Capital dispõe de tratamento para dependência em nicotina na rede municipal de saúde

No Dia Mundial sem Tabaco, relatos de tratamento contra o tabagismo apontam a eficácia das reuniões terapêuticas; UBSs são porta de entrada para quem quer parar de fumar

Em alusão ao Dia Mundial Sem Tabaco, comemorado em 31 de maio, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo alerta sobre doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo e destaca que está inserida no Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), do Ministério da Saúde.

O PNCT implantado na cidade de São Paulo tem articulação direta com o Quadro de Controle do Tabaco da Organização Mundial da Saúde (OMS) e inclui medidas educativas, de comunicação, treinamento e conscientização do público em geral. O programa tem como uma de suas ações o tratamento do tabagismo nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS), em modalidade individual e em grupo.

O primeiro atendimento é a avaliação clínica com teste de Fagerström (capaz de medir o grau de dependência de nicotina) e, caso ocorra indicação, inicia-se o tratamento farmacológico conforme prescrição e orientação. O acesso do munícipe ao PNCT pode ocorrer em qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS) de maneira passiva, por meio de solicitações do próprio paciente quando estiver em consulta médica ou ainda de maneira ativa com a procura espontânea. Todo tratamento da dependência em nicotina tem como base a técnica de abordagem cognitiva/comportamental, definida como modelo de intervenção centrada na mudança de crenças e comportamentos que levam o indivíduo a lidar com determinadas situações.

A abordagem é realizada de maneira intensiva e de forma estruturada, consistindo em perguntas que avaliam o grau de dependência física e de motivação, aconselhando a preparação para deixar de fumar, e por fim, acompanhamento do paciente nas próximas consultas. As reuniões em grupo são realizadas com cerca de 15 pacientes e coordenadas por profissionais de saúde, seguindo o cronograma inicial de quatro sessões com periodicidade semanal, seguidas por duas sessões quinzenais e uma reunião mensal aberta com a participação de todos os grupos, para a prevenção de recaídas até o tratamento completar um ano.

Reuniões terapêuticas
Para Luiz Francisco Vaz, 60 anos, que fez parte do PNCT por meio do Ambulatório de Especialidades (AE) Freguesia do Ó, parar de fumar exigiu um esforço pessoal acompanhado da terapia desenvolvida nas rodas de conversa. “Não adianta o grupo apenas, você precisa querer mudar esse hábito de verdade”, explica. Vaz fumava desde os 16 anos e após várias tentativas frustradas para deixar o tabaco, soube por parte de uma colega de trabalho sobre o programa e após as primeiras reuniões, já passou a diminuir gradativamente o consumo de cigarros.

“A cada reunião, estudamos um método que nos ajuda a perceber nossa rotina como fumantes e, assim, vamos tendo ideia de como controlar isso”, complementa. O sucesso do tratamento fez com que ele ficasse longe do cigarro desde setembro de 2019.

Já para Luana Caroline da Silva Costa, 27 anos, as reuniões do programa eram possibilidades de troca de experiências com pessoas que também buscavam entender melhor sua relação com o ato de fumar. “Não me senti julgada nesse processo de parar de fumar. Todos eram muito atenciosos e cuidadosos nas reuniões”, ressalta.

Luana ingressou no PNCT por meio da UBS Augusto Leopoldo Ayrosa Galvão, graças às informações trazidas por uma tia. Depois de preencher o formulário inicial com informações sobre seus hábitos relacionados ao cigarro, sentiu-se amparada pelos profissionais de saúde que comandavam as reuniões. Fumante desde os 21 anos, Luana está há cerca de cinco meses afastada do tabaco e sente que a forma como foram conduzidas as reuniões foi fundamental para compreender a ação do cigarro em sua saúde. “O programa é muito bom e precisa andar junto com estar disposto a largar o vício de verdade. Não tenho dúvidas de que o efeito é positivo e tive a ajuda que precisava ao lado de outras pessoas que também estavam ali para abandonar o cigarro”, conclui.

O tratamento ainda disponibiliza manuais elaborados pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), cujas orientações podem ser compartilhadas com toda a família.  

O munícipe que tiver interesse em fazer parte do programa pode procurar a UBS de referência por meio da plataforma Busca Saúde.