Mês alerta para a prevenção do suicídio

No Setembro Amarelo, Saúde chama atenção para o suporte, na rede municipal, às pessoas em situação de vulnerabilidade

Setembro é o mês de prevenção ao suicídio. Batizada de Setembro Amarelo, a campanha dedicada ao tema é realizada mundialmente desde 1995, com apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS) e, no Brasil, a partir de 2014, é liderada por organizações como a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Um dos objetivos é prevenir o sofrimento e reduzir o estigma relacionado ao tema.

O suicídio é um problema de saúde pública. Dentre os três tipos de violência classificadas pela OMS − violência autoprovocada, interpessoal e coletiva − a violência autoprovocada contempla o comportamento suicida (que engloba a ideação suicida, a tentativa de suicídio e o suicídio consumado), bem como a automutilação, isto é, a destruição ou alteração de partes do corpo sem intenção suicida consciente.

A mortalidade por causas violentas, segundo as estimativas mais recentes da OMS, atingiram mais de 1,2 milhão de pessoas em 2022, sendo responsável por 2,3% do total de mortes no planeta. Ainda globalmente, o suicídio foi a quarta causa de morte na população entre 15 e 19 anos, situação que se repete no Brasil, onde vem depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal.

Para a saúde pública, portanto, é fundamental conhecer a magnitude e tendência de ocorrência de suicídios para criar estratégias de prevenção, visando a diminuição desses óbitos evitáveis. Cabe ressaltar que, quando detectado, o comportamento suicida possui tratamento, o que significa que grande parte dos suicídios podem ser evitados. O suicídio não é um “ato isolado”, mas uma consequência de uma série de fatores de risco, incluindo socioculturais, genéticos, ambientais ou mesmo filosóficos. A existência de um transtorno mental, especialmente não diagnosticado ou não tratado, é considerada um importante fator de risco. Dessa forma, a escuta qualificada, informação e cuidado em saúde mental são importantes ferramentas de prevenção

O Ministério da Saúde, por meio da portaria nº 1.876, de 14 de agosto de 2006, instituiu as diretrizes nacionais para prevenção do suicídio. Entre os principais objetivos estabelecidos destacam-se: 1. Desenvolver estratégias de promoção de qualidade de vida e de prevenção de danos; 2. Informar e sensibilizar a sociedade de que o suicídio é um problema de saúde pública que pode ser prevenido; 3. Fomentar e executar projetos estratégicos fundamentados em estudos de eficácia e qualidade, bem como em processos de organização da rede de atenção e intervenções nos casos de tentativas de suicídio.

Núcleos de Prevenção da Violência (NPVs)
No Município de São Paulo, por meio da portaria SMS nº 1.300 de 2015, foi instituído o Núcleo de Prevenção da Violência (NPV) em todos os estabelecimentos de saúde. Formados por equipes multidisciplinares, que, quando identificam uma situação de violência ou de tentativa de violência, inclusive autoinfligida, os NPVs articulam o cuidado necessário por meio do acolhimento do indivíduo, da escuta profissional sem julgamento e construção de um vínculo terapêutico. Em casos que envolvem pessoas em situação de vulnerabilidade, é articulado um projeto terapêutico singular (PTS) com o objetivo de prevenir o suicídio, caso seja detectado esse risco.

Centros de Atenção Psicossocial
Na capital existem ainda 102 Centros de Atenção Psicossocial (Caps), nos quais os cidadãos que convivem com transtornos mentais graves e persistentes incluindo as necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, são acolhidos por equipes multiprofissionais compostas por terapeutas ocupacionais, enfermeiros, psicólogos e médicos psiquiatras.

Os Caps estão distribuídos em todas as regiões com o objetivo de garantir tratamento integral à população. Esses locais oferecem atendimento para crianças, adolescentes e adultos com diferentes necessidades na área da saúde mental, incluindo acolhimento em ocorrências de crises, intenso sofrimento psíquico e problemas por uso de substâncias químicas.

Por se tratar de um serviço especializado em saúde mental, os Caps são organizados de modo a atender demandas e necessidades de cada usuário, por meio de um PTS, no qual a equipe, em conjunto com o usuário, desenvolve um plano de tratamento individualizado que envolve o diagnóstico dos transtornos e dos problemas a serem enfrentados e os recursos terapêuticos utilizados para melhor atingir as metas ao longo do processo de cuidado.

Os Caps funcionam em regime de porta aberta, ou seja, não há a necessidade de encaminhamento ou agendamento prévio. Eles são divididos em várias modalidades, de acordo com o público acolhido e os serviços oferecidos: Caps Infantojuvenis e Adultos, Caps III e IV, com funcionamento 24 horas, e Caps AD (Álcool e Drogas).

Sinais aos quais prestar atenção
Aos familiares e amigos, a orientação é acolher a pessoa em situação de desamparo e desesperança sem julgamento e auxiliá-la na busca por ajuda profissional.

Veja alguns sinais que podem indicar ideias e intenções suicidas:
• isolamento e distanciamento da família, dos amigos e dos grupos sociais, principalmente se a pessoa apresentava uma vida social ativa;
• queixas contínuas de sintomas como desconforto, angústia, falta de prazer ou sentido de vida;
• qualquer doença psiquiátrica não tratada (quadros psicóticos, transtornos alimentares e os transtornos afetivos de humor);
• publicações das redes sociais com conteúdo negativista ou participação em grupos virtuais que incentivem o suicídio ou outros comportamentos associados;
• ausência ou abandono de planos para o futuro;
• atitudes perigosas como dirigir perigosamente, beber descontroladamente, brigas constantes, agressividade, impulsividade etc.;
• agir de forma desinteressada ao lidar com algum evento estressor (acidente, desemprego, falência, separação dos pais, morte de alguém querido);
• despedidas em ligações ou mensagens, distribuir bens pessoais;
• colocar os assuntos em ordem, fazer um testamento, dar ou devolver os bens.

Veja o endereço de todos os equipamentos de saúde da capital no Busca Saúde.

Veja o endereço dos Centros de Atenção Psicossociais da capital.

Onde mais buscar ajuda:
- Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Samu 192, Prontos Socorros (PSs), hospitais;
- Centro de Valorização da Vida (CVV) – 188 (ligação gratuita)