Fernanda realizou sonho de se tornar médica e trabalhar no SUS da capital

A profissional tem nanismo e as frequentes visitas de acompanhamento da saúde que fez enquanto criança despertaram a admiração pela profissão

Fernanda Teixeira Fonseca tem 27 anos de idade, é médica generalista e atua no Sistema Único de Saúde (SUS) de São Paulo há quatro anos, o mesmo período de sua formação. Ela divide suas semanas entre duas unidades da Secretaria Municipal da Saúde (SMS): o Pronto--Socorro Municipal Doutor Lauro Ribas Braga, conhecido como PS Santana, e o Hospital Municipal da Brasilândia, ambos na zona norte da cidade. Nesses locais, a médica compõe o quadro de funcionários da emergência, além de plantões na enfermaria da unidade mais periférica.

Ser médica e morar na maior cidade do país é, para Fernanda, a realização de sonhos de infância. Natural de Campo Belo, cidade mineira de 52 mil habitantes a 217 quilômetros de Belo Horizonte, ela já dizia aos pais que seria médica desde os quatro anos de idade. Isso porque precisava conviver com muitos deles. Fernanda é uma mulher com nanismo e as frequentes visitas de acompanhamento da saúde que fez enquanto criança despertaram a admiração pela profissão.

Na imagem, Fernanda, uma mulher branca com cabelos compridos e cacheados, tatuagens nos braços, usa uniforme preto. Ela está parada em um corredor de hospital, sorrindo para a  foto

A médica no Pronto-Socorro Municipal Doutor Lauro Ribas Braga, o PS Santana, na zona norte da cidade (Foto: arquivo/SMS)

Apesar dos sonhos realizados, ela não romantiza as conquistas. “Eu sei que sou um ponto fora da curva, porque os meus pais, principalmente a minha mãe, sempre lutaram para que eu mantivesse meus estudos e me formasse. Muitas das pessoas com nanismo não terminam nem o ensino fundamental ou médio e vivem em um lugar de exclusão na sociedade. Infelizmente, o mundo não é adaptado para quem é diferente e eu me deparei com isso na faculdade, convivi com professores que não estavam prontos para lidar com uma pessoa com nanismo”, comenta.

A médica conta sobre os avanços que percebe no seu dia a dia no SUS. “No PS, por exemplo, já foram feitas as adaptações para que eu possa desenvolver o meu trabalho, eles já me conhecem. As pessoas estão sempre prontas para pegar coisas das quais preciso, já sabem como é um atendimento comigo, que é diferente. Às vezes eu chego à beira do leito, e isso é bem legal, porque eles já falam: “Cadê a escadinha da doutora Fernanda? Tenho bons colegas por aqui.”

Na vida profissional, ela destaca os acertos. “O que me deixa mais feliz como médica é acertar um diagnóstico, saber que a minha conduta fez diferença na vida do paciente, e isso acontece principalmente no pronto-socorro, na emergência, porque nesse papel precisamos de agilidade para mudar o curso da doença, em pouco tempo. É disso que mais gosto, quando eu acerto o diagnóstico de cara, quando o tratamento dá certo. Isso é muito bacana!”, orgulha-se.

Q+

Fernanda adora viajar, conhecer diferentes culturas e, sobretudo, a gastronomia dos destinos que visita. Em casa, prefere as boas leituras e as saídas por São Paulo para conhecer novos restaurantes.