Programa Voluntários da Saúde promove qualidade de vida para a comunidade

O voluntário pode atuar em áreas como bem-estar animal, acolhimento e inclusão; hospital municipal da zona leste conta experiências solidárias de pessoas da comunidade

No dia 5 de dezembro é celebrado o Dia Internacional do Voluntariado, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1985, com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância de ser voluntário; afinal, tal função não-remunerada contribui para melhorar a qualidade de vida da comunidade, seja pela doação de tempo, de recursos, de talentos ou pelo compartilhamento de conhecimentos em benefício do próximo.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) incentiva e apoia o voluntariado da comunidade nos territórios em que atua, por meio do programa Voluntários da Saúde. A atividade não remunerada deve ser realizada de forma espontânea por uma pessoa física que queira promover o bem-estar coletivo.

O programa, coordenado pela Divisão de Desenvolvimento de Carreiras e Qualidade de Vida no Trabalho, do Departamento de Educação em Saúde da Coordenadoria de Gestão de Pessoas (Cogep) possibilita a atuação em diversas áreas, como acolhimento e inclusão, arte e cultura, bem-estar animal, empreendedorismo, qualidade de vida e sustentabilidade, entre outras.

Primeiros registros de serviço voluntário na SMS

O voluntariado na SMS nasceu em 1965, juntamente com o Hospital Municipal do Tatuapé - Dr. Cármino Caricchio, que naquela época era um serviço ambulatorial.

Em 1975, Mathilde de Azevedo Setúbal, mais conhecida como Tide Setúbal, criou o Corpo Municipal de Voluntários (CMV), que tinha como atribuições organizar, capacitar e acompanhar os voluntários da cidade de São Paulo. Inicialmente o trabalho visava arrecadar vários tipos de doações e chegava até o cuidado direto com os pacientes.

Em 1993, o CMV foi alterado para o Centro de Apoio Social e Atendimento do Município (Casa), que foi extinto em 2001, quando a atribuição do voluntariado passou a ser de cada secretaria. No mesmo ano, o Decreto Municipal 40.837 instituiu o serviço voluntário no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) do Município. O “Sistema de Voluntários” (Sisvol) é responsável por cadastrar e monitorar o programa, auxiliando no planejamento das ações do Programa Voluntários da Saúde, além de integrar a atividade das diversas unidades.

Olhar humanizado e solidário

O Hospital Municipal Tide Setúbal, que homenageia a criadora do CMV, está localizado em São Miguel Paulista, zona leste da capital e, a exemplo de outros hospitais da rede municipal, conta com um corpo de voluntários.

Atualmente são 32 voluntários da saúde, que atuam ao menos uma vez na semana na unidade. Entre as atividades desenvolvidas por eles estão visitas solidárias, apresentação musical, contador de histórias, músicas com violão, capelania e visitas de palhaços, que são realizadas em diversas áreas do hospital como clínica médica e cirúrgica, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), maternidade, pediatria e pronto-socorro.

A enfermeira Helena de Fatima da Luz é responsável pela captação e organização de novos voluntários na unidade. Ela conta que fica entusiasmada quando novas pessoas demonstram interesse no voluntariado. "Procuro conversar e entender como aquela pessoa gostaria de contribuir para o bem-estar dos pacientes do hospital e então cuido para organizar como será a dinâmica e a agenda”, relata.

Em fevereiro de 2020, a técnica em patologia clínica Nivea da Cunha Oliveira se tornou voluntária do hospital para cuidar das doações que eram recebidas na época da pandemia de Covid-19. Hoje cumpre diversas tarefas além da arrecadação de doações para pacientes e funcionários, como decoração do hospital em épocas festivas, auxílio para pacientes que recebem alta mas não têm como ir embora ou não têm o que comer em casa, entre muitas outras funções.

Para Nivia, todos os dias são repletos de novas experiências e histórias que necessitam de um olhar humanizado. “Ser voluntária para mim vai muito além de ajudar a população. Por isso, faço de tudo um pouco, me coloco à disposição do hospital como um todo. Se eu contribuo de alguma forma para alegria de um paciente, eu sinto que tenho a obrigação de fazer o mesmo pelos profissionais", conta.

Já a professora de química aposentada, Márcia Regina Silva, é voluntária há mais de 10 anos e sabe bem como é precisar de uma palavra amiga e um gesto de solidariedade. No final de 1999, sua mãe teve câncer metastático e ela acompanhou todo o tratamento, que levou anos. Enquanto estavam no hospital, por diversas vezes, receberem a visita da capelania hospitalar, que consiste em levar apoio espiritual aos pacientes hospitalizados e familiares. A experiência foi tão preciosa para ela, que como forma de agradecimento por tudo o que recebeu, decidiu fazer o mesmo para levar conforto e esperança aos que estão hospitalizados.

"Para mim o trabalho voluntário é ouvir com atenção, cantar uma música, ler um texto que anima, conversar, doar itens de higiene ou qualquer outro material que faça com que sua estadia naquele local seja menos dolorida. Ser voluntária é fazer a diferença num mundo que precisa de paz e empatia. Todos os dias quando saio de lá, carrego lições sobre respeito, dignidade e cidadania", afirma.

Como ser um voluntário

Para se voluntariar, o candidato deve escolher em que área de atuação e unidade da rede municipal de saúde tem interesse em realizar a ação, entrar em contato com os interlocutores responsáveis e apresentar a atividade que gostaria de desenvolver. Além disso, a pessoa precisa ser maior de 18 anos, ter conhecimento, habilidade e comprometimento para desempenhar as atividades que se propôs a realizar.

Também é necessário informar se a atividade está vinculada a um projeto ou organização não governamental (ONG) e, nesses casos, informar os dados do responsável pela ação que será desenvolvida. Os dias e horários de atuação não devem ultrapassar quatro horas diárias e doze horas semanais.

Acesse o formulário de inscrição e contato dos responsáveis em cada coordenadoria na página da Cogep.