Exposição no Caps AD IV Redenção retrata profissionais que atuam na linha de frente com dependentes químicos

Oficineiro retratou a maioria do corpo de colaboradores do equipamento para valorizar o trabalho realizado por profissionais

Martin Luther King, Bob Marley e Nelson Mandela? Nada disso. “Toda vez que se fala em consciência negra sempre buscam essas pessoas incríveis”, comenta Sidney Santos da Silva, autor dos 16 retratos feitos a carvão que compõem a exposição “Casa de Preto”, no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas IV (Caps AD IV) Redenção. “Mas, pensando no nosso território, a maior parte dos usuários nem mesmo as conhece.”

Com a proposta de valorizar o trabalho realizado pelos profissionais negros que atuam na linha de frente com os dependentes químicos em situação de rua na região Central, Sidney, que é oficineiro no Caps AD IV Redenção, retratou a maioria do corpo de colaboradores do equipamento.

Tem médico, enfermeiro, assistente social, educador físico, professora de artesanato, os verdadeiros protagonistas no cuidado dos usuários. A exposição foi inaugurada na última terça-feira, dia 28, e segue até a próxima terça-feira, dia 5.

Sidney já comemora os resultados. “Teve muita identificação e reconhecimento ao trabalho de cada profissional”, avalia. “Eles vêm comentar o nome daquele com o qual mais possuem vínculos.”

Sidney trabalha há dois anos no equipamento, ensinando desenho e pintura. “É incrível como as artes visuais possibilitam tratar de temas tão importantes”, diz o artista, dando como exemplo a aula de perspectiva, em que elementos como a linha do horizonte e o ponto de fuga permitem a construção do que eles enxergam como perspectiva de vida.

Os temas trabalhados são sempre trazidos pelos pacientes. “Já pediram temas como solidão, sabedoria e até Mozart”, conta Sidney. “Com esse último pedido eu até brinquei que estavam ficando muito exigentes, mas a história do compositor foi fundamental para tratar de um tema complicado para os adictos, que é a completude."

Mozart gostava de concluir tudo o que começava e aos 12 anos já tinha terminado três concertos de sua autoria.” A cada aula, os resultados do trabalho valem a pena. A arte é um excelente substituto da abstinência”, completa Sidney. “E tenho descoberto grandes talentos ocultos.”

A foto mostra Sidney, um homem negro, jovem e calvo, de pé ao lado de painéis contendo seis retratos em preto e branco, de homens e mulheres negros

Sidney ao lado dos retratos dos colegas do Caps IV redenção: protagonismo

(Foto: Acervo Secretaria Especial de Comunicação)