Higiene bucal: muito além do sorriso

Cuidados diários com dentes, gengiva e língua evitam desequilíbrio bacteriano que pode provocar inflamações e doenças que não se restringem à boca

Estima-se que o corpo humano seja formado por 30 trilhões de células, e que possua 39 trilhões de bactérias, que nos acompanham desde o nascimento e habitam quase todos os órgãos e fendas do corpo humano, como intestino (que concentra a maior parte deste número), pele, pulmões, além de fluídos, olhos, couro cabeludo e boca.

Somente na boca, que é a maior cavidade do corpo humano, vivem cerca de 50 bilhões de bactérias, de 600 tipos diferentes, nos dentes, gengivas, língua, palato e também na saliva.

Embora sejam frequentemente relacionadas a doenças, muitas bactérias desempenham um importante papel no equilíbrio das funções biológicas. A diferença entre saúde e doença está no equilíbrio desta microbiota, o que é decorrência principalmente de bons hábitos ao longo da vida.

No caso da boca, que é a porta de entrada para o trato gastrointestinal e o resto do corpo, a existência de comunidades bacterianas anormais não provoca apenas problemas locais, mas também pode desencadear uma série de doenças em órgãos como fígado e rins, além de cânceres, doenças cardíacas e hipertensão.

Mudanças no pH (acidez ou alcalinidade), na temperatura e oxigênio na boca podem provocar um crescimento anormal de grupos de bactérias que normalmente seriam inofensivas mas que, em desequilíbrio, causam doenças e inflamações que podem invadir a corrente sanguínea.

Descuido com dentes e boca leva a doenças

A melhor forma de manter a boca saudável, ou seja, com equilíbrio das colônias de bactérias que habitam esta parte do corpo, é cuidar da higiene bucal, que consiste no cuidado com os dentes, as gengivas e a língua, essencialmente com o objetivo de eliminar os resíduos alimentares que são um gatilho para a proliferação de diversos tipos de bactérias. Cuidar da higiene oral, portanto, é muito mais que cultivar um belo sorriso.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde bucal compreende um estado em que a pessoa está livre de dores, desconfortos e alterações na boca e na face, sem distúrbios que afetem sua qualidade de vida ou o impeçam de comer, sorrir, falar e estar confortável.

A má higiene bucal pode provocar cáries, que são deteriorações dos dentes, advindas do acúmulo de açúcares e restos alimentares, além de: mau hálito, devido à formação de placa bacteriana; gengivite, inflamação da gengiva; aftas, manchas brancas ou avermelhadas que ardem durante escovação ou consumo de alimentos; endocardite bacteriana, inflamação das estruturas do coração originada na cavidade oral; e câncer de boca, diagnosticado em estágio avançado devido a sinais que surgem nas mucosas bucais, entre outras complicações.

Entre os sintomas de que algo não vai bem na boca estão feridas que não se cicatrizam, caroços, inchaços, áreas de dormência, sangramentos sem causa conhecida, dor na garganta que não melhora e manchas esbranquiçadas ou avermelhadas na parte interna da boca ou lábios.

Dicas de cuidados e prevenção

- Escove os dentes com cuidado após cada refeição, de forma a remover a placa bacteriana que é a principal causadora dos problemas bucais. Tome cuidado para não escovar os dentes de forma excessivamente vigorosa ou com creme dental muito abrasivo.
- Use fio dental para retirar restos de alimentos que ficaram entre os dentes.
- Escove também a língua, seja com a própria escova ou com o uso de raspadores.
- Use enxaguantes bucais apenas com orientação do dentista, pois seu uso excessivo pode comprometer o equilíbrio bacteriano.
- Tenha uma dieta equilibrada, rica em frutas e vegetais e reduza o consumo de alimentos ricos em carboidratos e açúcar, que podem levar ao aumento da cárie.
- Controlar o estresse, descansar de forma adequada e praticar atividade física também ajudam a manter o equilíbrio da microbiota.
- Nos bebês, a higiene bucal deve ser feita mesmo antes do nascimento dos primeiros dentes, friccionando cuidadosamente sua gengiva com uma gaze embebida em água filtrada.
- Consulte o dentista ao menos uma vez por ano para avaliar sua saúde bucal.

Mais de 90% das UBSs possuem equipes de saúde bucal

Das 470 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da capital, 427 (90,85%) contam com equipes de saúde bucal (eSB).
Essas equipes, coordenadas por meio da Assessoria Técnica de Saúde Bucal, são responsáveis por assistir à população com cuidados como restaurações, exodontias, profilaxias e procedimentos para a confecção de próteses totais ou parciais removíveis.

Para iniciar o tratamento odontológico na rede pública, o paciente deve buscar a UBS mais próxima de sua residência e passar pela triagem de risco odontológico, que verifica a presença de cárie, problemas periodontais, má oclusão e alterações em tecidos moles. A orientação às UBSs é para que as triagens ocorram em até 10 dias. Os tratamentos são concluídos, em média, em 40 dias.

Além disso, 415 das equipes de saúde bucal dispõem de profissionais aptos a colocar próteses. Somente de janeiro a agosto de 2023, as UBSs colocaram 46.047 próteses parciais removíveis e totais. Em 2022, foram fornecidas 46.976 próteses pelas UBSs.

A rede de saúde bucal de São Paulo conta também com um Centro de Cuidados Odontológicos (CCO) e 31 Centros Especializados em Odontologia (CEOs) espalhados pela cidade, que atendem as demandas referenciadas pelas UBSs. Os CEOs são responsáveis, inclusive, por encaminhar pacientes para a atenção terciária em diferentes casos, por exemplo, em caso de câncer bucal.

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