Sífilis tem cura, mas pode causar complicações quando não tratada

Em gestantes, a infecção pode levar a desfechos desfavoráveis ao feto como aborto, morte fetal, óbito após o nascimento, além de outras complicações

No período de 2011 a 2021, foram notificados no país 1.035.942 casos de sífilis adquirida, 466.584 casos de sífilis em gestantes, 221.600 casos de sífilis congênita e 2.064 óbitos por sífilis congênita, segundo o Boletim Epidemiológico de Sífilis publicado pelo Ministério da Saúde.

Causada pela bactéria Treponema pallidum, a sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) que tem cura, mas se não for diagnosticada e tratada pode causar complicações conforme a sua evolução e manifestações clínicas.

A transmissão ocorre por meio de relação sexual desprotegida (sífilis adquirida) ou da pessoa gestante para o filho durante a gestação ou o parto (sífilis congênita). Dessa forma, é fundamental o uso da camisinha externa ou interna durante o sexo, sendo esta a única forma de evitar a infecção pelo contato sexual.

Para alertar a população sobre a importância do diagnóstico e do tratamento, o Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita, celebrado anualmente no terceiro sábado de outubro, reforça as medidas de prevenção, vigilância e controle dessa IST.

Em 2021, o município de São Paulo desenvolveu o Plano Municipal de Enfrentamento à Sífilis Congênita, que prevê ações preventivas, de atenção e tratamento para gestantes e toda a população sexualmente ativa, e tem como objetivo reduzir em 5% ao ano o Coeficiente de Incidência da sífilis congênita.

Em 2022, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) recebeu o Selo de Boas Práticas no Controle da Sífilis Congênita na categoria bronze, que certifica estados e municípios com ações efetivas para eliminação da transmissão vertical da infecção.

Cenário da sífilis no município

Em dez anos, entre 2011 e 2021, os casos de sífilis adquirida aumentaram 2,8 vezes no município de São Paulo, passando de 6.712 para 18.645 notificações, sendo que o maior crescimento foi na faixa etária entre 15 e 19 anos, com aumento de 7,13 vezes, segundo o Boletim Epidemiológico de HIV/Aids da SMS.

Já a taxa de detecção de sífilis adquirida teve alta de 30% entre 2020 e 2021, passando de 120,7 casos por 100 mil habitantes (2020) para 156,5 por 100 mil habitantes (2021). Tal aumento pode estar relacionado ao retorno da quantidade de testagens realizadas após o arrefecimento da pandemia de Covid-19.

Em 2021, a maior taxa de detecção da sífilis adquirida ocorreu em indivíduos entre 20 e 29 anos, chegando a 406 casos por 100 mil habitantes nesta faixa etária, seguido daqueles na faixa etária de 30 a 39 anos (221,3 casos) e de 15 a 19 anos (211,8 casos).

Em gestantes, foram notificados 56.789 casos de 2007 até o último dia 5 de setembro. Com relação à sífilis congênita em menores de um ano de idade, a capital registrou 13.835 casos. Os números se mantiveram estáveis em 2021 e 2022, com 957 notificações por ano, sendo os menores números desde 2014 (966). Os dados estão disponibilizados no portal da SMS (na aba Vigilância em Saúde), e são extraídos e atualizados mensalmente do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde.

Sinais e sintomas

De acordo com o Ministério da Saúde, os sinais e sintomas da sífilis variam de acordo com cada estágio da infecção. Na fase primária, ocorre o surgimento de ferida no pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca ou outros locais da pele, entre 10 e 90 dias após o contágio. Essa ferida não causa dor, coceira, ardência ou aparecimento de pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha. A ferida desaparece, independentemente de tratamento.

Na sífilis secundária, os sinais aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial (cancro duro). Podem surgir manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés. Também podem ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo corpo. As manchas desaparecem em algumas semanas, independentemente de tratamento, trazendo a falsa impressão de cura.

A terciária pode surgir entre um e 40 anos após o início da infecção e costuma apresentar lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas.

Uma pessoa pode ter sífilis e não saber, isso porque os sinais/sintomas podem aparecer e desaparecer e a doença continua em fase latente no organismo. A fase assintomática é chamada de sífilis latente, sem sintomas ou sinais, dividida em recente (até um ano de infecção) e a tardia (mais de um ano de infecção).

Tratamento

O tratamento da sífilis, realizado com acompanhamento de profissional de saúde (médico ou enfermeiro), é feito com o antibiótico Penicilina Benzatina, conhecido popularmente como Benzetacil, que pode ser encontrado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). É importante ressaltar que deve ser estendido também para os parceiros sexuais.

Em caso de gestantes, devido ao risco de transmissão ao feto, o tratamento deve ser iniciado apenas com um teste positivo, sem precisar aguardar o resultado do segundo teste. Além disso, o Ministério da Saúde atualizou a recomendação quanto ao intervalo de dias aceitável entre as doses de penicilina para o tratamento de sífilis desse público.

O recomendado é que as doses sejam aplicadas a cada sete dias, conforme o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Prevenção da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e Hepatites Virais de 2022. Caso alguma dose seja perdida ou o intervalo entre elas ultrapasse os nove dias, o tratamento deve ser reiniciado.

Como fazer a testagem na capital

Pacientes com suspeita de sífilis ou que tenham tido relações sexuais sem proteção podem procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima para passar por consulta e realizar os exames necessários.

Na cidade de São Paulo, a Secretaria Municipal da Saúde disponibiliza gratuitamente testes convencionais, testes rápidos e até autotestes para sífilis e outras ISTs, como HIV/Aids, hepatites B e C.

- Testes convencionais: os testes estão disponíveis nas 470 Unidades Básicas de Saúde (UBS) da capital, além dos 27 serviços da Rede Municipal Especializada (RME) em IST/Aids. As UBS e unidades das RME também realizam o diagnóstico e tratamento de outras ISTs.

- Testes rápidos: na unidade móvel CTA da Cidade, projeto da Coordenadoria de IST/Aids da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), é possível fazer testagem rápida gratuita para HIV, sífilis, hepatites B e C, e iniciar o uso da profilaxia pré-exposição ou pós-exposição (PrEP/PEP) ao HIV. O CTA da Cidade é itinerante, deslocando-se a regiões de maior vulnerabilidade na cidade nas sextas-feiras e sábados.

Veja os endereços dos equipamentos voltados a IST/Aids na rede municipal.

A localização das UBS e demais equipamentos de saúde pode ser consultada na plataforma Busca Saúde.

Confira a agenda dos serviços nas redes sociais da Coordenadoria de IST/Aids.