Com apenas 14 anos de idade, Janete Silva Hernandez, hoje auxiliar de saúde bucal do Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) II Ermelino Matarazzo, teve de deixar a cidade de Conceição do Almeida, no interior da Bahia, para trabalhar na capital paulista. Ela já veio com a responsabilidade de ajudar a mãe no sustento dos sete irmãos, depois da morte do pai.

Certo dia, no translado da periferia onde morava para o emprego no centro, ainda adolescente, viu um brasão do Sistema Único de Saúde (SUS) e disse para si mesma que um dia iria trabalhar ali.

 

A auxiliar de saúde bucal, Janete Hernandez, orgulha-se do trabalho que realiza no CEO II Ermelino Matarazzo (Foto: divulgação/SMS)

Vinte anos depois, aconteceu. “Tem dias que olho para trás e nem acredito que fiz tudo isso.” Janete, que chegou em São Paulo só com a segunda série do ensino fundamental, conta que nunca perdeu de vista o objetivo de “ter uma história para contar”. Ela voltou para a escola, terminou os ensinos fundamental e médio, fez os cursos de auxiliar e técnico de saúde bucal. Até que, aos 34 anos, conseguiu passar em um concurso da Prefeitura de São Paulo. “Fiquei muito feliz, porque é tão difícil vir da roça, sem nada, e passar em um concurso. Sou uma pessoa muito realizada, porque amo o que faço”, afirma.

A história de sucesso da servidora poderia terminar por aqui, mas a verdade é que Janete quer mais é aprender. “Quando apareceu o curso de prótese, por conta da minha idade, muita gente acreditava que eu não era capaz, mas eu consegui. Nem idade nem condição social, nada nos limita. Sempre falo para meus filhos que querer é poder. Tudo que consegui foi trabalhando e estudando e não pretendo parar só porque tenho 65 anos”, planeja.

Ser auxiliar de saúde bucal para ela é algo gratificante. “Poder devolver o sorriso de alguém ou acabar com a dor que essa pessoa sente é algo que me faz feliz. Sei que toda vez que essa pessoa se olhar no espelho vai lembrar da nossa equipe. Junto com a dentista, a gente faz a diferença na vida do paciente. Com o sorriso, também devolvemos a felicidade às pessoas.”

Para quem desejava ter uma história para contar, Janete encontrou nesses 19 anos na rede municipal de saúde a trajetória que a enche de orgulho.

Uma das felicidades da servidora é estar com a filha, Júlia, e o filho, Marcelo (Foto: divulgação/SMS)

Q+

Janete faz curso de corte e costura e, segundo ela, a professora Zeni, de 89 anos de idade, a inspira a envelhecer com qualidade. “Quando não estou trabalhando, gosto de ficar em casa ouvindo música ou mexendo nas minhas plantas. Sou uma pessoa caseira, adoro cuidar da minha casa e estar com os meus filhos.”