Glorinha usa o lúdico para ensinar prevenção e promover a saúde entre crianças e adolescentes

A enfermeira conta que o trabalho com as crianças começou em 2016, após o pedido de ajuda da diretora de um Centro de Educação Infantil (CEI)

Orientar crianças e jovens sobre saúde e prevenção é uma tarefa importante e delicada. É preciso saber a forma de tratar de temas diversos e complexos, sobretudo conservar um olhar atento para as diferentes realidades deles. Essa tem sido a missão da enfermeira Gloria Maria Muñoz Ortiz, de 44 anos de idade, no Centro de Saúde Escola Barra Funda.

O local onde ela trabalha é mantido pela Santa Casa de Misericórdia e conveniado à Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Lá também ficam o internato da faculdade de medicina, a residência médica e multidisciplinar da Santa Casa.

Na imagem,  a enfermeira Glorinha está pronta para mais uma ação, com roupas e maquiagem coloridas. O seu cabelo, comprido, liso e preto, tem duas traças, além de uma tiara de unicórnio e outros enfeites na cabeça. Ao fundo, há brinquedos infantis

Gloria Maria Muñoz Ortiz, a enfermeira conhecida como Glorinha, pronta para o trabalho (Foto: divulgação/SMS)

Natural da cidade de Temuco, no Chile, Glorinha, como é carinhosamente chamada pelos colegas e pacientes, se apaixonou pela saúde pública ainda na faculdade, enquanto prestava serviços voluntários a mulheres em situação de vulnerabilidade. Colhia material para exames de Papanicolau e oferecia tratamento a elas. Foi durante o curso de pós-graduação que conheceu a unidade de saúde onde está há 14 anos.

Prevenção se aprende desde cedo

A enfermeira conta que o trabalho com as crianças começou em 2016, após o pedido de ajuda da diretora de um Centro de Educação Infantil (CEI) atendida na região. Havia uma criança na instituição cujo comportamento estava preocupando a equipe de educação.

O desafio envolvia uma questão na qual a Saúde também atua, por meio dos Núcleos de Prevenção à Violência, com equipes multidisciplinares, nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs): a prevenção e enfrentamento da violência. Foi aí que surgiu a ideia de reunir um grupo de profissionais e ir até a unidade escolar e falar do assunto de forma lúdica, com peças teatrais. “Ao identificar os diferentes tipos de violências as crianças podem pedir ajuda na escola ou nas unidades de saúde, em uma consulta médica, por exemplo. E os enredos encenados nas peças cumprem esse papel.”

A apresentação da equipe para os pequenos é repleta de cores e brincadeiras. A iniciativa deu tão certo que Glorinha levou a ação para outras creches e escolas da região. Por estar há tantos anos lá, a enfermeira conquistou a confiança dos moradores que utilizam a unidade de saúde, o que torna mais fácil a compreensão sobre a situação de cada família. “A forma como a apresentação é feita diverte, enquanto ensina e promove a prevenção”, explica.

No futuro, pretende abordar novos temas como racismo e bullying, com o grupo de teatro, dessa vez para o público adolescente. “É preciso que todos os envolvidos acreditem nesse trabalho, e eu tenho uma equipe maravilhosa comigo. Cada um dos profissionais que participa das apresentações acredita que é ali que se faz a diferença na vida dessas pessoas”, comemora.

Na imagem, Glorinha aparece com outros colegas de trabalho em uma apresentação para crianças. Há um homem tocando violão e mais seis mulheres caracterizadas com elementos infantis entretendo as crianças

A equipe de profissionais com crianças de uma creche da região (Foto: arquivo pessoal/SMS)

Q+
No tempo livre Glorinha ainda faz trabalhos voluntários, dá aulas sobre saúde para jovens em situação vulnerável. Muitas vezes, a filha Anna Sofia, de 7 anos, a acompanha nas atividades.