Fernando alcançou um propósito no trabalho em missão da prefeitura ao RS

Profissional foi convocado para ir ao estado do sul montar um hospital de campanha e atender animais resgatados na enchente

Fernando Yutaka Moniwa Hosomi, 41 anos, é médico veterinário e nunca imaginou que em 2024 passaria por um desafio tão grande na profissão. O profissional da Divisão de Vigilância em Zoonoses (DVZ) está entre os integrantes da missão da Prefeitura de São Paulo ao Rio Grande do Sul (RS), que partiu no sábado (10) em um comboio para Porto Alegre e Canoas, cidade a 18 km da capital gaúcha. Na DVZ, ele coordena a área de administração e serviços. Uma de suas atribuições é a manutenção predial, pela qual é desafiado a ser criativo e inovador. Esse atributo fez de Fernando um dos escolhidos para estrategicamente estar na equipe da Coordenadoria de Saúde e Proteção ao Animal Doméstico (Cosap), convocada para ir ao estado do sul montar um hospital de campanha e atender animais resgatados na enchente. “Aqui em um depósito de inservíveis, conseguimos encontrar materiais que, adaptados, foram usados para construir toda a estrutura de atendimento”, conta.

A estrutura inicial era de duas tendas, que normalmente são levadas a eventos. Lá em Canoas, não havia previsão de eletricidade e instalação hidráulica. O primeiro desafio da equipe foi construir essas redes no local, que se transformou em um hospital veterinário capaz de fazer 100 consultas por dia e até cirurgias. “Meu objetivo é sempre deixar tudo melhor do que antes.”

Na imagem, Fernando usa boné, óculos e colete refletivo. Ele está numa tenda martelando um prego numa estrutura de madeira

Médico veterinário em serviço humanitário no Rio Grande do Sul, auxiliando na montagem de uma estrutura (Foto: arquivo pessoal/SMS)

Natural de Bauru, no interior paulista, Fernando cresceu em uma família muito grande e conviveu com animais desde sempre, o que o levou a escolher a profissão. Apaixonado por ciências, entre medicina, biologia e veterinária, optou pela última porque acreditava ser uma vocação. “Gosto muito de cães e sempre quis trabalhar com eles. No exercício da medicina, o apreço pela ciência se reflete, me defino antes de veterinário, um cientista.”

Depois do mestrado na Universidade de São Paulo (USP), em 2007, veio a experiência no serviço público, até por influência da família de servidores. Ele já quis trabalhar na polícia como veterinário, é perito em patologia, e diz que investigação é mais uma de suas paixões relacionadas à ciência. Quando recebeu o convite para a missão da prefeitura, Fernando logo aceitou e com total apoio da família, sobretudo o incentivo da esposa Mirela. “Não existe nada que nos prepare para isso. Mesmo assim, me sinto grato por poder exercer todo o aprendizado de uma vida em favor da comunidade”, afirma.

O mais difícil, segundo o veterinário, é quando bate a saudade de casa. No contato diário por chamadas em vídeo com os filhos e a esposa, Fernando aquece o coração. A cada vitória da equipe lá, como foi o parto realizado com sucesso em uma cadela no hospital de campanha, ele celebra a oportunidade de exercer o propósito na profissão. “Precisamos sempre olhar uns pelos outros. Uma comunidade muito guerreira está passando por uma necessidade grande. A união nesses momentos é o que faz crescer as nossas relações.”

Q+

Nos momentos de lazer, o veterinário gosta muito de acampar com os filhos. Segundo ele, a intenção é prepará-los para situações inusitadas, além de ensinar a valorizar pequenas coisas cotidianas, como “ter água saindo de uma torneira, o conforto de uma cama aquecida.” “O ser humano tem que se adaptar à natureza, e não o contrário. Essa convivência nos remete ao quão pequeno somos em um mundo natural tão imenso, nos mostrando que temos de ser gratos por tudo”, ensina.