Supervisões em Saúde da zona sul discutem atendimento à população idosa

Objetivo, que reúne Saúde, Assistência Social e fóruns de idosos da região, é traçar o perfil de munícipes em situação de fragilidade e vulnerabilidade

De acordo com a publicação “Indicadores sociodemográficos da população idosa residente na cidade de São Paulo”, editado em 2020 pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, as pessoas com mais de 60 anos já representam mais de mais de 15% da população da cidade de São Paulo. No que diz respeito à saúde além das necessidades inerentes à sua faixa etária, estas pessoas muitas vezes lidam também como realidades como perda de autonomia, solidão, violência e abandono.

Foi para refletir sobre os desafios envolvendo esta população idosa e fortalecer a execução das ações da Rede de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa (Raspi) que as Supervisões Técnicas em Saúde (STSs) e de Assistência de Campo Limpo e M’Boi Mirim, na zona sul da capital, promoveram, no último dia 17 de agosto, o seminário “Vulnerabilidades e fragilidades no envelhecimento”.

O evento reuniu 250 participantes, entre profissionais da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMADS), além de representantes dos fóruns de idosos e dos Núcleos de Convivência (NCI) da região. Os dois territórios concentram uma população em torno a 160 mil pessoas com 60 anos e mais, residentes, em sua maioria nos distritos considerados como de alta e altíssima vulnerabilidade social pelo Mapa de Exclusão e Inclusão Social de São Paulo, como Capão Redondo e Jardim Ângela.

“Neste contexto, temos a necessidade de ampliação das políticas públicas vinculadas à assistência e a saúde da pessoa idosa, com a ampliação das equipes voltadas a serviços para este público, antes de chegar às instituições de longa permanência para idosos”, comenta Neuza Correia, assessora técnica da Saúde da Pessoa Idosa da STS de Campo Limpo.

A programação do seminário incluiu mesas temáticas que apresentaram um diagnóstico dos recursos disponíveis no território e também os respectivos vazios assistenciais. Também foram discutidos aspectos que se apresentam como essenciais diante do envelhecimento progressivo da população, tais como: o aumento da longevidade (a faixa etária que mais cresce é aquela acima dos 80 anos), pessoas morando sós, ausência de apoio, idosos cuidando de idosos, entre outros.

A palestra de abertura foi realizada pela assistente social e servidora pública aposentada Marília Berzins, que também é especialista em gerontologia, doutora em saúde pública e fundadora do Instituto Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento (Olhe). Marília compartilhou sua experiência com o envelhecimento em situação de fragilidade e vulnerabilidade e enfatizou a necessidade de avançar com políticas de cuidados para este público.

“O caráter intersetorial do evento foi importante, dada a complexidade das demandas da população que envelhece”, acrescenta Neuza. Segundo ela, o seminário foi o ponto de partida para a elaboração de um retrato mais preciso dos territórios no que diz respeito à realidade dos moradores idosos e também para a criação de um grupo/comitê intersetorial que possa promover uma atuação integrada entre saúde e assistência social. “O objetivo é atuar nos antecipando às demandas da população idosa, pois cada vez mais ela lida com questões como a falta de uma rede de apoio suficiente para as necessidades de cuidado”, reitera.

Atenção ao idoso na rede municipal
Na Secretaria Municipal da Saúde (SMS), a Área Técnica da Saúde da Pessoa Idosa é responsável pela formulação de ações, projetos e programas que garantam a promoção e a atenção integral à saúde da pessoa idosa, para que mantenha sua capacidade de autocuidado e permaneça na comunidade durante o maior tempo e com a maior capacidade funcional possível.

A Rede de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa tem as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) como porta de entrada prioritária, e como eixo principal a Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa na Atenção Básica (Ampi - AB), que classifica os idosos em saudáveis, pré-frágeis e frágeis. A partir desta avaliação e de acordo com a necessidade de cada idoso, seu atendimento pode incluir as Unidades de Referência à Saúde do Idoso (Ursis), que são pontos secundários de atenção de caráter ambulatorial e multidisciplinar. A rede municipal possui atualmente 12 Ursis que atendem pessoas idosas em todas as regiões da cidade, dando cobertura às 470 UBSs.

Programa Acompanhante de Idosos
Já o Programa Acompanhante de Idosos (PAI), atende cerca de seis mil munícipes com mais de 60 anos em situação de fragilidade e alta vulnerabilidade social. Único no país, o programa possui 50 equipes compostas por assistente social, enfermeiro, médico, acompanhantes de idosos, motorista e profissional administrativo voltadas ao acolhimento, apoio e suporte nas atividades diárias destas pessoas, oferecendo-lhes assistência integral à saúde.

A rotina de trabalho de um acompanhante de idosos consiste em visitar essas pessoas pelo menos uma vez por semana para auxiliá-las nas tarefas relacionadas à saúde, como acompanhamento em consultas, exames ou encontros de grupos na Unidade Básica de Saúde (UBS), além de também dar suporte nas rotinas domiciliares e deslocamentos para atividades cotidianas, que costumam ser mais dificultosas por conta de limitações físicas.