Primeira enfermeira do Samu, Jalva segue na missão de salvar vidas ao compartilhar experiência

A profissional participou da implementação e se tornou uma multiplicadora do aprendizado para o atendimento móvel de emergência na cidade

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da Prefeitura de São Paulo tem, atualmente, cerca de 1.600 profissionais entre condutores, auxiliares, técnicos de enfermagem e médicos. Com 71 anos de idade, a enfermeira Maria Jalva de Moraes é considerada uma das precursoras do serviço na cidade. Isso porque, como ela mesma conta, está no Samu de ele ser implantado e foi uma das primeiras enfermeiras a participar do curso para o que seria, no início dos anos 90, uma nova forma de salvar vidas.

Neste ano, Jalva aceitou o convite da atual gestão do serviço para coordenar a enfermagem. Hoje ela atua na região central, na sede do Samu, localizada no Bom Retiro, mas continua visitando o antigo posto de trabalho, a base na rua Avanhadava.

Na imagem, Maria Jalva está em frente à parte traseira de uma ambulância do Samu. Ela é uma mulher branca, de 71 anos, tem 1.50m e cabelo chanel e loiro escuro, que usa um uniforme do Samu, na cor azul escuro

Maria Jalva de Moraes é enfermeira e precursora do Samu na cidade de São Paulo (foto: divulgação/ SMS)

Durante a campanha Maio Amarelo, quando são intensificadas as orientações de prevenção aos acidentes de trânsito, ela exalta a importância do atendimento às vítimas desses acidentes. ”Aquela pessoa ali, precisando de tudo, e essa ambulância chega. Quando o carro para e abre a porta, com a equipe saindo dele, ela tem a certeza de que está tudo resolvido. A gente sabe que não pode devolver a vida a ninguém, mas quando essa ambulância chega e essa porta se abre, ali está a esperança.”

NO SAMU DESDE SEMPRE

Quando Jalva diz que está no Samu antes de ele existir, não é um exagero. Em 1991, a enfermeira fez parte da primeira turma para a criação do serviço, hoje conhecido como Samu, que na época foi chamado de Atendimento Pré-Hospitalar (APH) e deu início ao atendimento de emergência em 1992. Ali, ela participou da implementação e se tornou uma multiplicadora do aprendizado para o atendimento móvel de emergência na cidade.

Em 2003, quando o projeto foi nacionalizado e o APH de São Paulo passou a ser chamado de Samu, como em todo o país, a prefeitura já tinha todas as ambulâncias, todos os funcionários e equipamentos. Ela conta que a cidade já estava pronta para atender à demanda e era uma inspiração, um exemplo a ser seguido em todo o território nacional.

MUITA HISTÓRIA PARA CONTAR

Jalva começou a trabalhar na prefeitura em abril de 1988, no Hospital Municipal Dr. Cármino Caricchio, conhecido como Hospital do Tatuapé, local onde sonhava em trabalhar desde que passava de ônibus para ir à faculdade. Ela diz que só vai parar de trabalhar quando os 75 anos chegarem, a idade-limite para aposentadoria de servidores públicos. “Eu ajudei a plantar a primeira sementinha e vejo o quanto o Samu cresceu nesses anos, tenho certeza que vai melhorar cada vez mais. Muitas coisas que eu sonhava lá no começo estão acontecendo agora, por isso aceitei o convite para estar na coordenação de enfermagem. Tudo sempre valeu a pena. Se eu fosse começar hoje, faria tudo outra vez”, afirma.

Na imagem, Jalva aparece em uma viagem a Israel. Ao fundo, está o mar da Galileia. Ela está usando calça jeans, regata de tom escuro, um relógio no pulso esquerdo, e segurando um cordão amarelo com crachá

Jalva no mar da Galileia, em Israel (foto: divulgação/ SMS)

Com tantas vidas que se iniciam ou se encerram dentro de uma ambulância do Samu, o coração de Jalva se enche quando fala do começo, ou do recomeço. “A natureza é sábia. Se a criança tiver que nascer, ela vai nascer ali com você. Fazer o parto de uma criança é uma das coisas lindas desse trabalho, assim como reanimar uma pessoa em uma parada cardíaca. Fica tudo certo, vai dar certo, é lindo.”

Q+

Com tantos quilômetros percorridos dentro de ambulâncias nos últimos anos, quando está em férias, Jalva escolhe a peregrinação. Por isso, ela, que ama viajar, costuma passar as férias em países com possibilidades de longas caminhadas. Quando se aposentar, já sabe: essas viagens estarão no roteiro.