É uma sexta-feira à tarde e Elia Machaca Pachuri, 31, está na Unidade Básica de Saúde (UBS) Vila Espanhola, zona norte da capital, para participar do projeto Bebê Feliz. Segurando nos braços a pequena Liz Emily, de 1 ano, ela ouve atentamente as dicas transmitidas por duas técnicas em saúde bucal, juntamente com outras mulheres. Depois, as crianças são levadas ao consultório dentário da UBS para uma avaliação odontológica.

Voltado a bebês e crianças de até 5 anos, o projeto, criado em 2012, promove encontros mensais nos quais mães e pais presentes podem tirar suas dúvidas sobre amamentação, primeira dentição, uso de mamadeiras e chupetas, a importância de realizar a higiene bucal antes e depois do nascimento dos dentes, entre outros tópicos.

“Eu não sabia que precisamos fazer a higienização da boca do bebê várias vezes ao dia”, comenta Elia, que faz parte da comunidade boliviana na região e deixa a filha na creche para ir trabalhar. A exemplo de outras mães que participam do encontro, ela fez o pré-natal na UBS e soube da existência do projeto Bebê Feliz antes mesmo do nascimento de Liz.

Biana Fialho, 38, mãe de Pedro, de 1 ano e 3 meses, também fez o pré-natal na UBS e aderiu ao acompanhamento em saúde bucal logo após o nascimento do filho; hoje, conta, ele já se acostumou ao ritual de escovação de dentes, realizado junto com a mãe. Durante o puerpério de Biana, a equipe da UBS já havia desempenhado um papel fundamental para que ela conseguisse amamentar, orientando-a e ensinando-lhe massagens nos seios para liberar o leite.

A técnica em saúde bucal Débora Rocha dos Santos faz demonstração de escovação para as mães (Acervo SMS)

As técnicas em saúde bucal Patrícia Aparecida Gonçalves Vieira e Débora Rocha dos Santos, responsáveis pelas orientações durante os encontros do Bebê Feliz, contam que a adesão ao projeto é boa, e que a partir da roda de conversa e da primeira avaliação odontológica, são agendados o tratamento, caso a criança tenha necessidade, além de retornos a cada seis meses para manter o acompanhamento.

A cirurgiã dentista Telma Koga, uma das responsáveis pelo atendimento no consultório dentário, conta que apesar de toda informação e acompanhamento, ainda restam desafios, especialmente em relação à higienização da boca do bebê e à escovação, que deve ser supervisionada pelos pais até pelo menos os quatro anos de idade. “Quando esse cuidado não existe, o resultado, muitas vezes, é que encontramos cáries nos dentes de leite de crianças de dois, três anos”, diz.

Depois das orientações, as crianças passam por avaliação odontológica (Acervo SMS)

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Mais de 90% das UBSs possuem equipes de saúde bucal
As equipes de saúde bucal estão em 428 das 470 Unidades Básicas UBSs da capital. Coordenadas por meio da Assessoria Técnica de Saúde Bucal, elas são responsáveis por assistir à população com cuidados como restaurações, exodontias, profilaxias e procedimentos para a confecção de próteses totais ou parciais removíveis.

Para iniciar o tratamento odontológico na rede pública, o paciente deve buscar a UBS mais próxima de sua residência e passar pela triagem de risco odontológico, que verifica a presença de cárie, problemas periodontais, má oclusão e alterações em tecidos moles. Além disso, 415 das equipes de saúde bucal dispõem de profissionais aptos a atender o paciente em prótese.

A rede de saúde bucal de São Paulo conta também com um Centro de Cuidados Odontológicos (CCO) e 31 Centros Especializados em Odontologia (CEOs) espalhados pela cidade, que atendem as demandas referenciadas pelas UBSs. Os CEOs são responsáveis, inclusive, por encaminhar pacientes para a atenção terciária em diferentes casos, como por exemplo, em caso de câncer bucal.

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