Deusa conta como os grupos de terapia comunitária na UBS ajudam a melhorar a vida das pessoas

As sessões são realizadas por uma equipe multiprofissional para auxiliar no processo de evolução do paciente

 A terapia comunitária integrativa (TCI) consiste em uma roda de conversa na qual pacientes da unidade de saúde ganham voz, compartilham emoções e questões que os afligem. Esse trabalho de interação com o outro chamou a atenção de Deusa Aparecida Ferreira Canzano que, ainda como agente comunitária de saúde (ACS), observava e acompanhava os grupos.

A profissional se formou em terapia comunitária em dezembro de 2019, pela Associação Saúde da Família (ASF) e Associação Brasileira de Terapia Comunitária Integrativa (Abratecom), após oito anos como ACS na Unidade Básica de Saúde (UBS) Dr. Augusto Leopoldo Ayrosa Galvão, na Brasilândia. Ela conta que, muitas vezes, durante o processo de formação, ficava das 7h às 21h no local, absorvendo tudo o que podia no curso. Neste ano, a terapeuta completa três meses no projeto proposto pela médica Maria Eugênia, da UBS na região norte, com o objetivo de ampliar a TCI para demais unidades na capital.

Na imagem, Deusa está sorrindo e com os braços cruzados. Ela usa uma regata estampada, óculos e está com o cabelo preso. Ao fundo, há mais cinco pessoas sentadas em cadeiras em círculo, com os rostos desfocados

A terapia é composta por oito etapas: a explicação das regras de funcionamento, momento de agradecimento pela vida, dinâmica de aquecimento, terapia (dividida em temas), votação do tema preferido, contextualização (que consiste na escuta de soluções), roda de balanço e música final. As sessões são realizadas por um terapeuta e um coterapeuta, profissional ou estagiário de psicologia escolhido pelo terapeuta principal para auxiliar no processo de evolução do paciente. Os grupos podem ser compostos por pessoas de diferentes faixas etárias.

AUTOESTIMA, MOTIVAÇÃO E “RENASCIMENTO”

Deusa acredita que “a terapia é um momento mágico, quando a pessoa consegue sair do lugar em que ela está.” Uma lembrança feliz é a de uma senhora que venceu a depressão após frequentar a terapia comunitária semanalmente, na unidade onde trabalha. “Até participar do grupo, essa paciente não levantava do sofá. Aqui ganhou autoestima, vontade de realizar suas atividades, encontrou um companheiro e está bem”, comemora.

Deusa lembra também de um rapaz em situação de rua. Após ter sido acolhido e começar a frequentar as rodas de conversa, ele conseguiu um trabalho, tem uma família e todos os anos envia bolo para as profissionais da UBS, comemorando o que chama de “renascimento”. “Eu sinto que alcancei meu objetivo. É uma paixão ser agente de terapia comunitária, ajudar o outro a se cuidar, a sair daquele sofrimento", orgulha-se. Mesmo sendo formada e atuante na área, ela não parou de estudar e frequenta, atualmente, o curso “Cuidando do cuidador", de educação complementar da ASF, que aborda as práticas terapêuticas para atender os funcionários da rede.

Na imagem, aparece uma mão esquerda (com relógio no pulso e aliança de casamento) segurando as guias dos quatro cachorros da Deusa, da raça Pintcher: July, Megy, Pipo e Lilika Ripilica. Também aparecem na imagem um par de pernas e parte de um banco de concreto.

Q+

Deusa é uma mãe dedicada aos filhos Vinícius, 8, e André, 22, procura estar o máximo de tempo com a família que formou com o marido Jairo. Além disso, a terapeuta adora brincar e passear com seus quatro pinschers: July, Megy, Pipo e Lilika Ripilica. Ela conta que a paixão pela raça começou pelo saudoso Pity, o primeiro cachorro da família, adotado após o dono ameaçar abandoná-lo. “Hoje a casa é só felicidade, cheia de bolas espalhadas pelos cômodos e muita alegria.”