O Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme, 19 de junho, foi criado com o objetivo de alertar para esta condição que que não apenas tem alta prevalência no Brasil (a estimativa é que pelo menos 60 mil pessoas convivam com a doença no país, segundo o Ministério da Saúde) como também é a doença genética e hereditária mais comum no mundo.

Descrita pela primeira vez em 1910, a doença falciforme foi encontrada originalmente na África, em países árabes e na Índia, e foi trazida ao Brasil pela imigração de pessoas africanas para serem escravizadas. A doença se manifesta mais na população negra (preta e parda), mas, com a miscigenação no país, também pode ser encontrada na população branca com afrodescendência.

Entenda a doença

Doença falciforme ou anemia falciforme é uma condição genética e hereditária na qual ocorre uma alteração dos glóbulos vermelhos do sangue. Em alguns casos, as hemácias alteradas assumem a forma de "foice" ou "meia-lua", o que originou o termo falciforme. Por terem sua membrana alterada, estas células rompem-se mais facilmente, causando anemia.

A hemoglobina, que transporta o oxigênio pelo corpo e dá a cor aos glóbulos vermelhos, é essencial para a saúde de todos os órgãos. Quando não oxigena o organismo de maneira satisfatória em decorrência da dificuldade de circular pelos vasos sanguíneos, causa problemas como crises de dor, anemia hemolítica crônica, maior propensão a infecção e lesão crônica de órgãos e sistemas.

A anemia falciforme é uma condição crônica que pode se manifestar de forma diferente em cada indivíduo, normalmente ainda em seu primeiro ano de vida, e em vários graus de gravidade.

Entre os sintomas e complicações relacionados à doença falciforme estão:

• anemia;
• crises dolorosas;
• infecções como pneumonia;
• icterícia (quando o “branco” dos olhos fica amarelado);
• sequestro esplênico (retenção do sangue no baço);
• acidente vascular cerebral;
• síndrome torácica aguda;
• priapismo;
• úlceras de perna;
• alterações oculares;
• insuficiência renal.

A dor normalmente está presente na vida de uma pessoa com doença falciforme. Na infância, ela localiza-se principalmente nas pernas, nos braços e na barriga. Nos adultos, as crises mais usuais são as de dores nos ossos e complicações decorrentes de danos ao longo de sua vida, nos órgãos mais importantes, tais como o fígado, os pulmões, o coração e os rins. Também é comum o aparecimento de úlceras nas pernas, feridas graves e de difícil cicatrização. Os homens são suscetíveis de outro dano, o priapismo, uma ereção involuntária dolorosa do pênis não relacionada à excitação sexual e que exige cuidado imediato.

Contudo, todas essas manifestações podem ser prevenidas e tratadas com acompanhamento médico, para garantir melhor qualidade de vida aos pacientes.

Rastreamento é feito pelo Teste do Pezinho

O exame de diagnóstico da doença Falciforme faz parte dos exames da Triagem Neonatal, conhecida como Teste do Pezinho, que na cidade de São Paulo é ampliado, detectando cerca de 50 doenças metabólicas, genéticas ou endócrinas. O exame é colhido nos recém-nascidos ainda na maternidade e permite a adoção de cuidados e tratamentos ainda antes que os primeiros sintomas se apresentem.

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Já para crianças maiores e adultos, o diagnóstico pode ser feito por meio do exame de Eletroforese de Hemoglobina, disponível nas 470 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da cidade de São Paulo.

Após o diagnóstico, o paciente passa a ser acompanhado pela UBS de referência e encaminhado para iniciar o tratamento em um serviço especializado, com apoio de um hematologista e outros especialistas. O atendimento a pessoas com DF nos serviços de saúde da capital foi consolidado com a Linha de Cuidados em Doença Falciforme na Atenção Básica, desenvolvida com o suporte da Área Técnica da Saúde da População Negra.

Use a ferramenta Busca Saúde para encontrar a UBS mais próxima de sua residência.