Serviços de Residências Terapêuticas promovem cuidado e resgatam a cidadania de egressos de hospitais psiquiátricos

As 73 SRTs são espaços de moradia, garantindo o convívio social, a reabilitação psicossocial e o resgate da cidadania do cidadão

Em celebração ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial, que ocorre nesta quinta-feira (18), a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), ressalta a importância do fortalecimento da rede de atenção psicossocial (Raps) e apresenta os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs).

As SRTs são espaços de moradia, garantindo o convívio social, a reabilitação psicossocial e o resgate da cidadania do cidadão, promovendo laços afetivos, reinserção no espaço da cidade e a reconstrução de vínculos. A capital possui 73 SRTs com 688 moradores, todos têm acesso integral aos serviços de saúde.

De acordo com a secretária-executiva de Atenção Básica, Especialidades e Vigilância em Saúde (Seabevs), Sandra Sabino, os SRTs são vistos pela gestão atual como parte do compromisso assumido pelo município com a atenção em saúde mental dos paulistanos. "O Dia Nacional da Luta Antimanicomial dá luz ao tema da desinstitucionalização, fundamental para a realização de estratégias que contribuam para o regresso total dos munícipes presentes em hospitais psiquiátricos", disse a secretária.

O senhor Lourival Pereira, que completou 65 anos no último dia 10 de maio, chegou no SRT II Sé em dezembro de 2019 após 14 anos internado no Centro Pioneiro de Atenção Psicossocial de Franco da Rocha em razão de um quadro de esquizofrenia. "A vida aqui [no SRT] é boa. Eu faço muitas coisas sozinho e convivo bem com os outros da casa", descreve ele, que tem a liberdade de fazer suas atividades cotidianas dentro e fora da residência com ou sem supervisão da equipe que o acompanha no SRT. "Gosto muito de andar de bicicleta e de participar da oficina de música no Caps [Centro de Atenção Psicossocial]", explica.

A liberdade que o Lourival se refere está na estratégia do serviço prestado pelos SRTs: sua proposta é ser a moradia do munícipe que antes esteve em um hospital psiquiátrico, mantendo a rotina de cuidado em saúde na rede pública do território, acessando as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Caps e demais equipamentos especializados da região onde ele vive, conforme a necessidade do munícipe. A reabilitação psicossocial das pessoas que vivenciaram internações está alinhada com o trabalho em uma rede de saúde ampla, acessível e integral, envolvendo equipamentos de todos os níveis de assistência em saúde e secretarias municipais: Assistência e Desenvolvimento Social, Cultura, Educação, Esportes, Justiça, Trabalho e Emprego, entre outros.

Foi por meio dessa integração com outros equipamentos da rede pública que Lourival conseguiu realizar um transplante de córnea. De acordo com o diretor da SRT Sé II, João Paulo dos Santos Cristofaro, esse suporte se aplica a todos os demais moradores da unidade. "Além de fazer interlocução com equipamentos de saúde, o trabalho da equipe do SRT concentra-se também na mediação do convívio entre os moradores, que há muito tempo não viviam em uma 'casa', fora o trabalho administrativo de dar entrada em benefícios sociais garantidos, explica o coordenador.

Por causa do seu direito garantido de ir e vir, Lourival teve e oportunidade, no fim de semana de 13 e 14 de maio deste ano, de conhecer a cidade de Campos do Jordão, na Serra da Mantiqueira, acompanhado de um profissional do SRT onde vive e outro morador da mesma unidade. "Comemorei meus 65 anos lá. Estava frio, mas a cidade também é muito bonita”, descreve.