcão com a mão no queixo, e ao seu lado há  14 potes com leite humano empilhados em três fileiras. Ao fundo, há uma parede cinza, alguns pratos, copos e uma geladeira, com um pequeno vaso sobre ela.

Maniely, mãe do pequeno Nicolas, com os leites coletados para doação (foto: Divulgação/ Secretaria Municipal da Saúde)

A maternidade Cachoeirinha faz, em média, a captação de 88 litros mensais (dados de janeiro de 2022 a abril de 2023); só em abril deste ano, foram captados 105 litros com ajuda de 40 doadoras (11 mães de bebês internados e 29 doadoras em domicílio). São distribuídos, em média, 2,5 litros de leite materno por dia (17,5 por semana e 75 por mês) aos bebês internados. Atualmente o banco de leite da unidade tem um estoque de aproximadamente 130 litros. Em média, 152 recém-nascidos recebem leite humano doado por mês. Em abril deste ano, esse número foi de 174 bebês.

Em 2022, o banco de leite humano da maternidade Cachoeirinha fez 499 visitas domiciliares e foram coletados 1.047 litros de leite humano com a doação de 493 mães. Com isso, 1.759 recém-nascidos foram beneficiados ano passado. Até abril de 2023 foram 223 visitas para coleta de 174 doadoras; 369 litros foram coletados ao todo e beneficiaram 668 bebês.

“As campanhas são sempre muito importantes, nosso trabalho depende da divulgação. Os números de doação parecem altos, mas nosso estoque não é tão grande, considerando a quantidade de leite consumida. A amamentação é uma ação de saúde pública, ela contribui para uma população mais saudável, por isso é importante a doação. Outro ponto é que as mães de bebês internados na UTI neonatal estão vivendo um momento muito difícil e a condição emocional impacta muito na produção do leite”, ressalta Juliana Miranda, enfermeira, coordenadora do Banco de Leite da Maternidade Cachoeirinha.

O leite doado atende bebês com os mais diversos perfis, estão internados em Unidade Neonatal em sua maioria, prematuros ou com alguma patologia (respiratória, cirúrgica, neurológica, infecciosa). Cerca de 95% dos que se beneficiam do leite doado são recém-nascidos com baixo peso ou prematuros, internados em UTIs neonatais em todo o país.

Karina Azevedo de Souza, mãe da Heloísa, nascida prematura com 33 semanas, na maternidade Cachoeirinha, sabe bem da importância desse gesto: “eu não estava conseguindo produzir leite, não esperava o parto prematuro e nem sabia da existência do banco de leite. Fiquei muito grata porque ajuda no desenvolvimento dos bebês, principalmente nos primeiros dias; tenho certeza de que ajudou muito a minha filha. Hoje ela está com mais de 37 semanas, ainda internada e sem previsão de alta, mas felizmente já consigo amamentar”, diz.

Na imagem, Karina está em uma sala do hospital, sentada em uma cadeira usando roupa hospitalar, máscara e touca descartáveis. Em seu colo está a sua bebê Heloísa, de gorro vermelho e aquecida com uma manta quadriculada com tons claros. Karina tem um dos braços coberto por tatuagens.

Karina Azevedo com sua bebê Heloísa (foto: Divulgação/ Secretaria Municipal da Saúde)

O leite colhido passa por um processo rigoroso que envolve análise, pasteurização e controle de qualidade antes de ser fornecido aos bebês internados nas unidades neonatais.

Para doar é preciso ter produção de leite excedente; não ter recebido transfusão de sangue no último ano; não possuir doenças infecciosas como HIV, hepatites, sífilis, doença de Chagas; não fumar; não ingerir álcool, drogas ilícitas e medicamentos não compatíveis com amamentação e doação.

Para receber leite, o bebê precisa estar internado em uma Unidade Neonatal e ter prescrição médica de leite humano e podem receber leite materno do primeiro dia de vida até quanto for necessário, a critério médico, pois cada bebê possui sua necessidade clínica.

“É muito gratificante quando o pessoal vem retirar os potes toda semana, me sinto realizada em poder ajudar e quero continuar doando até quando for possível”, conclui Maniely.

É possível encontrar um banco de leite humano mais próximo de sua localidade pelo telefone 136.

Bancos de leite humano do município de São Paulo

Hospital Municipal Maternidade-Escola Vila Nova Cachoeirinha
Telefone: (11) 3986-1011

Hospital Municipal Fernando Mauro Pires da Rocha (Campo Limpo)
Telefone: (11) 3394-7678

Hospital Municipal Prof. Dr. Alípio Corrêa Netto (Ermelino Matarazzo)
Telefone: (11) 3394-8046/8153