Saúde da capital acelera tratamento especializado em glaucoma

A ampliação dos serviços especializados e a oferta total de 20 mil consultas mensais são destacadas pela SMS neste dia

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), celebra o fim da demanda reprimida para a avaliação de glaucoma no município, graças à estratégia desenvolvida pela gestão, que desde 2021 implementou a Linha de Cuidado do Glaucoma na rede municipal. O objetivo é oferecer estrutura adequada para a realização do diagnóstico precoce e do tratamento especializado aos pacientes. 
 
A partir da ampliação da oferta de serviços, a realidade começou a mudar: em 2023, o setor comemorou o controle da espera para a primeira avaliação nos serviços habilitados. O resultado é que atualmente não existe demanda reprimida para esta avaliação, graças à oferta total de 20 mil consultas/mês para toda a Linha de Cuidado do Glaucoma, sendo sete mil para diagnóstico e 13 mil para acompanhamento da doença.
 
A coordenadora geral da área de Regulação da SMS, Marcela Passerini, explica que em 2020, cerca de 20 mil pacientes aguardavam pela primeira avaliação para diagnóstico de glaucoma na rede municipal. Na época, o município contava com duas instituições parceiras habilitadas para este serviço, com uma oferta total de 2.840 consultas/mês, sendo 340 para a primeira avaliação e 2.500 para consultas de acompanhamento pós-diagnóstico.
 
Para mudar essa realidade, a SMS, por meio da Coordenadoria de Regulação, elaborou um plano estratégico de ação, a fim de reduzir o impacto negativo da doença na população. “Entre as principais medidas estiveram o investimento na ampliação dos serviços oftalmológicos especializados e a qualificação da gestão de vagas, priorizando o primeiro atendimento para diagnóstico de glaucoma baseado nos critérios de gravidade de risco para a doença. Isso agilizou o diagnóstico, o acompanhamento e o tratamento, colaborando, portanto, para melhorar o prognóstico visual dos pacientes”, relata a coordenadora.
 
Linha de Cuidado
No município de São Paulo, a Linha de Cuidado do Glaucoma tem início na atenção básica, nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), de onde os pacientes são encaminhados para os serviços de oftalmologia básica na rede. Destes serviços, como Hospitais Dia (HDs), AMAs Especialidades, Ambulatórios de Especialidades (AMEs), os pacientes identificados pelo oftalmologista geral como “suspeitos para a doença” são encaminhados para quatro prestadores de serviços habilitados pela SMS para o tratamento do glaucoma.
 
“O oftalmologista geral tem um papel fundamental nesta linha de cuidado, pois identifica os sinais clínicos sugestivos da doença, os fatores de risco e encaminha o paciente para os serviços oftalmológicos habilitados para tratamento do glaucoma”, afirma a Dra. Patrícia Miyasato, oftalmologista da Central Cirúrgica de Procedimentos Eletivos.
 
Segundo ela, a regulação do município recebe, diariamente, cerca de 500 solicitações para essa linha de cuidado, sendo 100 para avaliação especializada e diagnóstico em glaucoma, geradas pelos oftalmologistas gerais da rede municipal, e 400 para manter o acompanhamento dos pacientes portadores da doença nos serviços habilitados.           
                                              
Cirurgias
O paciente Waldir Costa de Jesus, 41, gerente de loja, realizou em fevereiro a cirurgia do glaucoma do olho esquerdo. “Não conseguia mais enxergar, a visão ficava totalmente embaçada. Parei de dirigir e já não conseguia mais ler”, conta. Foi na UBS Vila Natal, no Grajaú, que ele recebeu o primeiro encaminhamento para obter atendimento oftalmológico especializado. Este foi realizado no Hospital Municipal Santo Amaro, que diagnosticou o glaucoma.
 
Detectada a doença, Waldir iniciou o tratamento com o colírio, mas não obteve melhora, o que levou à indicação cirúrgica. O paciente foi encaminhado para o Instituto Suel Abujamra, prestador de serviço, contratado pela saúde municipal para realizar a cirurgia. Ele voltou a enxergar e retornou as suas atividades, normalmente. Agora, Waldir se prepara para fazer uma nova cirurgia, desta vez no olho direito.  
 
Já, Nadiel Florentino da Silva, de 46 anos, que trabalha em uma confeitaria, realizou a cirurgia no olho direito em abril deste ano. Foi na UBS Jardim Maia, no Itaim Paulista, que foi detectada a hipótese diagnóstica de glaucoma e todo o processo teve início para a realização da cirurgia. Ele relata que teve uma boa recuperação e o suporte necessário da equipe de saúde.
 
Sobre a doença
O glaucoma é uma doença de causa multifatorial caracterizada pela lesão progressiva do nervo óptico com perda do campo visual correspondente. 
 
Na maior parte dos casos, a doença é assintomática e progride lentamente. Ou seja, os olhos não ficam vermelhos, não ardem, coçam ou lacrimejam. O paciente começa a perceber sintomas de dificuldade visual só no estágio mais avançado da doença e, o que ele perdeu de visão, já não pode mais ser recuperado. Por isso é importante ter o diagnóstico precocemente.
 
O principal fator de risco envolvido é o aumento da pressão intraocular (PIO); no entanto, também existem outros fatores relevantes como a idade acima de 40 anos, história familiar, etnia (pessoas negras e de origem asiática estão mais propensas a ter glaucoma), aumento da escavação do nervo óptico, erros refrativos (como miopia e hipermetropia), doenças sistêmicas associadas e uso de medicações como corticoides. 
  
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) estima a prevalência do glaucoma em 2% a 3% da população brasileira acima de 40 anos.
 
Tratamento
O tratamento para o glaucoma tem o objetivo de manter a visão do paciente e consiste desde o uso de colírios até a realização de laser e cirurgia. Como a doença não tem cura, o tratamento é contínuo e exige acompanhamento oftalmológico adequado.