Da prevenção ao tratamento, o papel essencial dos médicos

Neste dia 18 de outubro, trazemos uma homenagem a estes profissionais, presentes e fundamentais em todos os serviços e equipamentos da rede municipal de saúde

Inserida nos princípios de universalização, equidade e integralidade do Sistema Único de Saúde (SUS), a rede municipal oferece serviços para toda a população por meio de mais de mil equipamentos, das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) aos hospitais, das Unidades de Pronto Atendimentos (UPAs) aos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Em todos estes equipamentos, a presença de um profissional é constante e fundamental: o médico, em todos os seus perfis e especialidades.

Prevenção, atendimento, diagnóstico, tratamento e acompanhamento de pacientes, além da gestão de serviços são algumas das atribuições dos profissionais da área médica, que somam mais de 15 mil trabalhadores na rede municipal, com muitas histórias para contar, a partir do contato com milhões de pessoas atendidas dentro do sistema público de saúde na maior cidade da América do Sul.

Veja a seguir o depoimento de um desses profissionais, a ginecologista e obstetra Virgínia Affonso Castilho Castro, que trabalha há 35 anos na rede municipal de saúde e há quatro anos está à frente do Hospital Municipal Benedicto Montenegro, como diretora técnica.

A foto mostra a médica Virgínia Affonso em frente a um painel. Ela é uma mulher de meia idade, de pele branca e cabelos curtos e grisalhos, que usa óculos. O painel, encimado por flores amarelas recortadas em plástico, mostra um fluxograma desenhado a mão, com várias caixas, setas, anotações e etiquetas em deferentes cores.

A médica Virgínia Affonso em frente ao fluxograma elaborado como parte da metodologia Lean (Acervo SMS)

Sou ginecologista e obstetra com especialização em saúde pública, e desde o início da minha carreira, há quase 40 anos, atuo nas redes públicas do município e do estado. Na rede municipal, trabalhei em plantão de Pronto Atendimento e em Unidade Básica de Saúde, sempre diretamente com os pacientes, antes de ir para a enfermaria de ginecologia do Hospital Ermelino Matarazzo, em 1990. Foi ali que assumi meu primeiro cargo de gestão, como diretora médica. Depois vim para o Hospital Municipal Dr. Benedicto Montenegro, na região Sudeste, onde há quatro anos ocupo o cargo de diretora técnica.

Temos vários desafios, aqui. O Benedicto Montenegro é um hospital pequeno, com pouco mais de 50 leitos de internação e nove de UTI. Porém tem algumas características que fazem dele um serviço diferenciado. É o único em toda a região com pronto-socorro de portas abertas, ou seja, que atende sem necessidade de encaminhamento, com atendimento em ortopedia, pediatria, clínica médica, cirurgia geral e até odontologia. Isso faz com que recebamos pessoas de várias partes da cidade. São 700 a 750 atendimentos por dia, 18 a 20 mil atendimentos por mês.

Outra característica é que dispomos de uma ala psiquiátrica com 14 leitos, onde recebemos pessoas encaminhadas por centros de atenção psicossocial (Caps), pelo Samu, pelos bombeiros, muitas resgatadas em meio a surtos psicóticos provocados por transtornos psiquiátricos ou como consequência do uso de drogas, além da demanda espontânea. Normalmente elas ficam internadas aqui por até quinze dias e depois voltam para o atendimento do Caps, ou, caso haja necessidade, são encaminhadas para outros hospitais. Somos reconhecidos por este serviço.

A previsão é de que o Benedicto Montenegro ganhe uma nova infraestrutura e novos leitos, mas enquanto isso não acontece, estamos trabalhando em melhorias dentro da nossa atual realidade. Em meados deste ano implantamos a metodologia Lean nas Emergências com o acompanhamento de uma equipe do hospital Beneficência Portuguesa, e os resultados têm sido impressionantes. A partir da análise, melhoria e integração de processos e com a adesão de todos, dos médicos à equipe de limpeza, conseguimos por exemplo reduzir pela metade o tempo de espera por atendimento no pronto-socorro e a um quinto o tempo de espera por um leito de internação. Esses resultados deixam todos nós felizes, trabalhadores do hospital e pacientes, obviamente, porque o impacto é visível.

Eu amo trabalhar no SUS, porque no sistema público eu, como médica, tenho liberdade para fazer o máximo pelos pacientes. Claro que também lidamos com dificuldades, mas uma vez que existam protocolos de atendimento, de cuidados ou de acesso a medicamentos, todos têm acesso a eles, de maneira igual, e isso é maravilhoso. Tenho orgulho de fazer parte desta rede de cuidados que atende milhões de pessoas. Isso faz com que eu permaneça ativa e sempre disposta para os próximos desafios. Ainda tenho muito o que fazer.

A foto mostra a médica Virgínia Affonso em frente a um quadro com vários papéis afixados, trazendo impressões em várias cores; na parte de cima, em letras recortadas em cor-de-rosa, lê-se "Elogios".

A diretora em frente ao painel com elogios recebidos pelo hospital (Acervo SMS)