O nutricionista Lúcio auxilia pacientes da rede pública a terem relação saudável com a alimentação

Desde que ingressou na rede municipal, em 2009, o profissional viu a oportunidade de ajudar as pessoas com transtornos alimentares e distúrbios de imagem

Foi ao frequentar a feira com a avó na infância que o nutricionista Lúcio Freitas começou a conhecer e gostar dos alimentos. O passeio pelas barracas de frutas, verduras e legumes apresentava novas texturas e sabores. Incentivado por ela e pela mãe, ele aprendeu a cozinhar desde novo. “Minha avó sempre falava: ‘você tem que saber cozinhar. Você não vai depender de ninguém se souber fazer a sua própria comida’.”

Quando cresceu apenas cozinhar não foi suficiente para a sua curiosidade, ele quis aprender mais sobre os alimentos que estava manipulando e decidiu cursar nutrição. Aos poucos, o antigo aprendiz das técnicas culinárias começou a espalhar o conhecimento da profissão para a família. “É interessante perceber essa mudança, como eles veem em mim essa referência. Minha mãe me liga para perguntar se é verdade o que ela leu sobre um determinado alimento, de que forma pode substituí-lo”, conta.

Na imagem Lúcio está olhando para a foto. Ele usa um jaleco branco e óculos retangular preto. Ao fundo há natureza.

Na UBS Vila Romana, onde ele atende os pacientes e promove ações para melhorar a relação deles com os alimentos (Foto: Divulgação SMS)

Desde que ingressou no atendimento da rede municipal, em 2009, Lúcio viu a oportunidade de auxiliar as pessoas com transtornos alimentares e distúrbios de imagem. Há três anos na Unidade Básica de Saúde (UBS) Vila Romana, ele é responsável por mediar rodas terapêuticas que têm o objetivo de fazer o paciente reestabelecer uma relação saudável com o próprio corpo e com a alimentação. “As pessoas estão consumindo conteúdos com imagens de corpos que talvez não sejam reais. Isso afeta diretamente a construção da sua autoimagem e de uma relação saudável com a alimentação.”

Ele destaca o trabalho multidisciplinar da equipe no sucesso do acompanhamento e tratamento do paciente com transtornos alimentares. “É muito importante que a gente consiga olhar para a saúde dessas pessoas de uma maneira mais integral, explorando toda potência da rede de saúde no cuidado à pessoa com transtorno alimentar, incluindo a identificação de outras questões de saúde que podem surgir.”

Na imagem há diversas pessoas, entre munícipes e profissionais da saúde, em pé em um círculo. Todos estão com um dos braços levantados.

Á frente do grupo de dança circular com pacientes, em 2013, na UBS Antônio Estevão de Carvalho (Foto: Arquivo Pessoal)

Em 2023, de janeiro a novembro, foram realizados 977 atendimentos e procedimentos de investigação diagnóstica de transtorno alimentar e distorção de imagem nas UBSs, Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e demais equipamentos da Rede de Atenção Psicossocial (Raps). Entre os transtornos mais prevalentes estão anorexia, bulimia nervosa e o transtorno de compulsão alimentar. Em dezembro último, a Área Técnica de Saúde Mental da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) divulgou um estudo sobre o assunto que tem sido cada vez mais relevante na saúde pública.

Q+

Lúcio é apaixonado por leitura, filmes e séries. Atualmente assiste aos episódios da série “This is Us”. Já a leitura, ele acredita que amplie horizontes, pois o aprendizado de filosofia, por exemplo, proporciona um olhar mais crítico sobre as coisas.