Marcia Coutinho é assistente social e trabalha na localização de pessoas desaparecidas que chegam à UPA III Ermelino Matarazzo

Profissional acolhe e dá suporte à demanda de desaparecidos admitidos na unidade

A rotina em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) surpreende até quem já está acostumado a lidar com as mais  diferentes situações trazidas com as urgências em saúde. Entre médicos e enfermeiros, estão assistentes sociais que oferecem um suporte nas unidades de saúde, incluindo as UPAs. É que muitos casos envolvem pessoas em situação
vulnerável, algumas não têm moradia ou contato com familiares por diferentes motivos.

Marcia Alves Coutinho Cardoso, de 43 anos de idade, é uma profissional que acolhe pacientes na UPA III Ermelino Matarazzo, na zona leste da capital. Ela é responsável por apoiar essas pessoas a reencontrar suas famílias.

Na imagem, Marcia, uma mulher de 43 anos, cabelo preto e comprido e aparelho nos dentes, usa jaleco branco com logotipo do SUS e está sorrindo para uma pessoa à sua frente, um homem que aparece de perfil e usa camisa branca, óculos e tem barba branca. Os dois estão em uma sala de paredes brancas

A assistente social Marcia Alves Coutinho Cardoso, de 43 anos de idade, na UPA III Ermelino Matarazzo, zona leste da capital (Foto: SMS/ Divulgação)

Natural de São Paulo, mudou-se ainda adolescente com a família para Minas Gerais, e foi lá que teve início a sua formação na área da saúde. Técnica em enfermagem, com especialidade em hemodiálise, ela conta que se apaixonou pelo Sistema Único de Saúde (SUS) já nessa época. Conheceu lá o trabalho de serviço social e decidiu mudar de profissão.

“Vi o que realmente queria para a minha vida, porque é muito impactante fazer a diferença na vida das pessoas, com olhar humanizado associado a todas as ferramentas e técnicas da profissão”, diz. Marcia começou a trabalhar na UPA na pandemia, em 2020, e lembra bem do tamanho do desafio que topou enfrentar. “Tudo era urgente naquele momento, principalmente salvar vidas.”

Um reencontro emocionante

A assistente social conta que, certa vez, chegou um paciente idoso resgatado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ele estava desorientado e não sabia o próprio nome, nada que permitisse localizar a família. O mantiveram acolhido por lá, enquanto falavam com outras unidades de atendimento no município, até que contataram a Divisão de Desaparecidos da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC). Enviaram uma foto do idoso, de quem o desaparecimento havia sido registrado em um boletim de ocorrência feito pela família, que estava em busca dele há alguns meses.

O filho chegou para buscá-lo e se emocionou, pois acreditava que pela condição mental do pai, já não seria mais possível encontrá-lo. Ele agradeceu à equipe pelo cuidado e carinho que tiveram. Esse caso foi muito marcante, segundo ela. “A cidade de São Paulo é imensa, e acontecem tantas coisas todos os dias que realmente acaba parecendo impossível solucionar uma situação como essa. Mas, quando todo mundo se empenha, é possível acontecer”, comemora.

Marcia está no centro da imagem, com uma blusa de alça listrada preta e branca. Ao seu lado direito está a filha Lara, uma criança que usa camiseta amarela. Ao lado esquerdo de Marcia está o marido Jimmy, um homem alto, careca e de olhos azuis. Ao fundo há uma vegetação

Com o marido Jimmy e a filha Lara (Foto: arquivo pessoal/reprodução)

Q+

Marcia procura levar a vida com leveza. Ama programar os fins de semana em família, passear no parque do Carmo, na zona leste, onde mora. Para ela, estar entre os que ama é o que proporciona uma rotina profissional com mais afeto e inspiração.