Qualidade do ar: data alerta para os riscos da poluição à saúde

O foco é conscientizar a população sobre esse grave problema de saúde ambiental, que também afeta animais e plantas

Um dado alarmante preocupa no mesmo ritmo que aumentam a circulação de veículos, a produção industrial, a urbanização, queimadas, entre outros fatores que influenciam diretamente na qualidade do ar: anualmente, em média, sete milhões de pessoas no mundo morrem em decorrência da poluição atmosférica, segundo estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para conscientizar sobre esta problemática, o Dia Interamericano de Qualidade do Ar, lembrado anualmente na segunda sexta-feira do mês de agosto, reflete sobre os efeitos da poluição na saúde de toda a população, principalmente das crianças menores de cinco anos, que são as mais vulneráveis.

Considerando apenas a queima de combustíveis fósseis, como a gasolina, somente na cidade de São Paulo, são mais de seis milhões de carros em circulação e gerando poluição (IBGE 2022). Estima-se que apenas uma pessoa rodando 20 km por dia na cidade, em um automóvel a gasolina, emita 1,87 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano, principal gás responsável pelo efeito estufa.

No geral, as principais substâncias poluentes presentes no ar da capital são: material particulado (MP10), dióxido de enxofre (SO2), monóxido de carbono (CO), dióxido de nitrogênio (NO2), ozônio (O3), entre outros, de acordo com dados da Divisão de Vigilância em Saúde Ambiental (Dvisam), da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa).

Efeitos diretos na saúde

Os poluentes atmosféricos podem provocar sintomas como tosse seca, cansaço e piorar os quadros das doenças respiratórias, conforme as concentrações no ambiente. Essas condições podem ser ainda mais agravadas com o tempo seco e baixa umidade relativa do ar, principalmente no inverno.

Quando a qualidade ar estiver moderada, os grupos sensíveis (crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias e cardíacas) têm sintomas como tosse seca e cansaço. A população em geral poderá apresentar sintomas como ardor nos olhos, nariz e garganta, tosse seca e cansaço, quando a qualidade do ar estiver ruim. Se a qualidade for péssima, ocorrerá o agravamento dos sintomas respiratórios e de doenças pulmonares e cardiovasculares.

Qualidade do ar e monitoramento na capital

A capital realiza vigilância epidemiológica de casos de doenças respiratórias em crianças menores de cinco anos, que apresentem um ou mais sintomas respiratórios como: falta de ar, cansaço, chiado no peito e tosse que podem estar associados a outros sintomas, e nos agravos de asma, bronquite e infecção respiratória aguda.

Esse monitoramento faz parte do Programa de Vigilância em Saúde Ambiental Relacionado a Populações Expostas à Poluição do Ar do Município de São Paulo (Vigiar), implementado pela Dvisam, e funciona por meio de 13 Unidades Sentinela, implantadas em Unidades Básicas de Saúde (UBS) em todas as regiões do município.

Segundo dados do boletim Vigiar, entre 30 de abril e 3 de junho de 2023, foram registrados 1.858 atendimentos de crianças nas Unidades Sentinela. Nesse período, observou-se, por exemplo, na Coordenadoria Regional de Saúde Sul (CRS Sul), maior procura por atendimento de crianças que residem a uma distância menor ou igual a 100 metros de uma via com grande circulação de veículos, o que pode indicar uma relação entre a poluição proveniente da frota veicular e a ocorrência de sintomas respiratórios.

Cuidados

Em caso de problemas respiratórios, procure a UBS mais próxima para atendimento. Como cuidados no dia a dia, confira as seguintes dicas:
- umidifique o ambiente com vaporizadores, toalhas molhadas, recipientes com água, molhamento de jardins etc.;
- sempre que possível, permaneça em locais protegidos do sol, em áreas vegetadas;
- consuma água à vontade;
- use soro fisiológico para olhos e narinas;
- evite exercícios físicos e trabalhos ao ar livre entre as 10h e as 16h.